NOVO CARDEAL

"A Amazônia não foi esquecida", diz Dom Leonardo após nomeação como cardeal

arcebispo metropolitano de Manaus passa a integrar o Colégio dos Cardeais, a partir de 27 de agosto, data em que ocorrerá a investidura dele, na Basílica de São Pedro, em Roma

Giovanna Marinha
30/05/2022 às 13:59.
Atualizado em 30/05/2022 às 13:59

(Foto: Arquivo/Arquidiocese de Brasília (DF))

O fortalecimento da Igreja Católica na Amazônia deve ser a principal bandeira de Dom Leonardo Steiner, anunciado cardeal neste domingo (29) pelo Papa Francisco. O arcebispo metropolitano de Manaus passa a integrar o Colégio dos Cardeais, a partir de 27 de agosto, data em que ocorrerá a investidura dele, na Basílica de São Pedro, em Roma.

Steiner disse que foi surpreendido com a nomeação, pois, apesar das conversas indicarem a possibilidade, não houve comunicado oficial, até o anúncio feito pelo pontífice diretamente da Praça São Pedro. O arcebispo pediu orações dos fiéis, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (30).

 “O Papa não costuma avisar nada. Ele chega na janela na Praça de São Pedro e apresenta a nomeação. Eu fiquei primeiro meio incrédulo, porque existe muita conversa sempre, mas outra coisa é quando chega o momento da nomeação e não tinha nenhum comunicado oficial”, reforçou.

Além dele, o arcebispo de Brasília (DF), Dom Paulo Cezar Costa também deve representar o Brasil, que passa a ter 5 cardeais junto a Dom Sérgio da Rocha (Salvador), Dom Odilo Pedro Scherer (São Paulo), Dom Orani Tempesta (RJ).

A nomeação de Dom Leonardo é classificada como um resultado do Sínodo para a Amazônia. O encontro reuniu leigos e religiosos das nove regiões do bioma amazônico no Vaticano, em 2019 e gerou polêmica no Brasil, apesar de ser um debate sobre as diretrizes do catolicismo, devido ao apelo ambiental dado à discussão.

“Eu creio que é uma alegria para todos nós na Amazônia. A nomeação minha não diz respeito apenas a minha pessoa. Sabemos que o Papa Francisco tem um carinho especial pela Amazônia e pelas igrejas que estão na Amazônia. Sabemos que no tempo da pandemia ele teve a delicadeza de ligar para nós e com essa nomeação ele mostra mais uma vez o quanto ele está próximo das nossas Igrejas e o quanto ele está próximo da nossa região. A Amazônia não ficou esquecida”, disse.

O arcebispo não deixa as funções na Arquidiocese de Manaus, mas passa a aconselhar o Papa sobre as decisões da Igreja que, em números, tem mais de 120 milhões de brasileiros, segundo o dado mais atualizado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e corresponde a cerca de 19% da crença da população mundial.

“Eu me alegro em poder participar agora mais intensamente da construção dessa Igreja que deseja ser uma Igreja cada vez mais missionária, cada vez mais presente e uma Igreja cada vez mais viva”, reforçou o sacerdote.

Antenado nas discussões nacionais, Dom Leonardo nunca escondeu a opinião mesmo com assuntos polêmicos. Em entrevista ao A CRÍTICA em setembro de 2021, ele comentou sobre o uso de Igrejas como palanque político, criticou a condução das políticas de amparo aos mais pobres e de combate a pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e ainda questionou as ações das igrejas neopentencostais que segundo ele estão “voltadas para o lucro”.
A nomeação para o Colégio dos Cardeais de um bispo que atua na Amazônica, segundo Steiner é um claro sinal de que Papa Francisco está direcionando o olhar para que as “periferias” possam construir uma nova história para a Igreja e, e no caso da região amazônica, possam ser colocas em prática as diretrizes descritas na carta “Querida Amazônia”, resultado do Sínodo.

“Eu espero dar a minha contribuição para que isso se torne uma realidade. Para que a Igreja, sejam muito viva, uma Igreja das pequenas comunidades, uma igrejas das comunidades eclesiais de base, uma Igreja profundamente encarnada, uma Igreja profundamente inculturada, uma Igreja que verdadeiramente possa ouvir os povos indígenas e encontrar as suas expressões também celebrativas, as suas reflexões teológicas de reflexão e oração e para isso tudo existe um esforço, mas, principalmente, um bom animo para continuar a nossa caminhada”, finalizou o arcebispo.

É formado em Filosofia,Teologia e Pedagogia. Foi ordenado padre em 1978. Foi professor nas casas de formação para padres. Em Roma fez mestrado e doutorado em Filosofia. Foi secretário-geral da Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo referencial para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

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