1º. Encontro Empresarial Abraciclo da Indústria de Bicicletas reuniu trinta e dois empresários de diversas regiões do país conheceram as fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e viram as oportunidades de investimento no setor de Duas Rodas
(Foto: Divulgação)
O fortalecimento da indústria nacional para reverter a dependência de componentes fabricados nos mercados asiáticos foi o centro da discussão, nesta terça-feira (23), no 1º. Encontro Empresarial Abraciclo da Indústria de Bicicletas. Trinta e dois empresários de diversas regiões do país conheceram as fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e viram as oportunidades de investimento no setor de Duas Rodas.
Apesar de manter números positivos de produção no setor e um cenário positivo na expectativa de crescimento, as bicicletas fabricadas pela Audax, Caloi, Oggi e Sense, por exemplo, ainda possuem boa parte das peças importadas, principalmente, da China.
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Um cenário diferente do que ocorre com as motocicletas que possuem boa parte dos componenentes produzidos no Brasil. Com a pandemia e as medidas de prevenção à covid-19 adotadas mundo afora e o guerra no leste europeu, a escassez de insumos reduziu a produção de bikes e evidenciou a necessidade da busca de fornecedores locais.
“Estamos convivendo com os problemas que todo mundo tem na logística de cadeia de suprimentos, de impacto dos custos. Os preços dispararam a logística ainda é complexa e todos sentimos isso na pele. Nesses mais de 30 anos que eu tenho do setor de Duas Rodas, a gente teve momentos em que a importação foi favorecida com o favorecimento do câmbio, mas a nacionalização sempre esteve no nosso DNA”, destacou o presidente da Abraciclo, Marcos Z. Fermanian, aos presentes na sede da Superintendência da ZFM (Suframa).
Insumos
Vice-presidente da Abraciclo e diretor-executivo da Caloi, Cyro Gazola, destacou, por exemplo, que as peças necessárias para a fabricação dos sistemas de freio, câmbio e suspensão são todas fabricadas em outros países. Outras partes da produção também estão comprometidas como o sistema de pedal 77,2% dependente de importações, de direção (82%) , sistema de rodas e pneumáticos (89%).
A dificuldade de incorporação de novas tecnologias, adaptação de produtos a novas matérias-primas e eletrificação dos produtos, foram indicados como os principais desafios para expansão da cadeia produtiva nacional das peças de bicicletas, algo que o Marcos Fermanian avalia que deve ser superado a partir dessa conversa.
“Viemos justamente mostrar a grandiosidade do nosso segmento de como ele está expandindo, da perspectiva positiva que ele tem pro futuro e convencer novos empresários a continuar investindo e expandir seus investimentos, não somente na indústria brasileira, mas, principalmente no PIM, de forma que a gente consiga com esses investimentos e com essas novas plantas ganhar mais produtividade e aumentar nossa competitividade com outros mercados mundias”, destacou o presidente da Abraciclo.
Insegurança
A insegurança jurídica da ZFM foi destaque em mais de um discurso durante o encontro. Um dos empresários provocou os representantes amazonenses sobre as perdas de oportunidades pelo Brasil em virtude de medidas protecionistas de segmentos que, segundo ele, “acaba com a possibilidade de expansão industrial”.
“Eu sou um defensor do modelo de Manaus, mas acima de tudo eu sou um defensor da competitividade industrial e ela não pode ser prejudicada por questões fora do nosso alcance”, disse.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, lembrou ao A CRÍTICA que não houve aviso do governo federal sobre o decreto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Bastava colocar uma virgula dizendo que estão exclusos os produtos produzidos na ZFM ou com projetos aprovados na Suframa. Quando você generaliza trás uma incerteza pra todo mundo”, declarou Nelson.
Números do setor
373 mil unidades de bicicletas foram produzidas no PIM nos primeiros sete meses do ano. O Brasil é atualmente o 6º maior produtor mundial do seguimento. Somente na produção de bike elétricas, a produção cresceu 305% em 2022 em comparaçaõ ao período pré-pandêmico.