A cantora e compositora amazonense vai herdar a cadeira nº 40, cujo patrono é o eterno Arlindo Jr.
Karine Aguiar soube do resultado da votação há duas semanas (Foto: Divulgação)
A cantora e pesquisadora amazonense Karine Aguiar é a mais nova ‘Imortal’ da Academia Amazonense de Música. A artista, radicada na Itália e nascida em Manaus, irá ocupar a cadeira nº 40, cujo patrono é o saudoso levantador de toadas Arlindo Jr. A posse junto com outros imortais recém-eleitos será realizada no dia 26 de novembro de 2022. Em entrevista ao BEM VIVER, Karine, que há mais de 10 anos trabalha divulgando o Amazonas e a Amazônia por meio de seus discos e de suas pesquisas, destaca que a indicação do nome dela se deu pelo conjunto de sua obra.
“Quem fez a propositura do meu nome foi o maestro Cláudio Abrantes, que também é músico na Amazonas Filarmônica, professor e pesquisador. Quando ele entrou em contato comigo pra me perguntar se eu concordava com a indicação, fiquei em choque. Afinal, quem imagina se tornar imortal aos 35 anos? Segundo ele, o mérito da indicação é, de fato, o conjunto da obra, isto é, de tudo o que tenho feito e da maneira como tenho levado o Amazonas para o mundo”, celebra Karine.
A artista soube do resultado da votação duas semanas atrás. “Fiquei muito feliz. E, claro, essa felicidade ficou ainda maior quando soube que iria herdar a cadeira n° 40, cujo patrono é ninguém menos que o nosso eterno ‘pássaro sonhador’, Arlindo Jr. É muito emblemático!”, diz ela. “O Arlindo Jr. é o patrono da cadeira de n° 40 porque foi o primeiro a ocupá-la. Herdei a cadeira em virtude de seu falecimento”, esclarece.
Da indicação à posse
Para chegar aos nomes dos ‘Imortais’, é necessário todo um processo. “Primeiro os Imortais fazem uma lista com suas indicações e levam esta lista a uma plenária, para apreciação dos nomes. Feito isso, estes nomes são votados e, os mais votados irão ocupar as cadeiras remanescentes”, explica Karine.
Após o Imortal ser eleito, ele irá ocupar a cadeira por toda a sua vida. Mas há exceções. “A pessoa também pode abrir mão do cargo por algum motivo pessoal ou pode perdê-lo caso não compareça a um número x de plenárias. Existe um estatuto que rege a Academia, todos devem segui-lo”, ressalta Aguiar.
Academia
A artista comenta ainda sobre o importante papel que a Academia Amazonense de Música tem para com a sociedade, uma vez que é um órgão (privado) reconhecido pelo próprio Estado. “Na Academia temos a possibilidade de reunir figuras que têm um impacto real na sociedade, que podem, com suas vozes e suas ideias, ajudar inclusive na elaboração de políticas públicas para o setor musical”, destaca Karine, que aproveita também para falar sobre os trabalhos que busca realizar enquanto estiver ocupando a cadeira nº 40.
"Irei trabalhar incansavelmente para ampliar a ideia de música para além dos referenciais eurocêntricos. Meu objetivo é ampliar a presença da Academia junto aos mestres de cultura popular do interior do Amazonas e também, dos músicos indígenas do nosso Estado, que são muitos! Muitos mesmo. Temos uma riqueza sonora muito grande que precisa ser reconhecida e valorizada. Além disso, quero também ter a possibilidade de transformar nossa Academia em mais um pólo de pesquisa musical e também de educação para as novas gerações. Nossas crianças e jovens precisam ter mais contato com a produção musical local. Precisamos trabalhar pelas bases”, ressalta.
A amazonense espera poder ser um vetor de transformações positivas para a Acadêmia e também, para a vida dos músicos do Amazonas. “É preciso pensar de maneira muito séria na dignidade de todos os profissionais que dedicam sua vida a este ofício. Quero poder compartilhar muitas ideias e, claro, poder realizar todas elas junto com meus colegas. Antes da posse, teremos um concerto com os Imortais no Teatro Amazonas que será anunciado em breve. Estou muito feliz e, claro, minha família também. Foi um presente para todos nós!”, conclui.
Projetos
Atualmente, Karine Aguiar tem se dedicado às últimas páginas da sua tese de Doutorado e às atividades online como preparadora vocal do Gen Rosso na Itália. A artista fica em Manaus até o dia da posse na Academia e, nesta temporada, já têm diversas colaborações artísticas em andamento com as mulheres indígenas que trabalham com moda e também, com as obras sociais na Fazenda da Esperança. “Estou também tomando um pouco de ‘fôlego’ antes de voltar para a Itália no final de novembro, pois irei encarar algumas transformações profundas que irão definir os rumos dos próximos cinco anos da minha carreira musical”, afirma a artista.