Veterinário orienta a população a não se aproximar do animal porque, segundo ele, o jacaré só ataca se for ameaçado ou agredido
(Jacaré Coroa resgatado em Manaus é atendido pelo veterinário Laérzio Chiezorin)
O período chuvoso e o transbordamento de igarapés aumentam o índice de jacarés que emergem até as bordas e ficam mais próximos das pessoas. É também nesta época que a população, por desconhecimento e imprudência, prefere resgatar o animal por conta própria, arriscando tanto a sua quanto a vida do animal.
“Não quer dizer que em época de chuva o número de jacarés aumenta em Manaus. É que aumenta a quantidade de água nos igarapés e a água fica mais próxima da casa das pessoas que moram nestas áreas”, conta o veterinário Laérzio Chierozin, gestor do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Refúgio Sauim Castanheiras.
Chierozin conta que no período chuvoso é quando o refúgio resgata maior número de jacarés da beira de igarapés. “Quando o igarapé sobe o jacaré vai para as bordas”, afirma.
Ele salienta que muitos animais acabam ficando mais expostos na beira do igarapé, sobretudo quando a água começa a baixar. É quando ao risco do contato com o ser humano também aumenta.
O veterinário orienta a população a não tentar se aproximar do jacaré ou mesmo agredi-lo achando que assim vai escapar de algum ataque do animal, porque a reação natural dele é se defender com mordidas.
Ocupação
“O jacaré que vive nos igarapés de Manaus não costuma atacar seres humanos. Ele apenas se defende das agressões. Mas as pessoas não conhecem o comportamento dele e acabam causando problemas para elas e para os jacarés”, diz o veterinário.
Chierozin destaca que o resgate do jacaré encontrado nesta terça-feira (03) no Bairro da Paz, em Manaus, é o oposto do que deve acontecer na eventualidade de um encontro com um animal desta espécie.
“A gente pede que não se faça isso. Nessas capturas, tanto o popular quanto o animal podem sair feridos. O ideal é deixar ele lá”, explica.
O veterinário destaca que o jacaré da espécie Coroa é o mais comum nos igarapés de Manaus e também o mais penalizado pelas ocupações das áreas de igarapés pela população.
“A ocupação desordenada dos igarapés é um problema crônico e histórico. Mas os crocolidianos estão lá desde sempre”, disse.
Tamanho
A média do tamanho de um jacaré-coroa é de no máximo de 1,80 metros (desde que seja macho). A fêmea mede no máximo 1,50 metros.
O jacaré-tinga mede no máximo dois metros, mas não é comum ser encontrado nos igarapés urbanos.
Já o gigante jacaré-açú, que chega a medir até quatro metros, é mais comum nas calhas de rios ou quando está perdido em algum afluente.
Saúde
O veterinário lembrou que o jacaré tem um papel sanitário importante na zona urbana. Estudos identificaram que muitos jacarés ingerem pragas urbanas, como ratos e caramujos africanos, animais com forte potencial para causar doenças nos seres humanos.