Gelson Carnaúba e outros dois réus estão sendo julgados pelo massacre de 12 pessoas cometido à época. O julgamento será retomado na manhã desta terça-feira (27), onde três testemunhas de defesa, liberadas hoje, prestarão seus depoimentos
Julgamento deve ter prosseguimento nesta terça-feira (27) (Foto: Arlesson Sicsú)
No primeiro dia de julgamento dos réus Gelson Lima Carnaúba, Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira, pelo massacre de 11 pessoas e um agente penitenciário no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em 2002, foram ouvidas cinco testemunhas listadas pelo Ministério Público do Amazonas e três de defesa, todos escalados pelo réu Carnaúba, no Fórum Ministro Enoch Reis, bairro São Francisco, zona sul de Manaus.
Para os promotores do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Igor José Augusto Palheta e Lilian Nara Pinheiro, os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa, reafirmam o que já vinha sendo defendido pelo órgão nos últimos cinco julgamentos.
"Nós estamos satisfeitos com tudo o que foi apresentado aqui, pois tudo vem ao encontro com o que já vínhamos defendendo ao longo destes anos. Por isso, estamos confiantes em sustentar a nossa tese amanha", disse o promotor.
O promotor Igor José Augusto Palheta disse ter provas suficientes para condenar todos os três réus (Foto: Arlesson Sicsú)
Já a defesa dos réus, comandada por Érico Quaresma, acredita que os depoimentos mostraram a fraqueza da acusação do Ministério Público, inclusive a de que Carnaúba teria matado um outro detento, 24h antes da rebelião.
Para o advogado dos réus, Érico Quaresma, os depoimentos 'mostraram a fraqueza da acusação do Ministério Público' (Foto: Arlesson Sicsú)
O julgamento será retomado na manhã desta terça-feira (27), onde três testemunhas de defesa, liberadas hoje, prestarão seus depoimentos. Em seguida será a vez dos debates entres os promotores e advogados dos réus.
Após a pausa do almoço, o júri escutou o depoimento da delegada auxiliar do caso da época, que limitou-se a dizer apenas que, por se passar 20 anos, não lembra dos detalhes do caso. O delegado plantonista da única delegacia de flagrantes que existia em 2002, revelou apenas que elaborou o inquérito com base no que foi repassado pelos oficiais da Polícia Militar.
"Eu e outro delegado fomos direto para a administração da penitenciária. Lá havia objetos apreendidos, sendo um revólver. Conversei com alguns policiais e foi repassado que os supostos cabeças do crime e o único que me recordo é de Gerson Carnaúba", disse.
A defesa questionou o delegado se saberia dizer se houve uma investigação por parte da Polícia Civil, para comprovar a informação. "Eu não acompanhei o inquérito, apenas abri. Se essa informação é verdadeira, não posso lhe informar", finalizou.
Em seguida, um policial militar da reserva, que na época era lotado no Comando de Policiamento Especializado (CPE), após perguntas do Ministério Público contou que, apesar de não lembrar com precisão os materiais apreendidos, os que estão no relatório, são verdadeiros.
"Eu recebi os materiais no Batalhão, não entrei no Compaj, mas recebi o material vindo de lá. Todos os materiais eram conferidos e feito em seguida o documento, e se estão lá, com a minha assinatura, estão corretos. Não há possibilidade de eu ter assinado um papel que eu não tivesse revisado", disse.
A defesa aproveitou a testemunha, e perguntou se o policial se os objetos teriam algum tipo de ligação com Gelson Carnaúba, Francisco e Marcos Paulo e prontamente o policial disse que não, onde reafirmou que não foi ele quem apreendeu o material no Compaj, apenas recebeu.
Gelson Carnauba foi ouvido por meio de transmissão por videochamada (Foto: Arlesson Sicsú)
Durante o julgamento, a defesa liberou cinco testemunhas, sendo dois de Carnaúba, dois de Marcos Paulos e um de Francisco. As duas primeiras testemunhas, que são do sistema penitenciário, relataram que não sabiam que Carnaúba, Marcos Paulo e Francisco seriam uma espécie de 'xerifes' do local, como dito nos autos da acusação.
Entretanto, na primeira testemunha, que disse estar presente no dia, cumprindo pena em regime fechado, os promotores do Ministério Público não encontraram registro de processo que confirmasse que a testemunha estivesse no local e afirmou que o mesmo responde pelo mesmo processo que Carnaúba, onde a testemunha disse não ter conhecimento.
A terceira e última testemunha de defesa, um ex-presidiário, disse que ficou ao lado de Carnaúba, no início da rebelião, entretanto, não afirma que o mesmo não teria envolvimento, já que se separaram após a confusão no pavilhão 3 do Compaj.