EDUCAÇÃO

Treineiros de Manaus falam sobre expectativa e preparação para o Enem

Jovens menores de 18 anos e que não cursam o 3º ano do Ensino Médio farão o exame para conhecer as características das provas e se autoavaliar

Priscila Rosas
10/08/2018 às 10:00.
Atualizado em 22/03/2022 às 19:36

(Foto: Junio Matos)

Nem só quem está buscando de imediato uma vaga no Ensino Superior pode fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por ser uma avaliação que exige esforço (são dois dias de provas), muitos alunos dos primeiros anos do Ensino Médio e até do Ensino Fundamental aproveitam para fazer a prova como treino para as próximas edições, quando eles estarão aptos a concorrer a uma vaga na universidade.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do exame, considera o participante menor de 18 anos que não está no 3º ano do ensino médio como “treineiro”. É o caso de Maria Eduarda Cavalcante, de 16 anos, aluna do 2º ano do Ensino Médio. “Desde cedo fui orientada pela escola a me preparar o quanto antes para os processos seletivos. É a primeira vez que vou fazer o Enem como treineira e vejo isso como uma ótima oportunidade para me autoavaliar e ter uma ideia melhor dos vestibulares de maior proporção”, disse.

Fazer a prova sem a responsabilidade de passar, apenas como treinamento,  tem suas vantagens. Para Maria, por exemplo, é uma oportunidade para se organizar melhor e não ser “pega de surpresa” no ano que vem, quando realmente fará o exame para valer, por já estar familiarizada com as características da prova.  Em adição, treinará a resistência.

“Eu acredito que seja uma prova cansativa, principalmente nas disciplinas de matemática e redação, que ganham grande peso na pontuação geral. Além disso, espero questões não tão distantes do que já foi trabalhado em sala de aula até aqui, de possível resolução, mesmo sem ter passado ainda pelo terceiro ano”, disse ela.

Os treineiros podem ou não estudar para o Enem. No caso de Maria Eduarda o estudo é direcionado para os processos seletivos seriados do Estado. “Todos os dias, fora a escola, são mais três horas de curso e, em média, mais três horas de estudo em casa”, explicou.

Um estudo com qualidade faz o aluno render mais e é essencial para absorver conteúdo, o que pode ajudar nas provas futuras. “A menor parte do meu estudo acontece em casa, e ainda assim é a melhor, em minha opinião. É muito bom ter um lugar específico em casa, sem distrações ou perda de tempo, para me organizar em relação aos estudos, pois dessa forma, me sinto mais motivada a estudar e me concentro mais facilmente”, comentou.

Na atual fórmula do Enem são dois dias de avaliação, quatro provas com 45 questões e uma redação de no máximo 30 linhas em formato de texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema. Em outras palavras, o aluno faz 90 questões (e dependendo do dia, a redação) em cinco horas de prova.  É preciso uma preparação e disciplina para aguentar o ritmo da prova. A edição de 2018 já conta com 6,7 milhões de inscritos. Somente no Amazonas são 123,8 mil inscritos no exame, que será aplicado nos dias 4 e 11 de novembro.

'Quero entender o nível das questões'

Tem gente mais nova nessa categoria também. É o caso do João Victor Neves, de 14 anos, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental. Ele também irá fazer o Exame Nacional do Ensino (Enem) neste ano para obter experiência, não somente por causa do estilo de prova, da quantidade de horas dentro de sala, mas também para entender o nível das questões.

João Victor disse que pretende fazer todas as edições até chegar ao “terceirão” do Ensino Médio, no ano de 2021. “Eu espero me acostumar com a prova e melhorar cada  vez mais. Assim vou ter essa ‘pegada’ de prova nos próximos anos”, disse o adolescente.

O estudante contou que decidiu sozinho começar a fazer essas provas. Na escola onde estuda, João Victor não tem um conteúdo direcionado especificamente para o Exame Nacional porque está focado com as disciplinas da 9ª série, mas, quando pode, estuda em casa, lendo e resolvendo questões questões. Ele também procura se informar sobre as temáticas da atualidade, sempre cobradas nas redações. “Sempre tento saber um pouco mais de tudo, por exemplo, fico acompanhando jornais”, disse.

'É treino, mas é preciso levar a sério'

A especialista em Processos Seletivos Ludmylla Rondon aconselha aos estudantes fazer a prova desde o 1º ano do Ensino Médio. Assim, o candidato avalia seus pontos fracos e fortes para assim melhorar.

Ao treinar eles entendem o formato da prova, ambientam o conteúdo, e relacionam os quesitos tempo, cansaço e resistência. Outro ponto importante é que eles podem se autoavaliar também na produção textual, ressalta Ludmylla, que é diretora de Ensino das Escolas Idaam. “É importante fazer levando a sério, buscando a resistência do maior tempo possível que ele permaneça na sala, se dedicando à prova”, ressalta.

De acordo com ela, não é necessário ter uma preparação muito antecipada para a prova-treino. O ideal é o aluno levar consigo o conhecimento adquirido durante o ano escolar. Levando a sério a prova e se dedicando a cada questão e à redação, o resultado final da prova será fidedigno à capacidade do aluno e, assim, o candidato terá chance de crescimento. “É uma dica que eu dou para todos os pré-vestibulandos: que façam o Enem como treineiros”, orienta.

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