O artista, que completaria 80 anos na data de hoje, deixou legado marcado por influências e diversas motivações
(Fotos: Reprodução/Instagram, Reprodução/Internet e Divulgação)
Sebastião Rodrigues Maia, conhecido artisticamente como Tim Maia, completaria 80 anos de idade nesta quarta-feira (28). Autor de uma extensa discografia, o artista fez história na Música Popular Brasileira, e marcou gerações, sendo reconhecido inclusive no exterior. É também fonte de inspiração para muitos artistas, por ser considerado por estes o grande precursor do funk e da sonoridade soul music no Brasil. É o que afirma o cantor e compositor amazonense Cileno, que traz em seus trabalhos um pouco da influência de Tim Maia.
“O Tim Maia foi pra mim um dos precursores do funk e do soul no Brasil. [Ele] passou muitos anos nos Estados Unidos, e adquiriu esse conhecimento sobre esses dois ritmos. E eu tenho certeza que pela mídia que foi feita em cima dele, pelos holofotes, pelo reconhecimento, ele acabou influenciando muitos artistas dessa área né? A coisa mais do black soul”, diz ele.
Entre as obras que trazem referências da musicalidade de Tim Maia, Cileno cita algumas de suas canções. “Na minha discografia, eu tenho alguns registros que lembram muito Tim Maia. No CD ‘Reggae do Skatista’ gravei um funk chamado ‘Bela’, quem ouve pode ter certeza que vai lembrar um pouco de Tim Maia. Já no CD ‘Da pegada primitiva a pulsação urbana’ eu já trago um funk com o nome ‘Tocando bola’, também lembra muito a levada do Tim Maia. E no CD ‘Nudez’, que é um CD acústico, eu faço um soul chamado ‘Flores e canções’, que também foi inspirado nas músicas dele – aquela música mais romântica, mais leve, mais suave; mas ela tem um toque bem americanizado também”, enfatiza.
Inspiração
Tim Maia também é inspiração para o cantor amazonense Luso Neto. “Ele além de influenciar nas minhas obras, é um cara que têm músicas icônicas né?”, comenta o artista. “Ele me influenciou tanto no Luso intérprete, quanto no Luso compositor, porque 80% das minhas obras falam de amor. Ele me influencia na objetividade, de ser um cara objetivo, que nunca desistiu, veio da pobreza. Um cantor negro no Brasil. Pegou vários nãos, mesmo sendo condecorado mundo afora a maior voz da Música Popular Brasileira pelos artistas mais que reconhecidos”, completa.
“Um cara atemporal”, é como Luso define o saudoso artista. “Numa época até os anos 1960, onde predominavam o samba e a bossa nova no Brasil, principalmente um negro – falando de pele e de raça – era só aí que o negro entrava né? E o cara vem falando de amor. E além de vir falando de amor, ele traz o soul e o funk, e junto com o Hyldon, eles criam o soul brasileiro com a influência do funk americano”.
A sonoridade do soul também se faz presente nas obras de Luso. “Além de eu ter esse meu lado baladeiro, eu tenho esse meu lance mais gingado, mais dançante. Tem uma música minha, que é um dos meus sucessos, ‘Relax’, que tem essa pegada do soul, Tim Maia, do soul brasileiro. É uma música que faz eu transitar do rock and roll pra essa coisa mais do balanço. Meu último trabalho, a última música que eu lancei, ‘Mais uma chance’, é um soul funk, principalmente depois de beber bastante dessa fonte aí”, diz Neto.
Carreira
O talento de Tim Maia foi descoberto precocemente, ainda na infância, por volta dos sete anos. Antes mesmo da maior idade, ele viajou para os EUA, onde criou o conjunto “The Ideals” e gravou a música New Love, de autoria dele. Com a volta para o Brasil, consta na biografia de Tim que ele foi o grande responsável por trazer a sonoridade da soul music para a Jovem Guarda. O grande divisor de águas foi quando Roberto Carlos gravou uma canção da autoria de Tim, “Não Vou Ficar”, para o álbum Roberto Carlos (1969). A partir disso, ele conseguiu realizar o primeiro trabalho solo. A carreira no Brasil começou a ascender a partir de 1969, ano em que gravou um compacto simples pela Fermata com “These Are The Songs”.
Saiba mais
>> Série documental
‘Vale Tudo com Tim Maia’, produção original Globoplay, composta por três episódios, estreia nesta quarta (28), data em que o cantor completaria 80 anos. A direção é de Nelson Motta e Renato Terra, tem colaboração de Carmelo Maia. A série é um mergulho intenso na personalidade e na genialidade de Tim Maia. Todos os acontecimentos que marcaram sua trajetória são narrados, com muito humor, pelo próprio Tim. Para isso, foram resgatados uma quantidade enorme de materiais raros, grande parte inéditos, como entrevistas, registros de acervo pessoal e shows.