PROFISSÃO PIPOQUEIRO

Há mais de 30 anos no ramo, pipoqueiro da Ponta Negra conta como a profissão sustentou a família

Raimundo Fortunato, aos 66 anos, atravessa a cidade desde a Zona Leste de Manaus para vender a iguaria no calçadão da Ponta Negra, de segunda a domingo

Lucas Vasconcelos
05/03/2022 às 15:01.
Atualizado em 12/03/2022 às 12:35

8c4ddff2-f694-4841-b976-85f47c6d792f_58C213B0-8CBC-415F-99C9-67842718419B.jpg

A profissão de pipoqueiro é apontada como uma das mais antigas que se tem registro, permanecendo viva até os dias de hoje. Presente em diferentes localidades como praças, cinemas, porta das escolas e igrejas, a tradicional carrocinha de pipoca atrai todos os tipos de público, desde as crianças até aos mais idosos. 

Figura ilustre da capital amazonense, o pipoqueiro Raimundo Fortunato, de 66 anos, é um dos profissionais mais ativos e antigos de Manaus, exercendo a profissão há 33 anos - sendo a maior parte desse período no calçadão da Ponta Negra, localizada na Zona Oeste da capital.

Natural de Porto Velho (RO), Raimundo Fortunato contou ao  A CRÍTICA sobre sua chegada à capital no final da década de 80 e como foi bastante difícil conseguir um emprego.

“Durante toda a minha vida sofri bastante. Vim para Manaus sem conhecer ninguém, sem emprego, sem nada. Mas, nunca deixei de observar as oportunidades que me eram oferecidas. Comecei a vender picolé nas ruas. E, nesse tempo, conheci uma pessoa de bom coração que me ofereceu um emprego na antiga Casa do Óleo, ganhando um salário mínimo. Porém, fiquei apenas um mês, pois o dinheiro não era suficiente para sustentar minha família”, descreve.

É vendendo pipoca que o seu Raimundo ganha a vida há três décadas. Foto: Phill Limma

Após a rápida trajetória no supermercado, Fortunato trabalhou durante seis meses na TV Lar; e logo em seguida trabalhou no Lord Manaus Hotel (um dos hotéis mais antigos da cidade), localizado na rua Marcílio Dias, Centro de Manaus. Lá, Fortunato trabalhou por um ano até ser desligado por corte de gastos da empresa, em 1989.

Para Fortunato, o tempo em que trabalhou no hotel foi crucial para o início da sua jornada que viria a ser como pipoqueiro.

"Durante o tempo que trabalhei no Lord Hotel, fiz amizade com vários vendedores ambulantes na praça que ficava perto do hotel. Quando saí, um dos ambulantes que vendia pipoca me deu oportunidade para aprender e ajudá-lo nas vendas e foi aí que entrei para o ramo", relembra Fortunato.

O pipoqueiro trabalhou em diversas praças localizadas no Centro Histórico de Manaus, como a Praça da Saudade, Largo São Sebastião, até se fixar no calçadão da Ponta Negra.

"Comecei alugando um carrinho e fui trabalhando até Jesus abrir as portas para mim. Comprei um carrinho. Trabalhei na Praça da Saudade, Praça da Polícia, Largo São Sebastião. Foi quando começaram a reformar a Ponta Negra e decidi me mudar para lá. No início foi bastante difícil, pois não era permitido né? Mas depois de muita luta consegui o crachá [permissão para comerciantes informais] da Prefeitura para poder vender lá no calçadão", destaca o pipoqueiro.

Desafios da profissão

Morador do bairro Coroado, localizado na Zona Leste de Manaus, o pipoqueiro atravessa a cidade todos os dias a partir das 15h. Chegando no calçadão da Ponta Negra, começa a vender pipocas de 18h até 22h. Em dias de grande movimento, segundo Fortunato, o expediente vai até depois das 23h.

“Trabalho de segunda a domingo. É direto, a gente não para. Os feriados são os melhores dias pois dá mais gente. De 18h até 22h, às vezes até depois das 23h, em dias de grande movimento. Dias de semana é bem fraco ainda mais em tempos chuvosos. Teve dias que só consegui faturar R$15. Em dias bons e feriados, consigo faturar por volta de R$ 400”, comentou.

A banca do seu Raimundo fica no calçadão da Ponta Negra, próximo ao anfiteatro. Foto: Phill Limma

Fortunato também relata como nos últimos anos tem sido desafiador manter o trabalho, devido a pandemia do coronavírus. Mas, acredita que neste ano, as vendas podem melhorar.

"A Ponta Negra era bem mais movimentada, tínhamos bastantes atrações que chamavam turistas, como o Boi Manaus. Agora com a pandemia tem sido bastante dificultoso. Até hoje estamos tentando nos recuperar desse mal, né? Mas acredito que Deus vai fazer com que a gente saia dessa situação. Trabalhei mais de 30 anos como pipoqueiro, pude sustentar minha filha que hoje tem 33 anos e sua família. Tenho fé que tudo vai melhorar", destaca o pipoqueiro.

O Dia da Pipoca

Sim! No Brasil existe a data comemorativa. O dia é celebrado em 11 de março. Nos Estados Unidos, a data é comemorada no dia 11 de janeiro.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por