O empreendedor Geraldo Rufino ministrou palestra em evento corporativo do Grupo Atem. Ele falou sobre resiliência e positividade em tempos de crise
Empreendedor Geraldo Rufino ministrou palestra em evento corporativo do Grupo Atem (Foto: Divulgação)
Diante de uma crise financeira ou sanitária, quem é você? É aquele que olha para frente ou fica preso ao retrovisor? A provocação foi feita pelo fundador da JR Diesel, empreendedor Geraldo Rufino, durante palestra que ele ministrou nesta quinta-feira (28/04), para mais de 100 colaboradores em evento corporativo do Grupo Atem, no Novotel.
Rufino, que hoje está com 63 anos, falou sobre “O Poder da Positividade”, que também é tema de um de seus livros. O primeiro deles foi “O Catador de Sonhos”, em que conta como quebrou seis vezes, tendo saído dessas experiências ainda mais sábio e mais rico. A JR Diesel, que ele fundou, é a primeira e maior empresa de reciclagem de caminhões da América Latina.
Nascido no estado de Minas Gerais, mas criado na favela do Sapé, em São Paulo, Geraldo Rufino ficou conhecido por sua trajetória de menino que recolhia latinhas em lixões para vender no ferro velho até se tornar o fundador da maior empresa da América Latina em reciclagem e desmontagem de veículos.
Antes da palestra no Novotel, Rufino conversou com A Crítica sobre como continuar a vida em tempos de crise e como manter a resiliência e a positividade.
A CRÍTICA - No início do ano, o senhor ministrou o curso “Como superar a crise”. Existe uma fórmula para as pessoas seguirem neste cenário?
Geraldo Rufino - A fórmula mágica existe e acontece todos os dias: basta você ter o privilégio do reinício, ou seja, estar vivo, começar mais um dia. Acredito que quem se levanta, todos os dias, deveria agradecer. Ainda mais se isto acontecer em um país como o Brasil: você acordar e dar de cara com o melhor clima do planeta, a melhor quantidade de terras produtivas, de água doce, de petróleo, de minérios! Nós estamos em uma região onde a natureza é sustentável. Isto significa que somos ricos por natureza. O ser humano que acordar pela manhã e não agradecer, tem mais é que apanhar (risos).
A CRÍTICA - Qual o principal erro das pessoas diante de uma crise como a que vivemos agora?
Geraldo Rufino - Acho que a maior crise está em as pessoas deixarem o problema ser maior que elas. As crises são geradas pelo ser humano. Isto significa que elas são menores que nós. Então, à medida que você encara cada problema, cada adversidade como parte da nossa evolução, as pedras no caminho serão degraus para você subir. As crises são necessárias. Você só precisa aprender a administrá-las e tirar proveito delas. A crise é só uma mudança.
A CRÍTICA - O senhor acha, então, que a visão de mundo de cada pessoa é fundamental para que ela tenha sucesso?
Geraldo Rufino - Desde que passamos a ser considerados humanos racionais, somos conduzidos a não acreditar: não acreditar em nós, acreditar que nós somos o problema, acreditar que dinheiro é difícil, acreditar nas dificuldades, acreditar que você tem dificuldade por ser negro, por ser índio, por ser pobre. Então, na realidade, isto é uma fraqueza porque alguém despertou primeiro e, pra ele se destacar, ele procurou enfraquecer o próximo.
Nós estamos no século 21, hoje tem informação, tecnologia; as pessoas ainda estão olhando no retrovisor, entendendo que tudo é complicado; que ganhar dinheiro é difícil. (...) Então, é o ponto de vista para onde cada um está olhando que define seu caminho e parar de achar que a crise vai passar. A crise faz parte do nosso crescimento e evolução assim como nós trocamos de células a cada 24 horas.
A CRÍTICA - O senhor costuma criticar a expressão “novo normal”, que passaram a usar depois da pandemia. Qual sua opinião sobre isto?
Geraldo Rufino - As pessoas costumam dizer: como lidar com o novo normal. Mas, para mim, elas precisam voltar a resgatar a força interior, a espiritualidade, a humanização, a generosidade, bondade, carinho, respeito ao próximo e a conviver com os diferentes.
Na realidade, o novo normal já aconteceu há muito tempo atrás. Nós precisamos apenas resgatar esses valores e parar de achar que tudo é um problema.
A CRÍTICA - É possível ensinar as pessoas a ter uma nova visão de mundo, com mais resiliência?
Geraldo Rufino - Estamos falando de mentalidade. Eu tenho um livro que se chama “O Poder da positividade”. É um jeito de você olhar a parte boa da vida. Oitenta por cento é bom e 20% é resíduo. É só parar de olhar para o estrume e olhar para o cavalo. A maior parte do que está a nossa volta é boa. As pessoas estão insistindo em olhar pra baixo. Na realidade, levantar de manhã é uma oportunidade de olhar pra cima e perceber que você ganhou a oportunidade que todo mundo busca e, na realidade, ganha de presente que é o dia. É a oportunidade de você recomeçar, de transformar, mudar. Mas tem muita gente terceirizando e esperando que alguém faça. Esse alguém é você.
A CRÍTICA - O senhor fundou uma empresa de reciclagem. O senhor acha que reciclar faz parte da sua visão de mundo de transformar o ruim em bom?
Geraldo Rufino - Eu reciclo desde pequeno a vida. A vida é reciclável. Todos os dias você pode começar de novo e aproveitar aquilo que você tem de conteúdo, de informação, de vivência, de experiência, de aprendizado. (...) A minha atividade é só uma habilidade que eu aprendi a lidar com a vida: reciclar, aproveitar aquilo que já existe, copiar e melhorar. É isso. Se as pessoas aprenderem que sustentabilidade, reciclagem, é só a vida, é só você cuidar de si mesmo e daquilo que te mantém vivo: o ar, a terra a natureza... Isto é a essência da vida. Se você cuidar da vida dessa forma como se fala em reciclagem, sustentabilidade; se você olhar pra dentro e começar o movimento físico de reciclagem consigo mesmo, com certeza você irá melhorar não só a sua vida, mas de todo o universo a sua volta. Seja o primeiro a dar o exemplo.