O tom da carta aberta publicada por setores da indústria e do comércio no dia seguinte ao evento, são indicativos do descrédito pelo qual passa o órgão
(Thomaz Nogueira faz o primeiro discurso como superintendente da ZFM diante uma plateia escassa de parlamentares)
A ausência de políticos como os senadores Eduardo Braga (PMDB) e Alfredo Nascimento (PR), e o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), na posse do novo superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), e o tom da carta aberta publicada por setores da indústria e do comércio no dia seguinte ao evento, são indicativos do descrédito pelo qual passa o órgão que tem a tarefa de promover o desenvolvimento da Amazônia Ocidental, por meio da Zona Franca de Manaus (ZFM).
De férias no Rio de Janeiro, Braga (PMDB) disse, ontem, por telefone, a A CRÍTICA, que não tinha sentido interromper o descanso ao lado da família apenas para participar da posse do superintendente Thomaz Nogueira, realizada na última terça-feira. “Estou com minha família fora de Manaus. Não fazia sentido retornar apenas para um evento, deixando minha família. Vivo numa ponte aérea Manaus-Brasília o ano todo”, justificou o senador.
A ausência de Braga, que também é presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação do Senado, causou estranheza entre os presentes no ato de posse de Thomaz. O desinteresse de Braga e de outros sete parlamentares da bancada federal do Amazonas em Brasília pelo evento é um dos sintomas do quanto reduzida se encontra a importância da Suframa e, consequentemente, o cargo de superintendente.
Em 2011, a Suframa, e a bancada do Amazonas em Brasília (três senadores e oito deputados federais), assistiram o modelo econômico do Estado (ZFM) sofrer ataques de todas as ordens.
Apesar do aparente consenso em torno de Thomaz Nogueira, o fato da palavra final na indicação do nome do novo superintendente, desta vez, ter sido do governador Omar Aziz (PSD), também pode explicar o desinteresse do ex-governador no evento. A antecessora de Thomaz, Flávia Gosso, foi uma indicação do PMDB de Braga. E nos oito anos em que esteve no Governo do Estado, ele brigou para mantê-la no posto.
Depois de oito anos e seis meses no comando da Suframa, em outubro de 2011, Flávia deixou o cargo, após denúncia de que teria favorecido o irmão em um contrato entre o órgão e a Fundação Paulo Feitoza (FPF).
Da bancada federal do Amazonas, apenas a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) e os deputados federais Pauderney Avelino (DEM) e Carlos Souza (PSD) estavam na posse do novo superintendente.
O senador, ex-ministro e ex-superintendente da ZFM, Alfredo Nascimento (PR), e os deputados federais Henrique Oliveira (PR), Francisco Praciano (PT), Rebecca Garcia (PP), Átila Lins (PSD), Sabino Castelo Branco (PTB) e Silas Câmara (PSC) não participaram do evento.
Suframa perdeu autonomia
Um dia após a posse de Thomaz Nogueira, a insatisfação com a perda de independência da Suframa ao longo dos anos foi escancarada em nota assinada pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Federação do Comércio do Estado do Amazonas, Federação da Agricultura do Amazonas, Centro da Indústria do Estado do Amazonas e Associação Comercial do Amazonas (ACA).
“De nada adiantará termos a palavra da Presidente da República de apoio ao nosso modelo de desenvolvimento; de nada adiantará a prorrogação da ZFM por cinquenta anos (...); de nada adiantará a designação de um novo superintendente capacitado tecnicamente e moralmente, se não for restabelecida a independência financeira e administrativa da Suframa”, diz o trecho da carta dos empresários.
‘Pessimismo é exagerado’,
Afirma o novo superintendente da ZFM que concorda “em parte” com as críticas ao Governo Federal.
O auditor fiscal e ex-secretário executivo da Secretaria da Fazenda do Amazonas (Sefaz), Thomaz Nogueira, é o 19º nome a comandar a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Criada em 28 de fevereiro de 1967, e vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Suframa atua como agência promotora de investimentos, que tem a responsabilidade de identificar alternativas econômicas e atrair empreendimentos para a região. Tudo com o objetivo de gerar emprego e renda.
Em entrevista à Nova Rádio A CRÍTICA, ontem, Nogueira concordou em parte com as críticas de setores da indústria e do comércio, que acusam o Governo Federal de, ao longo dos anos, diminuir o poder da Suframa em tomar decisões ou combater situações que prejudiquem o funcionamento da ZFM.
“Essa cobrança, eu vejo como apoio da sociedade para que o órgão tenha como trabalhar. Por outro lado, não podemos deixar de dizer que há um certo pessimismo exagerado”, declarou Thomaz.
Em nota, o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Ricardo Nicolau (PSD), disse ontem ter certeza que o novo superintendente vai saber “resguardar e expandir os diretos da ZFM”.