Senador afirmou que ódio e rancor não gera empregos e nem mantém as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM)
(Omar se manifestou em vídeo público nas redes sociais (Foto: Reprodução) )
Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter chamado os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) de “medíocres” e na mesma entrevista desafiar os senadores para um encontro “educado” com ele para tratar sobre os efeitos da redução do IPI na Zona Franca de Manaus (ZFM), o senador Omar Aziz reagiu a Bolsonaro e disse que o encontro foi aceito.
"Irei pedir para a minha assessoria entrar em contato com a sua assessoria para marcar dia e hora para debatermos", disse o senador em vídeo publicado nas redes sociais.
Omar defendeu que o debate proposto pelo presidente tenha transparência e provocou Bolsonaro, afirmando que ódio e rancor não gera empregos e nem mantém as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM). Em entrevista à Jovem Pan, nesta segunda-feira (28), o presidente Bolsonaro acusou tanto Omar quanto Eduardo de usarem a Zona Franca de Manaus (ZFM) para interesses pessoais. Na entrevista, Bolsonaro disse ter certeza que a redução linear não vai prejudicar o modelo ZFM.
Bolsonaro ainda emendou dizendo que os dois senadores fizeram “essa onda toda para me desgastar no estado, principalmente em Manaus”, em referência ao processo eleitoral que se avizinha.
Ao A CRÍTICA, Omar declarou que senta com o presidente quantas vezes ele quisesse para tratar dos interesses do Amazonas. Aziz disse que o debate com o presidente tem que ser técnico. "Não tenho que me negar a sentar com quem quer que seja para discutir os interesses do meu Estado, muito menos com o presidente”.
“Tem uma coisa ali que é contraditória. Ele fala se for uma reunião educada e ele já vem com falta de educação”, emendou Omar. A reportagem procurou Eduardo Braga, mas não houve retorno do senador.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marcelo Ramos (PSD), que protocolou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), questionando a concessão de benefício fiscal em ano eleitoral, disse que a bancada tem tradição de ter reuniões educadas com todos, mas que quem tem o histórico de má educação é o próprio presidente.
“O importante é que não seja conversa fiada, que a conversa seja uma conversa séria até com uma proposta objetiva que preserve os atuais empregos da Zona Franca de Manaus. Não vamos aceitar conversas que a gente tem que explorar turismo, peixe, porque sabemos que essas atividades não geram a mesma quantidade de empregos e a mesma riqueza circulante que gera a atividade industrial. Além do mais que a medida dele corta emprego amanhã e uma nova matriz leva 20 ou 30 anos para se consolidar”, afirmou Marcelo Ramos.
Ao contrário do que o presidente tentou passar durante a entrevista, as reações contrárias à redução linear de 25% do IPI não vieram apenas dos opositores do presente. Setores que representam a indústria local como a Federação das Indústria do Estado do Amazonas (Fieam) e o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) repudiaram a redução.
Além disso, aliados do presidente como os deputados Capitão Alberto Neto (Republicanos) e Pablo Oliva (PSL), apesar de se autodeclararem bolsonaristas, reconheceram a gravidade da medida.
Até o governador Wilson Lima (PSC) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que possuem alinhamento com o discurso de Bolsonaro, iniciaram movimentações para tentar derrubar o decreto federal - ou ao menos garantir que a expecionalidade da Zona Franca de Manaus seja mantida.