POSICIONAMENTO

Jayoro cobra Estados sobre benefício a Zona Franca: "ninguém quer assumir os custo da preservação"

Na manhã de hoje, funcionários da empresa realizaram manifestação contra decreto que retira benefícios da Zona Franca de Manaus zerando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos Concentrados

Giovanna Marinho
04/05/2022 às 19:12.
Atualizado em 04/05/2022 às 19:12

(Foto: Divulgação)

Em resposta aos questionamentos da reportagem de A CRÍTICA, a Agroindústria Jayoro, situada no município de Presidente Figueiredo, a 125 quilômetros de Manaus, enviou uma nota cobrando o posicionamento dos outros estados que “fazem uso da imagem e dos benefícios que a floresta amazônica gera ou propicia, mas ninguém quer assumir nenhum custo ou ônus para tal preservação”. 

Na manhã desta quarta-feira (4), centenas de funcionários da empresa que beneficia guaraná e açaí para as fabricantes de refrigerantes realizaram uma manifestação contra o decreto que retira benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) zerando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos Concentrados.

A Jayoro confirmou que liberou os funcionários para que pudessem participar o protesto e que ainda pagou, a pedido dos trabalhadores, faixas que foram usadas no ato para estampar frases pedindo uma ação pro Zona Franca do presidente Jair Bolsonaro (UB) do ministro da Economia, Paulo Guedes. 

Segundo a empresa, que emprega mais de 1,2 mil funcionários na alta sagra, apesar de possuir capacidade para processar 100% da necessidade da indústria local, as condições climáticas e do solo amazônico encarecem os custos da produção e se as empresas do Polo de Concentrados passarem a comprar de outras regiões do país a produção na Jayoro deve ser encerrada. 

Leia a nota na íntegra:

Neste momento apenas estamos aguardando, já que não recebemos, até agora, nenhum posicionamento dos clientes do Polo de Concentrados de Manaus.
O risco existirá, caso as indústrias do Polo de Concentrados não mais comprarem os produtos acabados da Jayoro, como açúcar e extrato líquido de Guaraná, haja vista que os custos de produção de uma Agroindústria no Amazonas é bem mais alto que os custos de produção nas áreas sucroalcooleiras tradicionais, ou seja, as empresa que mantém a atividade da Jayoro acabam tendo que pagar um preço um pouco mais alto para poderem fazer uso de matéria prima local.
A cana-de-açúcar no Amazonas, por excesso de chuvas, acaba vegetando muito e crescendo, mas concentrando menos açúcar que as canas no Centro-Sul e no NE, daí que, se as empresas do Polo de Concentrados passarem a comprar ne outros estados brasileiros, a Jayoro terá que encerrar as suas atividades.
A Jayoro tem capacidade para absorver 100% da necessidade das empresas do Polo de Concentrados, mas algumas não querem assumir um custo ligeiramente mais caro.
Todos devem lembrar que para que seja possível assegurar a preservação da floresta amazônica, faz-se necessário assumir certos custos, gerando condições de empregos e rendas para o povo da Amazônia, principalmente do Amazonas.
A Zona Franca foi criada para tal e vem cumprindo, com grande eficiência e eficácia, seu papel principal de preservar a floresta. A criação ou geração de outra matriz econômica exige muitos anos e a manutenção da Zona Franca para sustentar e propiciar estas mudanças, as quais são muito difíceis de levar adiante, pois se assim não fosse, a Jayoro não estaria correndo riscos. O solo do Amazonas é muito pobre, pois na sua maior parte foi desenvolvido sobre os sedimentos da Bacia Amazônica e contém muitos poucos elementos nutrientes para a agricultura, exigindo dosagens de fertilizantes (adubos) maiores que na maioria dos demais solos brasileiros.
Assim como os nossos dirigentes políticos e ambientalistas dizem que o resto do mundo, que gostaria de transformar a Amazônia em patrimônio da humanidade, devem assumir os custos desta preservação e proteção da floresta, os demais estados brasileiros também deveriam assumir que a Zona Franca de Manaus tem que ser mantida e cada vez mais eficiente e eficaz, diluindo este custo entre todos os estados e não brigarem para acabar com a ZFM. Não há benefícios sem sacrifícios de todos. O Amazonas é o estado que mais protege a Amazônia Brasileira, pois apresenta 98% de suas florestas em pé, preservadas, ou seja, “O Amazonense é o maior Guardião da Floresta Amazônica”. Todos os proprietários de terras no Amazonas só podem fazer uso de até 20% da área de suas terras, sendo obrigados a preservar 80%, que chamam de “Reserva Legal”, isto é, enquanto no Centro-Sul e outras áreas do Brasil podem desmatar e usar até 80% de suas terras, o Amazonense preserva a floresta.
Todos os demais estados fazem uso da imagem e dos benefícios que a floresta amazônica gera ou propicia, mas ninguém quer assumir nenhum custo ou Ônus para tal preservação.

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