Medida beneficia estudantes que recebem Auxílios Acadêmico, Moradia e Residência Universitária, aos quais será dada a gratuidade de acesso ao restaurante universitário
(Foto: Divulgação/UFAM)
Reitor e diretora do Departamento de Assistência Estudantil (Daest) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) reuniram com os representantes dos centros acadêmicos para apresentar a nova Política de Segurança Alimentar da Ufam, a qual garante a gratuidade de acesso aos restaurantes universitários (RUs) a estudantes da graduação presencial beneficiados com os Auxílios Acadêmico, Moradia e Residência Universitária e a adequação do valor cobrado a pagantes. Mais de 2 mil estudantes deixarão de pagar para utilizar o RU em todos os campi da Universidade.
Na manhã de quinta-feira (29), o reitor Sylvio Puga, acompanhado da diretora do Daest, professora Karime Bentes, e da coordenadora dos Restaurantes Universitários, Klélia Santos, anunciou as novas medidas aos representantes do corpo discente da Instituição. Participaram do encontro presidentes e vice-presidentes de oito centros acadêmicos dos cursos de graduação. De acordo com o gestor, a gratuidade é oferecida para colaborar ainda mais com a permanência dos universitários em situação de vulnerabilidade da Ufam, conforme estabelecido no Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que financia as refeições subsidiadas pela Universidade.
“A Ufam oferecerá a gratuidade total de acesso ao RU aos estudantes que mais precisam dele. Fazemos isso levando em conta que o PNAES tem a finalidade de ajudar os estudantes em situação de vulnerabilidade econômica. Queremos que estes estudantes sigam estudando e concluam seus cursos”, disse o professor Sylvio Puga.
A medida será implantada a partir de outubro, no dia 17, início do período letivo. Segundo a professora Karime Bentes, os estudantes já beneficiados nos editais dos auxílios citados terão seus nomes automaticamente incluídos na lista de isentos de pagamento do valor dos tíquetes dos RUs da capital e dos campi da Ufam no interior. “Na prática, o aluno irá no caixa do RU, pedirá um tíquete para aquela refeição e a pessoa do caixa irá verificar o nome na lista de isentos, sendo confirmado, ele receberá o tíquete gratuitamente”, explica.
O valor das refeições será custeado pela Ufam com recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). A diretora do Daest revelou que o setor está trabalhando para ampliar o número de beneficiados nos editais de auxílios que serão publicados em 2023 para que mais estudantes em situação de vulnerabilidade econômica possam contar com os auxílios e com a isenção no RU.
A notícia deixou os representantes discentes satisfeitos. Alexandre Martins, vice-presidente do centro acadêmico de Agronomia, participou da reunião e comentou a novidade. “Dada a situação econômica atual, existem muitos discentes em situações de vulnerabilidade e que gozam dos auxílios fornecidos pelo Daest. Nesse contexto, a gratuidade na alimentação seria um complemento ao amparo a esses alunos, o que iria de fato ajudar a permanência dos mesmos”, avaliou.
Segundo o representante de Agronomia, em torno de 50 a 60 alunos do curso recebem um dos três auxílios do Daest, os quais passarão a usufruir da gratuidade no RU. “A questão é que a quantidade de assistidos é pequena e, com a pandemia e a crise brasileira, esse número de estudantes em vulnerabilidade só cresceu. Para você ter uma ideia, acima dos que são assistidos, são mais ou menos cem alunos. Então, realmente, é preciso aumentar o número de assistidos pelos auxílios”, contou Alexandre.
A vice-presidente do centro acadêmico de Relações Públicas, Valéria Saturnino, aprovou a iniciativa. “Eu achei uma ótima oportunidade. Eu sei como é estar em uma vulnerabilidade tão grande que não tem nem o que comer em casa. Então, esse novo auxílio é muito bom. Antes de entrar na Ufam, tive uma fase da minha vida que sobrevivia com apenas R$300,00. Quando entrei na Ufam, pensei: ainda bem que agora estou mais segura financeiramente falando, pois agora tenho mais comida e dinheiro para comprar passagem e realizar meu sonho. Penso que quando você tem essa segurança, que não é só financeira, você se sente mais tranquilo e menos sobrecarregado”, relatou. “Não é fácil chegar na universidade, mais difícil ainda é permanecer nela. Esse auxílio sem dúvidas vai ser visto como uma luz e gratidão enorme por aqueles que serão beneficiados”, disse.
