AUDIOVISUAL

Documentário sobre missões da Fiocruz na Tríplice Fronteira estreia em festival na Alemanha

Escolhido entre 1.200 produções de países como Estados Unidos, México, Colômbia e Argentina, 'Revoada' é uma das 59 produções indicadas ao Festival de Cine Latinoamericano Independiente (Mira)

Gabrielly Gentil
04/10/2022 às 11:29.
Atualizado em 04/10/2022 às 12:47

Filme mostra a rotina de pesquisadores da Fiocruz Amazônia (Foto: Divulgação)

Expedições de saúde realizadas pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), na região da Tríplice Fronteira do Amazonas durante o período crítico da pandemia da Covid-19 em 2021, foram registradas para a elaboração do documentário “Revoada”. Trata-se de uma produção amazonense assinada por Marcos Tupinambá e dirigida por Rafael Ramos, que terá estreia internacional no Festival de Cine Latinoamericano Independiente (Mira). 

O evento acontece entre os dias 20 e 23/10, na cidade de Bonn Beuel, na Alemanha. O filme vai estrear no último dia, e também será disponibilizado no streaming do festival (https://mira-filmfestival.de/project/revoada/)

Escolhido entre 1.200 produções de países como Estados Unidos, México, Colômbia e Argentina, sendo uma das 59 produções indicadas, “Revoada” aborda a missão de uma equipe de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que viaja à Tabatinga, na Tríplice Fronteira situada entre Brasil, Peru e Colômbia. 

A rotina desses profissionais passa então a ser documentada a partir da realidade vivida por esses pesquisadores embarcados durante semanas em um barco-laboratório, no Alto Solimões, para a realização de coletas de amostras para diagnóstico de Covid-19, teste de antígeno, PCR, identificação de novas cepas do vírus, vacinação e orientação a profissionais de saúde sobre a importância da vacina e as medidas profiláticas contra a doença. 

Produção

O publicitário e produtor audiovisual amazonense Marcos Tupinambá foi contratado pela diretora do ILMD, a médica sanitarista Adele Schwartz Benzaken, para registrar a viagem. Ele conta como funcionou todo o processo de produção do documentário. 

“O Rafael Ramos, que dirigiu o documentário, foi acompanhando a equipe da Fiocruz desde a saída de barco de Manaus até Tabatinga já para fazer esse registro e, principalmente, ir se entrosando com toda a equipe da Fiocruz, entendendo a função de cada um, as motivações pessoais, as histórias dessas pessoas. O resto da equipe do documentário foi posteriormente de avião para Tabatinga, já com uma apuração mais afinada do Rafael em relação a personagens e histórias”, diz ele. 

Rafael destaca que dirigir “Revoada” foi um grande desafio profissional. “Acho que o maior desafio foi encontrar equilíbrio entre apresentar o trabalho da Fiocruz, e levantar questões políticas sociais, em decorrência da crise sanitária, sem tentar demonizar alguém ou trazer respostas fáceis. O Brasil é muito complexo”, ressalta. 

Juntos, Marcos e Rafael construíram um pré-roteiro contendo informações que julgaram necessárias para constar do documentário, e também potenciais personagens que poderiam encontrar no caminho, para além de pesquisadores e profissionais da Fiocruz.

Personagem

O virologista Felipe Naveca é um dos protagonistas dessa história. Ele perdeu os avós e o pai na pandemia. E foi lendo uma matéria, pouco antes de começar as gravações, que Rafael descobriu inclusive que Naveca coordenou um importante estudo responsável por desvendar novas linhagens do coronavírus no Brasil. “Foi muito importante [ler essa matéria], porque vi potencial nele para guiar o documentário”.  

Naveca coordenou os trabalhos das equipes que atuaram durante as expedições da Fiocruz. “Fiquei bastante feliz com o documentário ter sido indicado para participar dessa mostra de cinema independente, porque ele foi feito com bastante carinho por todos nós, que fomos filmados pela equipe responsável pela produção, mostrando a face difícil que era enfrentar os desafios da pandemia frente não só aos desafios do ponto de vista científico, mas do ponto de vista humano”, diz ele.

A diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, aproveita a oportunidade para falar da importância de projetos como esse. “Acredito muito na força da palavra e da imagem. Neste sentido, tenho sempre a preocupação de registrar por meio da ferramenta audiovisual as atividades de projetos desenvolvidos na Amazônia, como forma de registro e de comunicação para o mundo, para que conheçam nossa realidade. Não poderia ser diferente com o projeto das missões ao Alto Solimões num momento tão difícil quanto o da pandemia de Covid-19. Para nós, a indicação é motivo de orgulho e satisfação, um reconhecimento ao nosso trabalho”.

Saiba+

>> Apoio
O projeto conta com o apoio do Programa Unidos Contra a Covid-19, Mapfre, AFF (Aids Healthcare Foundation), Global Public Health Institute at the Univesity of Miami, 99, ICS (Instituto Clima e Sociedade) e Fundação Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto (FVS).

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