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Veja por que os casais brigam no Carnaval

Muitos casais cruzam os dedos para passar pela semana de festas imune a brigas e separações –e há aqueles que começam a refletir se gostariam mesmo de estar acompanhados em meio ao clima de "ninguém é de ninguém"

Andrezza Alves/UOL
19/02/2012 às 17:51.
Atualizado em 12/03/2022 às 07:10

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Há dois anos, a consultora de viagens Micaela Mota, de 21 anos, passou um dos seus piores Carnavais. Ela e o namorado, ambos com 19, brigavam frequentemente (segundo ela, por causa do ciúme dele). Uma semana antes do Carnaval, ele foi chamado pelo primo para viajar e Micaela não foi convidada. Em meio a uma briga, o namorado pediu um tempo. Mas a dois dias da viagem, o moço se arrependeu e a convenceu a viajar com ele. Lá, Micaela ouviu o primo do namorado dizendo para outros rapazes que ele só havia pedido o tempo para poder curtir o Carnaval. Com isso, ela decidiu ir embora. "Se ele pediu um tempo por esse motivo, será que gostava mesmo de mim?", pergunta-se.

Por histórias como essas, muitos casais cruzam os dedos para passar pela semana de festas imune a brigas e separações –e há aqueles que começam a refletir se gostariam mesmo de estar acompanhados em meio ao clima de "ninguém é de ninguém". "O Carnaval representa liberdade de comportamento. É quando as pessoas costumam extravasar sentimentos, paixões e fantasias”, diz o terapeuta Sergio Savian, autor de 13 livros sobre relacionamentos amorosos.

Segundo ele, questões como “eu não tenho o direito de cair na farra?” ou “eu quero mesmo um relacionamento sério?” podem estar latentes o ano todo, mas costumam ganhar força quando estimuladas pelo clima carnavalesco. Para a psicoterapeuta especialista em psicodrama Cecília Zylberstajn, assim como o Natal e o Ano Novo geram reflexões sobre os caminhos que nossa vida está tomando, o Carnaval também faz pensar. “Se você está feliz com o relacionamento, não irá questioná-lo, mas ele pode trazer à tona frustrações que já existem.

Por que tantas brigas e términos?

“Pouca razão e muito tesão é o que impera nos dias de Carnaval”, diz Savian. Em um período em que a promiscuidade é estimulada, é difícil não se deixar contagiar. Ainda mais com as mudanças de comportamento da sociedade que levam a relações mais livres dos antigos padrões de fidelidade.

Para a psicóloga Adriana Falcão Duarte, as discussões surgem por falta de diálogo. “As pessoas acabam se exaltando e não conseguem entrar em um acordo de como aproveitar as festividades juntos, o que leva à insegurança e ao ciúme”, afirma. O teste de resistência é ainda maior quando o casal tem planos diferentes para o feriadão.

Cecília Zylberstajn explica que não é uma regra beijar todo mundo no Carnaval, mas, se a pessoa tem esse desejo, terminar é mais honesto do que trair. “As pessoas podem terminar por imaturidade ou por perceberem que não era o momento de assumir um compromisso. Mas usam o Carnaval como o estopim de algo que já era insatisfatório.”

Foi o que aconteceu com o último namoro do vendedor de carros Diego Blanco Rodrigues, de 23 anos. As brigas por ciúme e falta de tempo juntos já eram frequentes quando, no Carnaval de 2009, cada um queria viajar para um lado. Era para ser mais uma briga de rotina, se um deles aceitasse a programação do outro, mas a solução foi outra. “O Carnaval foi uma desculpa para termos mais liberdade, ir cada um para um canto e esfriar a cabeça para pensar o que queríamos”, diz. Três semanas depois, voltaram, mas a relação resistiu pouco mais de um mês.

Para Cecília, terminar o namoro antes do Carnaval e reatar logo depois pode ser uma tentativa de driblar o contrato monogâmico. Mas não foi o caso de Diego, de acordo com o que o vendedor conta. Ele garante que não "ficou" com ninguém e aproveitou para curtir com os amigos, mas não sabe se a ex-namorada fez o mesmo. "Voltamos com os mesmos problemas e somou-se a falta de confiança. Aí, não deu certo.”

A desconfiança abala profundamente uma relação, principalmente, quando surge a partir de uma desculpa inventada por um parceiro que quer se divertir enquanto o outro preza a fidelidade.  “O melhor é sempre a verdade ou a flexibilidade para aceitar que o outro pode se divertir sem você”, diz Savian. Outros sinais de que seu romance corre riscos neste Carnaval são mentiras, falta de diálogo, possessividade, insegurança e o arrependimento de não ter aproveitado bem a "solteirice".

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