Em Manaus, mototaxistas veem no aumento da gasolina fuga de passageiros de apps
“Se o passageiro parar aqui [em uma parada próxima ao Terminal 5, no bairro São José], eu ganho mais, porque atualmente os apps tiraram grande parte do nosso lucro"
(Foto: Phil Lima)
Os constantes aumentos no preço da gasolina em todo o Brasil têm afetado inúmeras categorias de trabalhadores, e pode trazer algumas mudanças importantes no cenário das corridas por aplicativos. Isso porque com os recém-anunciados reajustes nos preços das corridas na Uber e o 99, os mototaxistas se tornam mais uma vez uma das melhores opções de transportes para as pessoas.
A reportagem de A CRÍTICA conversou com alguns mototaxistas de Manaus para saber como o aumento no preço da gasolina tem afetado o trabalhado deles. E para Moises Brito dos Santos, que trabalha como mototáxi há mais de oito anos, ainda que a situação econômica não esteja tão boa, ainda é possível manter-se dentro deste mercado de trabalho.
“Não melhorou, o número de corridas ainda é mesmo, mas para a gente também não piorou tanto assim. Para motoristas de Uber e 99 que as coisas estão ruins, porque agora eles basicamente dirigem carros e ganham em uma corrida o mesmo valor que uma moto ganharia, então para eles eu acho que não compensa, enquanto que para a gente, ainda fica ‘ok’. Então comparando as situações, dá para dizer que a gente, mais para frente, pode até ganhar algo com tudo isso”, afirma o mototaxista.
Segundo o relato do mototaxista, mesmo com os recentes reajustes do combustível, ainda é possível realizar, por dia, cerca de 20 corridas, podendo conseguir de R$ 150 a R$ 200 em um dia de trabalho – o que o mesmo considera como algo aceitável. Já para Vagner Tiago, também mototaxista, com o atual cenário econômico, as corridas se tornam mais lucrativas quando não há um app de intermediário.
“Se o passageiro parar aqui [em uma parada próxima ao Terminal 5, no bairro São José], eu ganho mais, porque atualmente os apps tiraram grande parte do nosso lucro. Agora, não sei fazer essa comparação com carros [de aplicativo], mas talvez se continuar assim a gente tenha mais corridas. Mas, para mim, ainda não tem muita diferença”, afirma.
Do outro lado, o passageiro também vem sendo afetado, e faz com que pessoas como atendente de caixa, Caio Rogério Machado, acabe por optar pelo mototáxi ao invés do carro via aplicativos.
“Para mim o mais econômico é ônibus, mas tem dias que não tem como pegar o ônibus, a gente se atrasa e tudo. Aí, tendo que escolher entre Uber, 99 e moto, a moto vai compensar mais, porque eu trabalho no centro, e uma corrida de carro daqui [Zumbi] para lá, em um horário bom, é no mínimo 20 ‘conto’. Agora uma moto eu pago metade, e em horário de cheio, ele ainda consegue me deixar mais rápido. A gente tem que pesar essas coisas”, relata.
Alta no preço
A Petrobras anunciou na semana passada o aumento de 24,9% para o diesel; 18,7% para a gasolina; e 16% para o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) a partir nas suas refinarias. Segundo um levantamento da empresa de gestão de frotas ValeCards, o preço médio da gasolina no Brasil, ficou em R$ 7,47 por litro.