A morte de Olímpio Guedes Olavo Júnior, aos 33 anos de idade, ainda é cercada de mistérios. Confira linha de investigação policial
O assassinato do vereador de Tabatinga, Olímpio Guedes Olavo Júnior, 33, ainda é cercada de mistérios. A polícia tem duas linhas de investigações para o crime, uma que o caso pode está relacionado ao pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar desvio de verbas públicas da prefeitura na educação do município, e outra é o envolvimento do parlamentar com o tráfico de drogas na região do Alto Solimões.
De acordo com o delegado Ricardo Cunha, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), o inquérito policial deste assassinato ainda está em fase inicial. "Ainda não podemos dizer que o primeiro caso tem relação com o segundo", disse Cunha.
No primeiro atentado, no dia 7 de setembro de 2021, Olímpio Guedes Júnior disse que os criminosos fizeram seis disparos contra ele, porém, só um tiro atingiu o braço dele. O vereador estava em um carro, na avenida Cosme Ferreira, no bairro Coroado, zona Leste, nas proximidades do estádio Carlos Zamith.
Na época, o parlamentar relatou para a reportagem de A Crítica, que a tentativa de homicídio ocorreu por causa da sua atuação oposicionista contra o prefeito de Tabatinga, prefeito Saul Nunes Bemerguy (MDB). O vereador e os parlamentares Deney (PP), Marcela Tenório (Cidadania), Arlinda (PP), e Testa (PSL) são autores do pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar gastos na educação no município de Tabatinga.
Consta no relatório de ocorrências do Centro Integrado de Operações (Ciops), que Olímpio foi ferido com um tiro no braço esquerdo e outro no peito, por volta de 2h16 de quinta-feira (12), em um veículo na rua Dom Jackson Damasceno, nas proximidades do conjunto Senador João Bosco, bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus.
Olímpio estava em um carro, de modelo Honda/Fit, de cor preta e placas NOU-4148, com outro vereador de Tabatinga, Lucivaldo Queiroz Soriano, conhecido como "Testa", quando pararam o veículo próximo ao conjunto João Bosco. Segundo a Polícia Militar (PM), os dois parlamentares estavam a caminho do condomínio Arezzo.
Em depoimento no hospital antes de morrer, o vereador alegou que saiu do automóvel para assumir a direção, quando um outro veículo de cor prata chegou ao local e homens, ainda não identificados, atiraram na direção de Olímpio. Ele foi atingido com um tiro no braço esquerdo e outro no peito. No local do crime, quatro cápsulas foram encontradas pelos moradores do conjunto João Bosco.
O parlamentar, conforme o Ciops, chegou dirigindo ao Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul, mas teve complicações, não resistindo aos ferimentos e falecendo na unidade de saúde.
Policiais militares da região informaram que o local onde ocorreu o segundo atentado fica próximo a comunidade Santa Cruz, no bairro de Flores, onde existe um intenso tráfico de drogas em uma área de periferia.
O vereador Olímpio Júnior foi um dos alvos da Operação Áquila, da Polícia Federal, que investigava uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas entre as cidades de Manaus e Tabatinga. A ação ocorreu em outubro de 2020 e visou cumprir cinco mandados de prisão e dez de busca e apreensão.
Informações da Justiça Federal dão conta que no dia 16 de maio de 2020, agentes da PF apreenderam 130 quilos de drogas com Orlando Pires Galvão de Medeiros Filho e Victor de Almeida Mendonça, no aeródromo de Flores, na Zona Centro-Sul. Orlando, que era piloto da aeronave, foi absolvido pelo juiz federal Andre Irigon em maio de 2021.
Na época, segundo a representação da PF, os agentes federais descobriram que Olímpio fez o fretamento de uma aeronave utilizando o nome falso de "Anderson". A conclusão da PF foi obtida por depoimento do proprietário da aeronave fretada, que não teve o nome divulgado, e quebra de sigilo telefônico.
Ainda segundo o inquérito policial da PF, após quebra de sigilo telefônico os policiais conseguiram interceptar uma conversa do vereador de Tabatinga e Victor Mendonça, que foi preso com as drogas no aeródromo de Manaus.
No entanto, em dezembro de 2020, o juiz Luís Felipe Pimentel da Costa, da 4ª Vara Federal, indeferiu um pedido de revogação da prisão temporária de Olímpio Guedes.
Informações obtidas com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) também revelam que Olímpio, que era advogado tinha impetrado em um Habeas Corpus na Primeira Câmara Criminal para o colombiano e traficante Johon Anderson Betancourt Cavalcante, que foi preso em 2015m juntamente com Valdeir de Almeida Mourão, 35; Reinaldo Carvalho de Oliveira, 35, em um laboratório de drogas, localizado na Rua Acopiara, bairro Redenção, zona Centro-Oeste. Com o trio foram apreendidos cerca de 40 quilos de pasta base de cocaína e cocaína em pó.