Moradores foram levados para hotéis. O Sesc afirma que não construiu o muro, mas que está prestando cuidados às famílias que foram atingidas pelo desabamento
(Foto: Arquivo Pessoal)
O desabamento parcial de um muro que circunda o balneário do Serviço Social do Comércio (Sesc), no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste de Manaus, deixou duas famílias sem moradia fixa. Um mês após o incidente, ocorrido no dia 18 de fevereiro, os moradores reclamam que ainda não puderam voltar para as suas casas. Isso porque a Defesa Civil esteve no local e classificou a área como de alto risco, com possibilidade de novos desabamentos.
Uma das casas atingidas é da analista financeiro, Katlen Monteiro. Ela relata que a situação é a antiga e não é a primeira vez que o muro desaba, trazendo transtornos para a vizinhança do balneário. “Essa mesma coisa aconteceu há quatro anos, só que foi um pouquinho pior. Mas eles querem se isentar da culpa, querem dizer que a culpa é da construtora, que o muro do lado deles está ok, sendo que nós já temos dois laudos da Defesa Civil que comprovam que a obra é irregular e que eles precisam se responsabilizar”, defende.
A família do supervisor financeiro, Raphael Gomes, também precisou deixar sua casa, uma das mais atingidas pelo desabamento parcial do muro. “Tudo começou em 2018, numa chuva, uma árvore caiu em cima do muro do Sesc, esse muro caiu em cima de casa e quebrou uma parte da casa, machucou a minha mãe. Aí eles reformaram o muro e construíram essa proteção, tipo rip-rap, e agora, essa estrutura construída por eles, com a chuva, cedeu, e como era muito pesado, quebrou o muro contra a casa”, relatou.
Em nota, o Sesc afirmou que no mesmo dia em que foi informado do ocorrido com o muro de contenção que colapsou devido a fortes chuvas, a equipe da Seção de Engenharia e Obras da instituição compareceu ao local para fazer as análises técnicas da situação do local e emitir parecer. Na nota, o Sesc destaca que o muro de arrimo não foi construído pela entidade, mas que os proprietários dos imóveis atingidos pelo desabamento, desde a data do evento, foram assistidos pela instituição com acomodação em rede hoteleira.
“A atitude tomada pelo SESC/DR/AM, referente à acomodação, se dá em conformidade com suas características fundamentais com o atendimento social e respeito à sociedade como um todo. Oportuno acrescentar neste sentido, que o incidente se encontra sob avaliação da Defesa Civil que emitirá laudo técnico que será divulgado quando disponível”, finaliza a nota de esclarecimento da instituição.
Os moradores, porém, relatam que a assistência dada pela instituição não os atendem, já que só foi disponibilizada a hospedagem, e a situação se estende sem solução há um mês. “Nesse meio tempo estamos sem ter onde morar, porque um deles da equipe do Sesc disse que a gente não pode está na nossa casa porque é uma área de risco e a qualquer momento o muro pode desabar, e como a gente tem filho pequeno, a gente não vai ficar lá. Aí a gente fica de favor na casa dos outros e eles não resolvem a nossa vida”, disse Katlen.
“O hotel não me atendia porque eu tenho um filho de 1 ano e 8 meses, que tem horário pra comer, tem as necessidades dele, tem que lavar roupa, fazer comida e no hotel não tem como fazer isso. Eu não tenho dinheiro pra comer 30 dias no hotel, comprar água, R$ 8 uma água no hotel... Eles pediram pra gente ver um aluguel de um apartamento ou casa que nos atendesse, não deu em nada, conseguimos o contrato, eles ficaram de analisar e não deram resposta nenhuma”, relatou também Raphael.
Ainda de acordo com Raphael, foram abertas duas ocorrências na Defesa Civil sobre o desabamento do muro, uma a pedido dos proprietários dos imóveis atingidos e outra a pedido do Sesc. Na nota, o Sesc afirma que ainda aguarda laudo técnico da Defesa Civil, que será divulgado quando disponível. Já os moradores apresentam um laudo da Defesa Civil que classifica o local como área “em risco muito alto” e com “risco iminente de desabamento”.
“Diante do exposto, com a intenção de minimizar e evitar a exposição dos moradores que vivem no local, a fim de evitar riscos ou transtorno de maior proporção, esta Secretaria de Proteção e Defesa Civil de Manaus – SEPDEC vem por meio desta informar que, o muro de propriedade do SESC encontra-se em Situação de Risco Iminente de Desabamento, havendo a necessidade de intervenção imediata no local, visando a execução de uma cortina de contenção em concreto armado, com o intuito de eliminar o risco que o local apresenta”, concluiu o relatório da Defesa Civil apresentando pelos moradores.
Confira a nota do Sesc na íntegra
"O Serviço Social do Comércio - Departamento Regional do Amazonas (SESC/DR/AM), através da sua Direção Regional, vem de público esclarecer os fatos ocorridos no dia 18 de fevereiro de 2022, mesmo dia em que o SESC/DR/AM foi informado do ocorrido, com o muro de contenção, localizado na parte externa do muro que circunda o Balneário do SESC/DR/AM, que colapsou em razão do regime das fortes chuvas do período.
O SESC/DR/AM através da sua equipe da Seção de Engenharia e Obras compareceu ao local para fazer as análises técnicas da situação do local e emitir parecer sobre o ocorrido. O colapso do muro de arrimo não construído pelo SESC/DR/AM acabou por atingir imóveis da vizinhança, cujos proprietários, desde a data do evento, foram assistidos pela instituição, onde foram acomodados na rede hoteleira.
A atitude tomada pelo SESC/DR/AM, referente à acomodação, se dá em conformidade com suas características fundamentais com o atendimento social e respeito à sociedade como um todo. Oportuno acrescentar neste sentido, que o incidente se encontra sob avaliação da Defesa Civil que emitirá laudo técnico que será divulgado quando disponível. Direção Regional"