Moda

Estilista amazonense alia ancestralidade à moda

O estilista amazonense indígena Maurício Duarte contou com exclusividade o para o Jornal A Crítica toda sua trajetória e como a moda surgiu em sua vida.

Beatriz Aquino
21/08/2022 às 17:03.
Atualizado em 21/08/2022 às 17:03

Maurício Duarte abriu um ateliê em São Paulo com peças originais; Suas peças desenhadas são carregadas de ancestralidade. Atualmente, o estilista está em Paris apresentando sua marca (Foto: Divulgação)

O estilista amazonense indígena Maurício Duarte abriu um ateliê em São Paulo. Toda a sua produção é feita de forma artesanal. Desenvolvendo todo um processo de escolhas de tecidos, corte, estamparia e costura das peças, quase sempre possui ajuda de costureiros que vão até o ateliê auxiliar na produção. Neste sábado (20), Maurício se prepara para receber amigos e clientes para apresentar a marca em Paris. 

Em uma conversa exclusiva com o VIDA, para o Jornal A Crítica, Maurício contou toda sua trajetória e como a moda surgiu em sua vida.

Confira: 

Como você começou na moda? 

Comecei a pintar através de aulas de artes no ensino médio, e tive um contato lindo com a arte. Depois, comecei a comprar camisetas que eram ponta de estoque da Hering para pintar, assim a marca foi surgindo. Por meio do programa Bolsa Universidade ganhei uma bolsa de 50% e comecei a estudar moda no Ciesa. 

Daí entrei no SENAI para um curso de costura e me tornei competidor da Olimpíada do Conhecimento, ganhei a etapa Nacional representando o Amazonas, depois fui para o Mundial e ganhei uma bolsa de graduação, e mudei para São Paulo, para estudar moda na Faculdade Santa Marcelina.

Venho de uma família de artesãos, cresci vendo processos manuais, criando coisas lindas. Minha avó materna costurava e minha tia mais próxima é costureira até hoje.

Como a moda se liga com a sua ancestralidade? 

Por eu ser uma pessoa indígena, eu já carrego essa ancestralidade, vivo ela. Minhas peças carregam informações dos meus saberes e também das experiências que a vida foi me dando. Moro em São Paulo desde 2016, mas, estou fora de Manaus desde 2014, e todo esse tempo longe de casa, a forma mais linda que me fez manter conectado foi através do meu trabalho. 

Saber sobre meus traços, minha comida, a forma como trabalhamos o plantio, tudo isso é anexado ao meu trabalho. O som, os sabores, os cheiros. A roupa pode não receber todas essas informações, mas, eu como artista me conecto a elas para me aterrar.

Qual a característica fundamental na sua linha de produção?

O meu trabalho é Slow fashion, trabalho com uma produção consciente e responsável. Compro tecidos em alguns parceiros que vendem os tecidos que seriam "descartes" das grandes empresas, assim como também trabalho para que toda a cadeia que me ajuda na produção receba de forma justa.

Acredito em uma moda que carregue a bandeira do feito à mão, mas, que todos que fazem parte da produção sejam beneficiados de forma justa por ela.Entendo que meu ateliê precisa ser um lugar acolhedor para as cleintes, mas, também para todos os que também trabalham no processo.

Como surgiu a oportunidade de abrir o ateliê em São Paulo? Onde fica localizado?

Em 2019 eu inaugurei o meu primeiro ateliê, era em uma casa em Perdizes, do lado da faculdade para facilitar meu deslocamento, até porque estava finalizando meu TCC.Daí, veio a pandemia e quase me fez voltar para Manaus, só que amigos e clientes me deram força psicológica para prosseguir.

Foi quando mudei para essa casa em Pinheiros. Maior, mais estruturada e me possibilitou criar o que sempre sonhei, um espaço em que eu pudesse receber clientes, amigos, e realizar eventos. No dia 23 de julho inaugurei o novo espaço, convidei marcas autorais de amigos, convidei músicos manauaras, artistas indígenas e fizemos nossa primeira feira colaborativa na casa. Foi lindo ver que é possível sonhar junto!

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