Empreendedora

‘No início eu plantei, para hoje eu colher’, diz designer de unhas

Empresária relata a difícil arte de empreender, até conseguir conquistar o espaço no mercado e a clientela fiel

Lucas Vasconcelos
10/09/2022 às 09:50.
Atualizado em 10/09/2022 às 09:50

Antes de ingressar no setor de estética, a microempreendedora Daniela Lima passou por diversos ramos de serviços, alimentação e até eventos (Foto: Gilson Melo)

O sonho de ter o próprio negócio é compartilhado por grande parte dos brasileiros. Mas empreender, seja por desejo ou por necessidade, não é uma tarefa fácil. Para a designer de unhas amazonense, Daniela Lima, se consolidar no mercado foi preciso muita dedicação e perseverança. Além de muitas tentativas frustradas.

A amazonense, como muitos pequenos empreendedores, passou por diversos empregos até decidir que a vontade mesmo era gerir sua própria empresa.

“Eu trabalhei em várias empresas de carteira assinada, inclusive o último foi como assistente de Recursos Humanos (RH). Mas, eu sempre tive um desejo enorme dentro do meu coração, de ser dona do meu próprio negócio. Foi quando tomei a decisão de trabalhar por conta própria, montar o meu negócio. Isso em 2013”, conta Lima.

Antes de ingressar no setor de estética, a microempreendedora passou por diversos ramos de serviços, alimentação e até eventos. Entretanto, a falta de local próprio e pouco investimento inicial foram os motivos que dificultaram a permanência das atividades.

“Trabalhei com diversas coisas, montei uma banquinha de café da manhã com um casal de amigos. Vendíamos muito bem porque era tudo muito gostoso. Mas não tínhamos um ponto, era montado em uma esquina. Um trabalho de montar e desmontar todos os dias ficava muito cansativo pra todos, decidimos parar”, descreveu a amazonense.

“Já trabalhei com festas,  montei uma padaria e era sofrimento em cima de sofrimento porque só dava pra sobreviver. Talvez a forma que montamos o nosso negócio estava errado, pois não tínhamos outra fonte de renda. Era montar o negócio e viver daquilo. A gente sabe que no início não é dessa forma”, relembra a microempreendedora.

Força e dedicação

Após essas idas e vindas, Daniela Lima resolveu aprimorar uma atividade que realizava apenas para ganhar um dinheiro extra. Foi então que mais um capítulo se aproximou na vida da empreendedora.

“Depois de muito sofrimento, decidi fazer o que eu fazia de melhor: unhas. Sempre fiz desde os 14 anos, mas fazia como um bico, só quando eu estava desempregada. Só tinha aquela esperança e abracei com todas as forças que me restavam. Comecei fazendo em domicílio, conquistando as minhas clientes de volta. Depois de dois meses, arrumei um ponto aqui mesmo na casa da minha mãe, tudo muito simples, não era climatizado, a cliente sentava no puff, passava horas sentada, mas elas vinham em busca de um trabalho de excelência, e eu sempre pensei em dar o meu melhor”, disse.


Daniele Lima, designer de unhas, também ministra cursos para as profissionais que desejam ingressar na área (Foto: Gilson Melo)

 Profissionalização por conta própria

Daniela Lima decidiu ir mais além e resolveu se profissionalizar no ramo. Como não tinha dinheiro suficiente para pagar um curso de profissionalização, passou meses assistindo vídeo, aulas gratuitas no YouTube até conseguir se aprimorar para poder prestar serviços como designer de unhas.

“Passava horas assistindo pois não podia pagar um curso pra mim. Meti a cara e comecei atender as minhas primeiras clientes de alongamento, na verdade elas acreditaram em mim. Depois de um ano arrumei o espaço, coloquei ar, poltronas, bancadas e assim foi. Já são quatro anos com a melhor profissão que já tive na vida”,

A amazonense explicou ainda a diferença da profissão de designer de unhas para manicure/pedicure.

“Até hoje falo que sou manicure, mas a diferença de ‘nail designer’ [designer de unhas] para manicure é gigante. A manicure ganha em torno de R$ 30 a R$ 40 por atendimento, passa de duas horas para realizar o atendimento, faz limpeza, cutilagem e esmaltação nas unhas. Uma nail designer ganha em torno de R$ 100 a R$ 200 por atendimento, passa de três a quatro horas para realizar o atendimento. Ela leva a autoestima para as clientes através das unhas, com a transformação, que muitas vezes são unhas roídas e não crescem, nós vamos lá e fazemos a mágica acontecer com os alongamentos, que podem ser em gel ou fibra”, explicou a designer.

Desafios

Apesar de hoje ter seu próprio negócio e fidelizar clientes com o estabelecimento no mercado, Daniele Lima conta que empreender é uma tarefa difícil e que deve ser feita com dedicação todos os dias.

“Acredito que até hoje tenho [dificuldades] porque o empreendedor ou ele trabalha ou trabalha. São essas as duas opções. No início de tudo eu plantei, pra hoje eu colher. Nunca me importei com as horas que passava com clientes. Queria fazer um trabalho maravilhoso e fidelizar aquela cliente para sempre. E foi o que aconteceu. Hoje eu tenho uma agenda lotada e fixa todos os meses. Tenho clientes em toda Manaus, não só no meu bairro”, comentou Lima.

Designer

Hoje, Daniele Lima também ministra cursos para as profissionais que desejam ingressar na área.  A designer de unhas aproveitou o momento para aconselhar quem ainda está no começo da profissão.

“Comecei a ministrar cursos, ensinar tudo aquilo que aprendi, tudo que faço, eu passo paras minhas alunas exatamente tudo que eu faço em mesa e toda a minha experiência de acertos e erros. O meu conselho para as meninas que querem essa profissão é não ter medo. É uma profissão incrível, comece com o que você tem, da forma que você está. Agora se dedique, foque, estude, treine. O sucesso é certo. Hoje eu vivo só de unhas e tenho um salário de doutora”, aconselha a profissional.

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