Artistas e bandas revivem ritmos e sons que faziam cabeça dos ribeirinhos em décadas passadas
(Sons de outrora já voltam a agitar público em festas e shows em Manaus)
Sucesso nos anos 1970 e 1980 no Amazonas, a chamada música de beiradão vem voltando à tona nos últimos anos graças à iniciativa de artistas e grupos de Manaus. De CDs inspirados no termo até shows dedicados a ele, os ritmos e sons que outrora faziam a cabeça de ribeirinhos – e de muitos citadinos – está mais e mais presente no cenário musical de hoje. Mas, afinal, o que vem a ser esse tal de beiradão?
O termo parece ter surgido por volta dos anos 1970, para designar um conjunto de ritmos musicais que faziam sucesso nos salões e bares das beiras de rios e igarapés. “Esses ritmos, como merengue ou lambada, tocavam bastante nos beiradões, daí se começou a associá-los com a palavra ‘beiradão’”, explica Gonzaga Blantez, que integra o Cordão do Marambaia, um dos grupos-chave no resgate desses ritmos.
Sob o rótulo de “beiradão” se reúnem e misturam estilos musicais dos mais variados, oriundos do Norte e Nordeste e até da música latina ou caribenha. Aí se incluem carimbó, lundu, baião, guitarrada, forró, xote, merengue, lambada, salsa e por aí vai. Sendo assim, porém, o que define uma música como sendo de beiradão? “O que faz a diferença de um estilo para outro é o sotaque, a levadinha da guitarra”, informa George Jucá, que em 2001 lançou um CD com músicas inspiradas no gênero caboclo, “Manariã”. “E beiradão é coisa dançante, alegre”.
Para os novos beiradeiros, esse conjunto de ritmos peculiar pode reforçar a identidade musical amazonense. “Nossa ideia é fazer um movimento que cresça e que sirva como uma expressão cultural. Não é só um movimento musical, mas cultural, que abrange toda a Amazônia e as manifestações musicais de cada lugar”, finaliza Blantez.