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Copa: Centrais divergem sobre greve geral em obras

Líder contrário aponta motivações políticas. CUT e Força negam

Lance
09/02/2012 às 11:15.
Atualizado em 11/03/2022 às 21:51

(As obras na Arena da Amazônia seguem a todo vapor)

Considerada iminente por parte dos representantes de classe, a possível greve geral nas obras da Copa do Mundo de 2014 esbarra nos desencontrados discursos das centrais sindicais.

Em novembro, sindicatos da construção envolvidos nas obras do Mundial assinaram uma pauta unificada de reivindicações. Desde então, a possibilidade de greve geral é ventilada, mas sem consenso.

Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, que controlam a maioria dos sindicatos ligados às obras da Copa, apoiam a paralisação.

– Se não houver acordo até o início de março, paralisaremos todas as obras de estádios e mobilidade urbana – garantiu Adalberto Galvão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral (Sintepav-BA), filiado à Força Sindical.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT), artífice da greve nas obras do Maracanã em agosto passado, é contra. Para o presidente da entidade, Ricardo Patah, há motivação eleitoral no processo:

– A UGT participará quando direitos forem violados. De greve política, greve por greve, não participaremos. É greve de ano de eleição.

Já a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) é cautelosa: na sua visão, a greve pode sair, mas não é o objetivo da pauta unificada.

– É um movimento justo, mas não queremos greve. Queremos é que as empresas e o governo se sensibilizem com as postulações dos trabalhadores. A greve poderá vir como consequência dessa negociação. Poderemos, infelizmente, chegar a esse ponto – pontuou Raimundo Salvador, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília (STICMB), filiado à CGTB

Responsável pela articulação dos sindicatos na negociação, a Federação Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) segue a mesma linha.

– Li que a greve poderia ser em março, mas não tem nada fechado. Talvez um ou outro sindicato esteja posicionado a favor disso, mas não é consensual – disse Edison Bernardes, vice-presidente da ICM para América Latina e Caribe.

A pauta será debatida amanhã, em Fortaleza, para, então, ser encaminhada à Confederação Nacional da Indústria (CNI). A expectativa é que as tratativas, intermediadas pela Secretaria-Geral da Presidência, ocorram até o fim deste mês.

A pasta não quis comentar prejuízos causados por eventual paralisação. A CNI comentará a questão apenas quando for notificada.

Federação agiu na África

Assim como na possível greve geral nas obras da Copa de 2014, a ICM costurou paralisações nos canteiros da África do Sul, sede do último Mundial.

Antes do evento, a ICM mobilizou uma greve geral envolvendo aproximadamente 70 mil trabalhadores por oito dias. Outras 26 paralisações coordenadas pela entidade ocorreram na África.

– A ICM articula esses sindicatos, como fez na África do Sul – confirmou Edison Bernardes.

Aqui no Brasil, nenhuma paralisação até o momento teve gerência da ICM.

Confira bate-bola com Edison Bernardes, vice-presidente para a América Latina e o Caribe da ICM:

LANCENET!: Como a ICM avalia a possibilidade de uma greve geral?

EDISON BERNARDES: Não descartamos a possibilidade de ter uma paralisação. Nenhuma central descartaria essa possibilidade. O dia e quando vai ser, não temos construído. Posso dizer que não está descartada.

LNET!: Há pelo menos uma central sindical contrária à greve...

Acredito que há condições objetivas para se ter uma greve geral no setor de construção no Brasil. Todas as centrais possuem essa leitura. Quando vai ser é que vamos discutir. Existe um caminho ainda a ser percorrido de negociações. Ainda não entregamos as pautas. Não se pode inverter o caminho.

LNET!: É possível que haja alguma dissidência em caso de paralisação?

Não faz parte dos nossos planos, mas pode haver. Nenhuma greve geral é 100%. Mas acho que vamos conseguir uma grande conquista para o setor da construção civil.

LNET!: O senhor acredita que há motivação política nessa questão?

Se um ou outro vai tirar proveito, é muito difícil controlar. O objetivo central não é esse.

LNET!: Fala-se que a negociação no Nordeste e no Centro-Oeste será muito difícil. Pode ser o ponto chave para a greve?

Realmente, a disparidade dessas regiões para São Paulo, por exemplo, é muito grande. Primeiro, pensamos em diminuir essa diferença. Se conseguirmos diminuir e criar um caminho para igualar, já é vitorioso. Mas o nosso objetivo é igualar de imediato.

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