Autor de escandaloso gol contra é condenado a 300 dias de suspensão, e clube ficará suspenso por 12 partidas. Caso aconteceu na segunda divisão do Campeonato Amazonense
Marcelo Amil (de terno) e Henrique Barbosa, presidente do Atlético-AM durante julgamento (Foto: Arlesson Sicsú)
Em julgamento de 1ª instância realizado na tarde desta segunda-feira (19), a 2ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD-AM), absolveu por unanimidade o presidente do Atlético-AM, Henrique Barbosa, das acusações de manipulações de resultados na Série B do Campeonato Amazonenses.
O dirigente havia sido denunciado pela procuradoria com base nos artigos 243, 243-A e 243-B do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. No entanto, a relatora Anne Clícia Alves da Silva Guilherme votou pela absolvição do réu, assim como o restante da mesa.
Antes que o voto da relatora fosse lido, Henrique Barbosa falou com a imprensa e reafirmou que o clube é uma vítima da situação. Ele lembrou o gol contra do jogador Júlio Campos e frisou que todo contexto é uma mancha na história do Atlético-AM.
“É uma situação difícil para nós como clube, o Atlético tem um curta história no futebol, mas no ano passado nós brigamos pelo acesso e chegamos às semifinais, esse ano a gente tinha muita expectativa de ascender o time para a Série A e, infelizmente ocorreu todo esse episódio bizarro do gol contra e que repercutiu muito mal para a nossa instituição, como clube. Nós estamos tentando trabalhar e provar a nossa inocência, porque o clube foi vítima nessa história”.
Na mesma sessão, contudo, o Atlético-AM teve recomendada uma punição no mesmo artigo, ao qual ficará suspenso por 12 partidas e terá que pagar uma multa onerosa no valor de R$ 50 mil.
O advogado de defesa do clube, Marcelo Amil -que também representou Henrique Barbosa-, disse compreender a decisão dos auditores, mas afirmou que deverá recorrer da decisão, por entender que o clube não deve ser responsabilizado.
“Nós discordamos, mas respeitamos a decisão das auditoras, mas nós entendemos diferente. A forma como foi denunciada, não cabe no processo, como é que eu vou punir uma equipe com uma suspensão de doze partidas? Tem que pegar doze w.o para poder cumprir? Respeito o entendimento das auditoras, mas vamos recorrer dentro das normas do CBJD e eu não tenho dúvidas de que essa decisão será revista”.
Quanto ao jogador Júlio Campos, autor do escandaloso gol contra, ele teve a punição fixada em 300 dias de suspensão e multa no valor de R$ 25 mil. O atleta não apresentou defesa e não esteve presente durante o julgamento.
Promotoria irá recorrer
Após a leitura da sentença, o procurador do TJD, Bruno Glória, comentou a vitória parcial no julgamento. Contudo, lamentou a absolvição de Henrique Barbosa e ressaltou que há elementos para a condenação do dirigente e que portanto, a procuradoria irá recorrer da decisão.
“Foi um primeiro passo, um primeiro processo que a procuradoria denunciou pessoas, clubes acerca de supostas manipulações de resultados para favorecer apostadores em casas de apostas aqui no Amazonas. Nós tivemos uma vitória parcial, que foi a condenação do Atlético Amazonense e a condenação do atleta Edirley Júlio Campos, que fez aquele gol contra bizarro contra o Sul América, na forma do artigo 243 do CBJD. Mas tivemos a absolvição do presidente da EPD, o Henrique (Henrique Barbosa) e a procuradoria com certeza vai recorrer disso, nós acreditamos piamente que tem elementos suficientes para condenação do EPD, nós vamos jogar isso para o pleno”, finalizou.
Nota oficial:
O resultado do julgamento no Tribunal de Justiça Desportivo do Amazonas (TJD), realizado na tarde desta segunda-feira (19), que absolveu o presidente do Atlético Amazonense, o senhor Henrique Barbosa, por unanimidade, mostra a idoneidade e compromisso da direção do nosso clube com o futebol amazonense.
Salientamos que, desde o fim do jogo entre o Atlético Amazonense e o Sul América, no dia 04 de setembro, o clube tem buscado as medidas legais para apurar toda e qualquer denúncia de compras de resultados. O jogador Júlio Campos foi demitido por justa causa no primeiro dia útil após o feriado; o ex-treinador foi processado por calúnia e o próprio Atlético Amazonense pediu a anulação do jogo junto ao Tribunal de Justiça Desportiva, além da apuração das denúncias pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM).
"Todos os auditores entenderam que, de fato, não havia elementos que confirmassem qualquer irregularidade da minha parte. Eu sempre dirigi o Atlético Amazonense com compromisso e honestidade, e nossos passos após o ocorrido mostram justamente isso. Fico feliz, porque, como sempre afirmei, eu sou inocente e nunca houve dentro do clube qualquer manipulação ou venda de resultados. O julgamento do TJD mostra que o processo estava fundamentado apenas em recortes de jornais e depoimentos não identificados, muito diferente da gente que sempre se colocou à disposição para esclarecer qualquer suspeita", afirmou Henrique Barbosa.
De acordo com o advogado de defesa do time, Marcelo Amil, com a falta de apresentação de prova documental, o presidente Henrique Barbosa foi considerado inocente, portanto, o clube também não deveria ser punido.
"Se o próprio TJD confirmou aquilo que nós apresentamos na defesa, de que não havia qualquer fundamentação na denúncia, o time também é eximido disso. O Henrique foi inocentado de qualquer acusação e isso confirma que não existe dentro do Atlético Amazonense a compra ou venda de resultados de jogos. Portanto, não cabe condenação ao clube".
A defesa do Atlético Amazonense vai entrar com recurso no TJD sobre a condenação do clube nesta terça-feira (20).