Manaus tem maior taxa proporcional de novos casos de tuberculose do país
Somente nos três primeiros meses de 2022, ao menos 355 casos da doença foram registrados na capital amazonense
Desde o início de 2022, Manaus registrou 355 novos casos de tuberculose. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a capital contabilizou 2.316 casos novos de tuberculose no ano passado, já com aumento de 11,6% em relação ao número de casos de 2020, quando foram feitos 2.075 diagnósticos positivos.
De 24 a 31 de março é realizada nacionalmente a Semana Nacional de Mobilização e Luta Contra a Tuberculose. Durante toda a semana, órgãos de saúde mobilizam a sociedade para o enfrentamento da doença. “Manaus tem uma taxa de incidência da tuberculose de 102,7 casos por 100 mil habitantes, o que representa a maior taxa entre as capitais brasileiras”, explicou o chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose da Semsa, enfermeiro Daniel Sacramento.
De acordo com ele, para 2022, o desafio é a realização de mais de 11.515 exames de sintomáticos respiratórios, superando o número que foi alcançado em 2019, período pré-pandemia, quando Manaus registrou o melhor indicador na rede municipal de saúde na realização dos exames.
“Em 2020, com a pandemia e a necessidade de reorganização dos serviços de saúde para o atendimento de pacientes com sintomas de Covid-19, houve uma redução no número de pessoas que procuraram unidades de saúde para a realização de exames para tuberculose. Como consequência, o número de casos diagnosticados apresentou redução”, comentou.
“Mas já em 2021, a Semsa executou ações para fortalecer o diagnóstico, registrando um aumento de 23,5% no número de exames, o que resultou em um maior número de casos notificados, em comparação com 2020”, disse ainda. Os dados do ano passado também revelaram que os homens representam 59,9% do total de pessoas diagnosticadas com tuberculose.
“Adultos jovens representam a maioria dos casos, assim como pessoas do sexo masculino. E é importante que esse público fique mais atento aos sintomas da tuberculose, principalmente se apresentarem tosse por mais de duas semanas, mas também outros sintomas característicos como perda de peso inesperada, falta de ar, suor noturno intenso e febre ao final da tarde e início da noite”, alertou Sacramento.
Manacapuru: Segundo município com mais casos
Depois de Manaus, Manacapuru é o segundo município com o maior número de notificações de tuberculose. De 2019 a 2022, foram notificados 68 tratamentos da ILTB em Manacapuru. A capital apresentou 2.030 notificações da Infecção Latente de Tuberculose (ILTB). Nesse mesmo período, 2.253 tratamentos para ILTB foram notificados no Amazonas.
(Foto: Divulgação)
Por conta disso, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) e da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) promoveu, esta semana, a Campanha Estadual de Luta contra a Tuberculose em Manacapuru.
Com o tema “Prevenção é a melhor estratégia”, as atividades da campanha em Manacapuru teve o objetivo de fortalecer as ações de controle da tuberculose no município e, também, promover a mobilização social e educação popular em saúde, por meio da divulgação do quadro clínico da doença e as formas de diagnóstico, prevenção e tratamento.
Em todo o Amazonas, o número de casos novos de tuberculose oscilou nos últimos três anos, sendo 3.209 casos novos em 2021, 2.853 em 2020 e 3.244 em 2019. De acordo com a diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, a campanha busca a mobilização para destacar a ocorrência de tuberculose que não pode ser negligenciada e exige equipes sensíveis à prevenção, diagnóstico e tratamento.
“A campanha faz referência às principais ações que serão fortalecidas, ao longo de 2022, para combate da tuberculose, que inclui a ampliação do acesso ao diagnóstico e ao tratamento, principalmente, à Infecção Latente de Tuberculose. Trata-se de estratégia fundamental para que o Amazonas alcance as metas de eliminação da doença como problema de saúde pública”, finalizou Tatyana.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela micobactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse e por isso a recomendação de especialistas em saúde é para que pessoas com tosse por duas semanas ou mais sejam examinadas, procurando uma das Unidades de Saúde da rede municipal para a realização de exames.
Quanto a transmissão, ela ocorre quando, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa, ainda sem tratamento, lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas.