Evento ocorre ao longo desta terça-feira (08), no Centro de Convenções Vasco Vasquez, zona Centro-Sul de Manaus
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“Ser fonte motivadora para jovens mulheres”: essa foi uma das razões da I Marcha das Mulheres Indígenas do Amazonas que ocorre ao longo desta terça-feira (08), no Centro de Convenções Vasco Vasquez, zona Centro-Sul de Manaus. Rituais e danças indígenas, além de mesas redondas com diversos temas relacionados aos direitos e história dos povos originários fizeram parte da programação.
A expectativa de público, inicialmente de 200 lideranças, foi superada e, segundo a organização, mais de 300 indígenas de comunidades localizadas nos municípios de Anamã, Novo Airão, Beruri, Manacapuru, Itacoatiara e da capital, incluindo a zona rural, estiveram presentes no evento.
“É importante para a gente reforçar a nossa identidade, a identidade da mulher porque nós mulheres somos fortes, somos guerreiras e hoje estamos aqui representando o nosso povo. [Esse movimento] pode mudar muita coisa, tanto na comunidade, quanto no pessoal da gente. Muitas mulheres aqui que não tem voz e elas vão sair daqui com uma voz e um objetivo”, disse a jovem indígena Taina Cruz, da etnia Kambeba localizado no Rio Cuieras, afluente do Rio Negro.
Foto: Gilson Mello
O levante que tem objetivo final a composição de uma caravana para o acampamento Terra Livre, em Brasília, acordo com a coordenadora dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Marcivana Sateré Mawé, foi idealizado após várias reflexões de um grupo de mulheres. Elas observaram, que embora o Estado possua várias organizações indigenistas, não há sintonia entre os trabalhos desenvolvidos.
“Para nós é um momento histórico. É a primeira marcha das mulheres indígenas. Embora a mulher indígena esteja presente em todo esse processo de resistência histórica, hoje ela adquire o seu protagonismo. Ela sai da invisibilidade para a frente de grandes organizações e de lutas. Não ganha apenas os povos indígenas, ganha o estado, ganha o Brasil que tem raízes no sangue indígena”, declarou Marcivana.
Marcivana Sateré Mawé. Foto: Gilson Mello
Para aproveitar o ano eleitoral e garantir o compromisso dos pré-candidatos com a causa, durante o encontro foram debatidas diversas propostas em prol do bem-viver, educação, saúde, direito a terra, participação política dos indígenas. Conforme Alva Rosa, do Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas (FOREEIA) a carta será apresentada no próximo dia 30 e 31 evento que deve reunir mais de 1 mil líderes indígenas com o governo do Estado.
“A nossa meta com tudo isso são as nossas propostas nos planos de governo para o governador, presidente da República. E o impacto que nós esperamos disso é a união dos povos indígenas”, explicou.
Foto: Gilson Mello
Alcance para além da teoria
Propostas essas que podem ajudar a artesã indígena, Regina Sateré Mawé, da Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé. Ela espera que a união iniciada no evento conquiste políticas públicas que auxiliem o protagonismo feminino e valorize a profissão dela.
Regina Sateré Mawé. Foto: Gilson Mello
“Para nós como artesãs, vai ser bom para a geração de emprego e renda. Nós precisamos que a nossa arte seja olhada com bons olhos. A gente precisa de mais investimento e com um novo olhar para os artesãos indígenas”, reforçou a artesã.
Quem também esteve presente foi a pré-candidata ao parlamento estadual pela Rede, Vanda Ortega Witoto (foto de capa). A técnica de enfermagem que ganhou destaque internacional pela luta em favor dos povos indígenas no contexto urbano lembrou das várias violações dos direitos indígenas, em especial às mulheres, que ocorrem ainda nos tempos atuais e reforçou a importância da união por meio do evento.
“Esse é o momento que marca a retomada e o fortalecimento das organizações indígenas. As mulheres hoje estão assumindo papéis fundamentais dentro das nossas organizações e dentro da luta do movimento indígena. Nós temos ocupado os espaços dentro dessas organizações que tem sido fundamental para proteção dos direitos indígenas e levar as nossas demandas a partir daquilo que nós vivenciamos enquanto mulheres”,
A Marcha das Mulheres Indígenas continuará ao longo desta terça-feira com uma caminhada até a Delegacia da Mulher, bairro Parque Dez de Novembro, às 15 horas. No dia 04 de agosto está planejado a ida ao acampamento Terra Livre 2022, para pressão no Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional contra a aprovação do Marco Temporal.