Lei aprovada pelo Congresso foi suspensa pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso e categoria foi às ruas em Manaus protestar
Enfermeiros protestaram e tentaram acessar o Sambódromo (Foto: Gilson Mello)
Dezenhas de enfermeiros vestiram preto na manhã desta quarta-feira (7) para protestar contra a decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou o piso da enfermagem.
A movimentação foi em frente ao Sambódromo de Manaus, onde ocorria o desfile cívico em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil. Palavras de ordem contra a decisão do ministro eram proferidas pelos manifestantes e estampavam cartazes.
Barroso suspendeu a lei que criou o piso salarial nacional, aprovada este ano, a pedido da CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços),que argumentou que a lei não podia ser executada de forma plena por conta das desigualdades regionais. A CNSaúde também disse que a lei causaria demissão de profissionais da enfermagem. Barroso deu prazo de 60 dias para que Estados, Municípios e Governo Federal se manifestem sobre eventuais impactos.
A reclamação foi geral em toda a categoria no País e isso foi visto em Manaus. "Foi dito que o nosso piso salarial está na lei. Eu espero que isso seja aprovado", declarou a técnica de enfermagem, Kelly Silva que atua no Hospital 28 de Agosto.
Profissionais de enfermagem foram às ruas no Dia da Independência (Foto: Giovanna Marinho)
Além das cores pretas, o verde e amarelo da bandeira do Brasil também estava presente no protesto. Ao longo do percurso os enfermeiros e técnicos de enfermagem eram aclamados com palmas por quem chegava ao Centro de Convenções para assistir a passagem das Forças Armadas.
"Nós recebemos um salário mísero. O salário do povo brasileiro é miserável, não dá para sobreviver. A saúde é desrespeitada. Quem trabalhou na pandemia? Quem ficou na linha de frente cuidando de quem precisava? Merecemos respeito sim", declarou a técnica de enfermagem, Arlete Costa.
Candidatos, principalmente os ligados a direita, aproveitaram o momento de ordem contra o STF para entregar panfletos e cumprimentar quem passava por ali. Um deles inclusive levou um boneco do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Imagem do presidente Bolsonaro foi usada por manifestantes (Foto: Giovanna Marinho)
Ao fim do desfile cívico, os manifestantes invadiram a pista do Sambódromo. Na saída da marcha os agentes da Polícia Militar ainda tentaram barrar a entrada dos enfermeiros.
Ao passar pelo local uma das frases chamou a atenção da reportagem: "na pandemia a gente era herói, aqui a gente é bandido", dizia uma das manifestantes.
Com a saída do público não foi possível segurar a entrada dos manifestantes.