O outro ponto da pauta da reunião foi a readequação contratual da Ufam em relação ao RU. Conforme informado pelos gestores, a Universidade foi orientada pela Proadm e pela Procuradoria Federal da Fundação Universidade do Amazonas (FUA) a se readequar às cláusulas do contrato com as prestadoras de serviço dos RUs. Por contrato, a Universidade deve pagar até 90% do valor das refeições servidas no restaurante, mas foi verificado que ela estava pagando acima disso. Isso ocorreu devido à alta dos preços dos alimentos ocorrida em todo o país, o que resultou no aumento no valor das refeições do RU, mas que não foi repassado aos estudantes, a fim de poupá-los da despesa. Mas com a orientação dada, a Universidade precisa se readequar e cumprir o estabelecido em contrato. Desta forma, o valor acima dos 90% compreende os 10% a serem cobertos pelos estudantes. "Recebemos a orientação de nos adequarmos. Os RUs de outras universidades também tiveram que fazer as mesmas adequações e nós conseguimos trazer a menor variação possível com a ideia de que nossos alunos sintam o impacto menor”, salientou a professora Karime Bentes.
Em termos práticos, a partir da segunda-feira, dia 3 de outubro, as refeições servidas no RU terão seu valor atualizado de acordo com o contrato firmado entre a Ufam e a empresa terceirizada, com os alunos pagando 10% do valor estabelecido no documento. Diante do fato, a gestão superior da Universidade procurou formas de minimizar o efeito na vida dos discentes. A saída encontrada foi aplicar a atualização dos valores apenas no café e no jantar, não atingindo o almoço, principal refeição consumida pelos estudantes. Sendo assim, os novos valores serão:
“Achei que foi uma via de necessidade a readequação contratual, pois devido à inflação que o país está passando e pelos cortes de verba que aconteceram, o Daest teve que se adequar a esses fatos, e dessa maneira, a Ufam não estava pagando mais 90% e sim um valor superior. O reajuste de valores foi pensado várias vezes, de acordo com o reitor da Universidade e a responsável pelo Daest, de maneira a afetar a comunidade acadêmica da menor forma possível”, declarou Alexandre Martins, do centro acadêmico de Agronomia.
“Eu ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Entendo a readequação, já até esperava devido à inflação que o país está passando, mas tenho um certo receio de haver um aumento futuramente e isso prejudicar os alunos, inclusive a mim”, expôs a representante do curso de Relações Públicas.
Aline Samara de Jesus é estudante do curso de licenciatura em Química e beneficiária dos Auxílios Acadêmico e Moradia. “Querendo ou não, é uma forma de economizar sim, porque sabemos que hoje em dia está difícil fazer um mercado para o mês todo com R$400,00, que é o valor do auxílio, fora aluguel, internet, transporte, etc. Então, toda ajuda é bem-vinda nesse momento. No meu caso, eu só janto no RU, e já fará diferença sim, mas penso nas pessoas que fazem cursos em período integral, que fazem todas as refeições no RU, acredito que o impacto vai ser bem maior nesses casos”, ponderou.
Fabrício Ferraz é estudante de Ciências Naturais e também recebe os Auxílios Acadêmico e Moradia.“Estou na reta final e creio que não vou fazer tanto uso do RU, mas ainda assim é excelente ter a isenção do restaurante. Já era significativo antes a taxa ser reduzida, é impossível para a gente conseguir uma refeição digna por esse valor, então ter a isenção é fantástico. Tira uma preocupação das costas dos estudantes que recebem bolsa”, ressaltou. “Pode parecer pouco se comparado ao valor "normal" do RU, mas só de não ter que ficar contando moedas é um alívio, sabe? Vai ajudar a não precisar se preocupar em separar uma parte do(s) auxílio(s) para se alimentar durante a semana. E quanto menos nos preocupamos com dinheiro, mais fácil será focar nos estudos”, completou.
Confira detalhes: