A CRÍTICA esteve na manhã desta sexta-feira, 11, em todas as zonas da capital amazonense para saber o que os manauaras tem a dizer sobre mais esse aumento
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Após o aumento repentino dos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras, ontem, 10, A CRÍTICA esteve na manhã desta sexta-feira, 11, em todas as zonas da capital amazonense para saber o que os manauaras tem a dizer sobre mais esse aumento. O cenário é de alta insatisfação e baixa procura de clientes nos postos de gasolina.
Na Zona Centro-Sul, um frentista que preferiu não se identificar afirmou que o fluxo no local foi normal, apesar do aumento. O local registrava o valor de R$7,49 nesta manhã.
“Até agora ninguém reclamou do preço. Acredito que a população esteja cansada de tanto aumento e de reclamar. Então quem precisa, continua abastecendo. Com raiva, mas abastecem”, disse.
O auxiliar de produção Tarlisson Ferreira reclamou dos preços mas disse que precisa abastecer o veículo para sua locomoção no dia a dia. “Muito caro. Mas a gente tem que andar então abastecemos com essa gasolina. Minha moto é econômica, se eu colocar R$100 consigo andar bastante. Mas mesmo assim é cara é um absurdo”, criticou.
Marcos Carvalho é entregador de aplicativos e sem conhecer o amazonense que o antecedeu na fala, classificou da mesma forma: absurdo. “Com este aumento da gasolina era necessário que se aumentasse também a taxa que é repassada para quem trabalha nos aplicativos. Dependemos da gasolina para fazer a entrega”, revelou.
Foto: Gilson Mello
Ele lembra que há uma organização dos custos e essas altas, que tem sido recorrentes, afetam de forma direta no orçamento de quem trabalha no segmento. “Hoje, nós gastamos mais do que antes. Eu trabalho umas 12 horas por dia, abastecia 3 vezes por semana e hoje gasto R$150 por semana. Já estou na reserva”, conta Marcos.
Zona Sul
Na zona Sul, o movimento foi fraco. Em um posto no bairro Praça 14, um frentista que preferiu não se identificar afirmou que o posto – que está comercializando gasolina a R$7,49 - costumava ter filas de carro para abastecer durante o começo da manhã, o que não aconteceu.
“De manhã a essa hora costuma ser muito movimentado, e até tem filas de carro. Hoje, todos aqui estão optando pelo Etanol, que está R$5,29. Os clientes continuam abastecendo”, disse. No posto em questão, um cliente que abasteceu R$50 conseguiu apenas 6,67 litros.
O motorista de aplicativo Francisco Bezerra de Oliveira classificou como absurdo o aumento dos preços dos combustíveis. Ele conta que no seu ciclo e motoristas, vários colegas que dependiam de carros alugados para o serviço já sinalizaram que devem parar de rodar.
“Absurdo. A corrida já é um curso bem baixo do esperado aí a gasolina aumenta. Quem trabalha com carro alugado, infelizmente vai ter que devolver e já devolveram, inclusive ouvi relatos. Não tem como. Tem corrida de R$5,80, R$6, R$7 e a gasolina R$7,59”, criticou.
“Hoje você ‘tá’ pagando pra trabalhar. Acabei de colocar R$200 e ele dura no máximo 2 dias e eu trabalhando por 8 horas no mínimo. No Aplicativo, você tem que trabalhar no mínimo 12 horas, senão você não tem retorno. O dinheiro que você faz, você põe a gasolina e só trabalha mais”, afirmou o motorista categoria D, que está desempregado.
Atravessando a cidade
No outro lado da cidade, no bairro Compensa, zona oeste de Manaus, outro motorista confessou que não irá mais fazer corridas de aplicativo. João Correia Filho começou a rodar para ter uma renda extra, hoje, do que recebe no app, 50% vai para os gastos com Gasolina.
“Metade do que eu ganho vai para gasolina. Ontem, eu entrei na fila em um posto na Ponta Negra, coloquei R$50 e já estou aqui abastecendo de novo. Eu pretendo parar de correr. Tenho outra fonte de renda, é um complemento, mas se tornou inviável, não dá mais não, sabe?”, disse.
Ele afirmou que está selecionando quais corridas vai fazer e que os clientes já estão reclamando do alto índice de cancelamento de motoristas. “Não estou aceitando todas. Clientes já reclamam de muito cancelamento. Os clientes falam que vão comprar é carro, na verdade. Pessoas dizem que estão perdendo muitos compromissos”, informou João.
Em um posto do bairro Cidade Nova, Zona norte, mesmo quem abastece com diesel – que também sofreu reajustes no valor – reclama dos altos preços. O motorista de caminhão Oziel Silva abasteceu com diesel e disse que já sentiu no bolso os resultados dos aumentos.
“Cada vez o preço da gasolina só aumenta. Hoje estamos colocando R$200 reais e amanhã já temos que colocar de novo. Estou pagando R$6,44 e amanhã já acaba. Trabalhamos com entregas para o comércio por no mínimo 8 horas por dia”, conta.
Preocupação na ZL
Na zona mais populosa de Manaus, a zona leste, os altos preços preocupam os moradores. O motorista Aldemir Guimarães que dirige uma 4x4 e disse que com os R$200 que abasteceu hoje, só deve durar 2 dias.
Aldemir Guimarães abasteceu o carro, mas combustível deve durar por apenas dois dias. Foto: Gilson Mello
“No máximo dura uns 2 dias. Com esse carro, eu costumava rodar uma semana com o mesmo valor. Os aumentos graduais dos valores foi fazendo diminuir o tempo entre um abastecimento e outro. Vai ter que aumentar o valor pra abastecer”, explica.
O motorista possui carro próprio, mas confessou que pensa em voltar a utilizar o transporte coletivo. “Vou voltar para o ‘busão’”, afirmou.
Para o moto taxista Alecssandro Feitoza, a solução é procurar outros meios de renda, como as entregas de delivery. “Estou procurando outros meios e de não estar só fazendo mototáxi. Começar a fazer entregas por aplicativo e delivery. A demanda cresceu bastante, trabalhar de motoboy para lanche porque não compensa fazer moto táxi”, confessou.
“Já estava pensando em me cadastrar nos aplicativos, agora eu tenho que cadastrar mesmo. É outra alternativa e não tem nem como fugir”, finalizou.