Com treinamentos realizados na quadra do Escola Estadual Francisco Albuquerque, atleta amazonense alcança a liderança do ranking nacional de Badminton
Com apenas 12 anos, Emily Benevides, foi medalhista de ouro no Circuito Brasileiro de Badminton (Foto: Arlesson Sicsu)
O Badminton é um esporte relativamente desconhecido para o público em geral. Quando se pensa em raquetes e redes, logo vem à mente o clássico tênis, jogo em pé com redes ao chão e a bolinha indo e vindo. Popular e mundialmente difundido, é em uma escola no centro de Manaus, que esse estereótipo cai por terra.
Quando o sinal toca e os alunos saem, um grupo de jovens atletas liderados pelo professor Moisés Costa fazem a magia acontecer. Na quadra do Colégio Estadual Francisco Albuquerque, pelo menos dez alunos colocam lápis e caderno de lado e sacam as suas raquetes para fazer a peteca voar, todos eles defendem o clube AFAM Badminton.
Time de Badminton treinado pelo professor Moisés Costa (Arlesson Sicsu)
Em conversa com o A CRÍTICA, Moisés, que é treinador desses atletas, explica que os treinos se iniciaram há sete anos e, que mesmo com o ‘pouco tempo’ em atividade, os frutos dessa aposta já podem ser colhidos. Transformando as dependências de uma acanhada escola estadual, em um celeiro de talentos para a modalidade.
A promessa que virou realidade
Com apenas 12 anos de idade, Emily Benevides fez história no Circuito Nacional de Badminton, realizado em Teresina, no Piauí. Com um pódio duplo, Emily foi ao posto mais alto da categoria ao ganhar duas medalhas de ouro no simples feminino e na dupla mista e alcançou o topo do ranking nacional além de uma vaga para a Competição Sul-Americana da modalidade, que será realizada em Lima, no Peru. É a segunda vez que Emily alcança índice para disputar a competição, contudo em sua primeira oportunidade ela não pôde participar por falta de patrocínios.
Emily Benevides durante treinamento (Arlesson Sicsu)
Praticando Badminton há mais de quatro anos, Emily conta que começou a se interessar pelo esporte ao ver a sua irmã mais velha, Misma Benevides jogar. Com apenas oito anos de idade, ela quebrou o paradigma ao deixar de lado esportes mais tradicionais, para escrever a sua própria história no Badminton.
Os resultados ao qual Emily se refere são: uma medalha de ouro, quatro pratas e três bronzes em circuitos nacionais realizados em: Manaus, Joinville (SC), Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS).
Este ano, Emily ainda foi medalha de ouro nos Jogos Escolares do Amazonas - JEA’s. Em seu ano de estreia, ela bateu na final uma competidora dois anos mais velha.
Sem deixar a peteca cair
Entre os alunos de Moisés, uma outra estrela brilha em quadra. Mikaela Almeida, medalhista de ouro no Pan-Americana em 2019 de Parabadminton, busca na quadra da escola Francisco Albuquerque, retomar a expressiva carreira.
Mikaela Almeida busca retomar a carreira (Arlesson Sicsu)
Aos 19 anos, a paratleta viveu um drama pessoal e pensou em abandonar o esporte. Em 2021, o pai de Mikaela sofreu uma ataque cardíaco e receoso em procurar ajuda médica, já que o Amazonas vivia o auge da crise do oxigênio , e acabou não resistindo, vindo a falecer.
“Eu cheguei para treinar aqui esse ano, depois de um longo período parada por lesão e eu tive ainda a perda do meu pai, tive uma depressão profunda, ganhei muito peso e me desestabilizei psicologicamente. Eu tinha decidido desistir do esporte, até que o senhor Ricardo Pina, me indicou para o professor Moisés, para que eu desse mais uma chance para o esporte, muito receosa eu voltei”, conta Mikaela, que prossegue:
Mikaela encontrou no projeto do professor Moisés, forças para recomeçar. Além de retornar ao esporte, ela ainda é espelho para os mais jovens, como conta Emily, que disse ser admiradora de Mikela.
“Desde cedo me espelhei em atletas grandes, nos campeonatos amazonenses eu já conhecia a Mikaela, e a primeira coisa que eu fazia nos campeonatos, era ver os jogos dela, pensava: ‘nossa ela jogou muito!’. Nos regionais eu via os jogos e tentava fazer os mesmos golpes”, contou.
Busca por patrocínio
Moisés Costa contou que uma das maiores dificuldades para as atletas continua sendo a falta de patrocínios. O treinador conta que os pais das jogadoras -com muito esforço- custeiam parte das viagens, mas que nem sempre é suficiente.
“Nós estamos preparando um material para elas, para que a gente possa ir atrás de patrocinadores. São duas jogadoras ótimas, excelentes, o clube tem outros jogadores promissores que precisam de apoio e que estão tendo resultados. Nós temos um nível técnico bom, trazemos resultados e nós estamos à procura de patrocinadores. Nós temos um projeto pela AFAM para montar futuras bases, para tentar captar recurso de lei de incentivo ao esporte e nós estamos correndo atrás de patrocinadores", Moisés prossegue:
“Hoje nós não somos somente projeto social, hoje nós temos atletas de alto rendimento e isso demanda custos. Precisamos de patrocinadores que ajudem pelo menos com passagens, com material… Nós temos dois parceiros nutricionistas que nos apoiam, Dr. Sérgio Rodrigues e a fisioterapeuta Rachel Galli, que são guerreiros que nos apoiam e a nossa Federação Amazonense de Badminton que nos ajudam, mas precisamos de um pouco mais, para elevar mais o nível das jogadoras”, finalizou.