Do total de nove escolas que fazem parte do Grupo Especial, apenas uma está desde 2007, em processo de licenciamento junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Ritmistas da escola de samba Aparecida, que é a única denunciada por poluição sonora entre as do Grupo Especial)
Das nove escolas de samba que compõem o Grupo Especial do Carnaval de Manaus, nenhuma possui licenciamento ambiental para funcionar. Do total de agremiações, somente o Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida está, desde 2007, em processo de licenciamento junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas), mas ainda não teve o pedido aprovado devido pendências de documentos. A agremiação também foi a única que, após denúncias de moradores sobre o nível de barulho gerado pelos ensaios, fez o isolamento acústico da quadra para reduzir o nível de ruído, mas, conforme a Semmas, não foi suficiente.
Segundo a Associação do Grupo Especial das Escolas de Samba de Manaus (Ageesma), das nove escolas somente cinco têm quadras próprias para ensaios. São elas: Aparecida, Vitória Régia, Reino Unido da Liberdade, Balaku Blaku e Grande Família.
Segundo a Semmas, não há registro de denúncias contra as escolas porque elas contam com a aprovação da comunidade que, na maioria dos casos, está envolvida com a agremiação. A secretaria informou, ainda, que as escolas estão localizadas em bairros onde a população participa ativamente da festa e, por isso, não faz denúncia. A única exceção fica por conta da Aparecida que, anualmente, é denunciada por poluição sonora, devida a localização da quadra em uma área de classe média.
O limite máximo de emissão de ruído pelas escolas, conforme a legislação ambiental, que regula e restringe os níveis, é de 60 decibéis. Acima desse limite, os ruídos são caracterizados como crime ambiental. Caso seja constatado níveis acima do permitido, as escolas podem ser multadas em valores que variam de R$ 4,226,04 a R$ 17.610. O valor da multa é determinado pelo nível de ruído aferido, pela Semmas, por meio de um decibelímetro. De 60 a 80 decibéis, ela varia de 50 e 250 Unidades Fiscais do Município (UFMs). Acima de 80 decibéis, a multa vai de 250 a 500 UFMs. Uma UFM correspondente a R$ 70,44.
De acordo com a Semmas, as escolas precisam ser licenciadas, principalmente, se desenvolvem atividades durante todo o ano. Apesar da preocupação com a poluição, até o momento nenhuma queixa foi registrada na secretaria contra escolas de samba, por conta de poluição sonora. Só no ano passado a Semmas registrou o total 12.909 mil denúncias sendo 7.977 de poluição sonora em estabelecimentos diversos.
A partir desta semana, as escolas intensificam os ensaios para finalizar os ajustes para o desfile no dia 18 de fevereiro.
Escolas dizem não ter como custear
Para o presidente da Grande Família, Luiz Gilberto, o isolamento não sairia por menos de R$ 20 mil, valor que as escolas não têm como custear. Ele sugere que Estado e prefeitura reúnam com as agremiações e as ajudem na busca de uma solução.
Luiz explica que a comunidade não apresenta queixas contra escola porque os ensaios são comunicados com antecedência e seguem rigorosamente o horário de início e fim (das 19h às 23h). Segundo ele, outro motivo para não haver reclamação é a geração de emprego para a comunidade nos 90 dias de preparação para o Carnaval.
“Hoje, as escolas empregam os trabalhadores com carteira assinada, pagam FGTS e dão oportunidade. Os ensaios são feito com seguranças particular e tem apoio da polícia. A lei é feita para todos; se querem fiscalizar escolas de samba fiscalizem também as casas de show”, disse. A reportagem tentou contato com os presidentes das outras quatro escolas que têm quadras, mas não obteve sucesso.