2º Turno

Bolsonaro: mais afetados por inflação serão foco no 2º turno

Presidente disse que priorizará na campanha a camada da população mais atingida por aumento de preços e pandemia e tentará convencê-la de que "mudança que alguns querem pode ser pior"

DW Brasil
03/10/2022 às 07:52.
Atualizado em 03/10/2022 às 07:52

Bolsonaro falou com a imprensa em frente ao Palácio do Alvorada (Foto: DW Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (02/10) que priorizará nas quatro semanas de campanha até o segundo turno o convencimento da camada da população que sentiu com mais força o impacto da inflação e da pandemia.

Em entrevista a jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse, sem mencionar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que muitos votos em seu adversário teriam sido resultado da "condição do povo brasileiro que sentiu o aumento [do preço] dos produtos, em especial da cesta básica".

"Existe um sentimento que a vida dele não ficou igual do que estava antes da pandemia, e a tendência é buscar um responsável, e o responsável é o chefe do Executivo", afirmou. Lula terminou o primeiro turno com 48,4% dos votos válidos, 6,2 milhões a mais do que Bolsonaro, que teve 43,2%.

"Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior. A gente tentou durante a campanha mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a camada mais importante da sociedade", disse.

Ele ressaltou que setembro será o terceiro mês seguido de deflação no Brasil e mencionou a queda dos preços dos combustíveis e da energia elétrica como possíveis temas a serem explorados na sua campanha.

Para Bolsonaro, o próximos dias serão uma oportunidade para "mostrar melhor para a população brasileira, em especial à classe mais afetada, que é consequência da política do 'fica em casa, a economia a gente vê depois', é consequência de uma guerra lá fora (...). E tenho certeza que vamos poder melhor mostrar para essa parcela da sociedade que a mudança que alguns querem pode ser pior".

Em seguida, ele mencionou a vitória de partidos de esquerda na Argentina, no Chile e na Colômbia como exemplos, na sua visão, negativos de mudanças. "Me preocupa o Brasil perder sua liberdade, caminhar com a esquerda nos caminhos da Venezuela, da Argentina, da Colômbia, do Chile e da Nicarágua", disse.

 Críticas aos institutos de pesquisa

 A diferença significativa entre a projeção dos institutos de pesquisa e o resultado das urnas foi mencionada por Bolsonaro, reforçando suas declarações durante a campanha com o objetivo de desacreditar as sondagens eleitorais.

As últimas pesquisas do Datafolha e do Ipec, divulgadas no sábado, apontavam 14 pontos percentuais de diferença entre Bolsonaro e Lula, enquanto que a apuração dos votos registrou diferença de cinco pontos percentuais.

"Vencemos a mentira no dia de hoje. Estava o Datafolha dando 51% a trinta e poucos. Vencemos a mentira", disse o presidente. "Se desmoralizou de vez os institutos de pesquisa."

À espera de "parecer" sobre urnas
Questionado se, diante do resultado deste domingo, ele confiava nas urnas eletrônicas – alvos constantes de ataques mentirosos pelo presidente nos últimos anos –, Bolsonaro disse que iria aguardar um parecer das Forças Armadas, que enviaram representantes para acompanhar a apuração no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ele voltou a fazer alegações de que teria havido fraudes no pleito de 2018, nunca comprovadas, e disse que neste ano "algumas poucas reclamações [sobre as urnas] chegaram, não ao nível de 2018".

Bolsonaro também criticou a decisão do TSE que o impede de fazer suas lives no período eleitoral a partir do Palácio da Alvorada, dizendo tratar-se de uma "perseguição" contra si. "Eles tomaram partido político, eles têm candidato a presidente – ou pelo menos têm um que eles não querem de jeito nenhum lá, que sou eu."

Aliados eleitos
Bolsonaro disse que candidatos aliados que venceram as eleições neste domingo estarão livres para o auxiliar no segundo turno da campanha, como o governador reeleito do Rio, Claudio Castro (PL), e celebrou o resultado eleitoral do PL no Congresso, que elegeu 99 deputados federais – a maior bancada da nova legislatura da Câmara – além de 13 senadores – a melhor performance de um partido neste pleito para a Casa, que renova um terço de sua composição.

"Isso é bastante. Um partido que sai na frente para disputar cargos na Mesa [Diretora da Câmara]. (...) Crescemos bastante, são pessoas extremamente alinhadas comigo", disse.

Ele afirmou que essa bancada o ajudaria a aprovar reformas em um eventual segundo mandato, como a tributária. Questionado se tentaria, uma vez reeleito, ampliar o número de cadeiras no Supremo, para indicar a maioria dos ministros da Corte, o presidente não disse que sim nem que não, mas que avaliaria o tema se derrotasse Lula no segundo turno.

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