INVESTIGAÇÃO

Polícia trabalha com duas linhas de investigação para assassinato de vereador de Tabatinga

A morte de Olímpio Guedes Olavo Júnior, aos 33 anos de idade, ainda é cercada de mistérios. Confira linha de investigação policial

Thiago Monteiro
16/05/2022 às 15:57.
Atualizado em 17/05/2022 às 11:15

O assassinato do vereador de Tabatinga, Olímpio Guedes Olavo Júnior, 33, ainda é cercada de mistérios. A polícia tem duas linhas de investigações para o crime, uma que o caso pode está relacionado ao pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar desvio de verbas públicas da prefeitura na educação do município, e outra é o envolvimento do parlamentar com o tráfico de drogas na região do Alto Solimões. 

De acordo com o delegado Ricardo Cunha, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), o inquérito policial deste assassinato ainda está em fase inicial. "Ainda não podemos dizer que o primeiro caso tem relação com o segundo", disse Cunha.

No primeiro atentado, no dia 7 de setembro de 2021, Olímpio Guedes Júnior disse que os criminosos fizeram seis disparos contra ele, porém, só um tiro atingiu o braço dele. O vereador estava em um carro, na avenida Cosme Ferreira, no bairro Coroado, zona Leste, nas proximidades do estádio Carlos Zamith. 

Na época, o parlamentar relatou para a reportagem de A Crítica, que a tentativa de homicídio ocorreu por causa da sua atuação oposicionista contra o prefeito de Tabatinga, prefeito Saul Nunes Bemerguy (MDB). O vereador e os parlamentares Deney (PP), Marcela Tenório (Cidadania), Arlinda (PP), e Testa (PSL) são autores do pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar gastos na educação no município de Tabatinga.

O assassinato

Consta no relatório de ocorrências do Centro Integrado de Operações (Ciops), que Olímpio foi ferido com um tiro no braço esquerdo e outro no peito, por volta de 2h16 de quinta-feira (12), em um veículo na rua Dom Jackson Damasceno, nas proximidades do conjunto Senador João Bosco, bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus.

Olímpio estava em um carro, de modelo Honda/Fit, de cor preta e placas NOU-4148, com outro vereador de Tabatinga, Lucivaldo Queiroz Soriano, conhecido como "Testa", quando pararam o veículo próximo ao conjunto João Bosco. Segundo a Polícia Militar (PM), os dois parlamentares estavam a caminho do condomínio Arezzo.

Em depoimento no hospital antes de morrer, o vereador alegou que saiu do automóvel para assumir a direção, quando um outro veículo de cor prata chegou ao local e homens, ainda não identificados, atiraram na direção de Olímpio. Ele foi atingido com um tiro no braço esquerdo e outro no peito. No local do crime, quatro cápsulas foram encontradas pelos moradores do conjunto João Bosco.

O parlamentar, conforme o Ciops, chegou dirigindo ao Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul, mas teve complicações, não resistindo aos ferimentos e falecendo na unidade de saúde.

Local de intenso tráfico

Policiais militares da região informaram que o local onde ocorreu o segundo atentado fica próximo a comunidade Santa Cruz, no bairro de Flores, onde existe um intenso tráfico de drogas em uma área de periferia. 

Operação da PF

O vereador Olímpio Júnior foi um dos alvos da Operação Áquila, da Polícia Federal, que investigava uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas entre as cidades de Manaus e Tabatinga. A ação ocorreu em outubro de 2020 e visou cumprir cinco mandados de prisão e dez de busca e apreensão. 

Informações da Justiça Federal dão conta que no dia 16 de maio de 2020, agentes da PF apreenderam 130 quilos de drogas com Orlando Pires Galvão de Medeiros Filho e Victor de Almeida Mendonça, no aeródromo de Flores, na Zona Centro-Sul. Orlando, que era piloto da aeronave, foi absolvido pelo juiz federal Andre Irigon em maio de 2021.

Na época, segundo a representação da PF, os agentes federais descobriram que Olímpio fez o fretamento de uma aeronave utilizando o nome falso de "Anderson". A conclusão da PF foi obtida por depoimento do proprietário da aeronave fretada, que não teve o nome divulgado, e quebra de sigilo telefônico.

Ainda segundo o inquérito policial da PF, após quebra de sigilo telefônico os policiais conseguiram interceptar uma conversa do vereador de Tabatinga e Victor Mendonça, que foi preso com as drogas no aeródromo de Manaus.

No entanto, em dezembro de 2020, o juiz Luís Felipe Pimentel da Costa, da 4ª Vara Federal, indeferiu um pedido de revogação da prisão temporária de Olímpio Guedes. 

Mais informações

Informações obtidas com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) também revelam que Olímpio, que era advogado tinha impetrado em um Habeas Corpus na Primeira Câmara Criminal para o colombiano e traficante Johon Anderson Betancourt Cavalcante, que foi preso em 2015m juntamente com Valdeir de Almeida Mourão, 35; Reinaldo Carvalho de Oliveira, 35, em um laboratório de drogas, localizado na Rua Acopiara, bairro Redenção, zona Centro-Oeste. Com o trio foram apreendidos cerca de 40 quilos de pasta base de cocaína e cocaína em pó.

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