Iniciativa da Suframa quer mostrar a importância de se manter o modelo econômico ativo e com os incentivos fiscais
(Foto: Phil Limma)
O projeto Zona Franca de Portas Abertas quer levar turistas para conhecerem o interior das principais fábricas do Polo Industrial de Manaus. A iniciativa é da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) com o apoio do governo do Amazonas e agências de turismo em atuação no estado. Atualmente os roteiros estão em testes, mas a previsão é que passem a ser abertos ao público ainda neste ano.
O plano é que agências de turismo possam solicitar visitas guiadas a fábricas da Zona Franca através da Suframa. Nesses tours, os visitantes poderão conhecer a história da companhia visitada, os principais números e as linhas de produção internas. A busca pelas parcerias ainda continua, mas 11 empresas já toparam o projeto. São elas: CBA, Caloi, Coca-Cola, Honda, Midea, Ocrim, Positivo, Samsung, Sidia, Supporte e Yamaha.
A empresária Elizângela de Sousa vê a novidade com muito otimismo. Dona da Agência Rio Negro Turismo, ela diz que clientes já pediram mais de uma vez para ver detalhes do Polo Industrial, o que era sempre um desconforto, por não haver essa possibilidade até então.
“Os turistas pedem para conhecer o Polo, porque ouvem muito falar. Quando aconteceu, até sugeri que déssemos uma volta pelas ruas do Distrito e toparam. A primeira vez foi com um grupo de turistas de São Paulo e na segunda, do interior do Rio de Janeiro”, conta.
Elizângela estava em um tour teste realizado pela Suframa com professores e empresários do setor de turismo, na quarta-feira (30). Em um passeio que durou cerca de 3h, eles foram da sede da Superintendência até a Caloi, companhia centenária de bicicletas e uma das parcerias do projeto. O percurso foi feito em um ônibus de turismo e os visitantes receberam um mapa para acompanhar as principais fábricas do Polo que podiam ser vistas no caminho.
Experiência
Na Caloi, os professores e agentes de turismo conheceram os principais setores da empresa, desde os ensaios com produtos até a montagem das bicicletas. A experiência foi considerada positiva. A todo momento os visitantes lembravam de histórias com a companhia, como campanhas publicitárias ou mesmo ao encontrar no Museu da Caloi (dentro da fábrica) algum modelo de bike que viram na infância.
“Nossa expectativa é que esse projeto dê muito certo, porque sabemos que a sociedade tem interesse em conhecer a indústria. Isso vai nos fortalecer bastante também, porque poderemos mostrar que nada é de fachada, que há muitos benefícios da indústria para a região”, comenta o gerente administrativo financeiro da Caloi, André Nogueira.
A Caloi está no Polo Industrial de Manaus desde 1975 e atualmente é responsável por 450 empregos diretos, podendo chegar a 650 em alta temporada. Apenas da linha ‘insana’, uma bicicleta fica pronta a cada 30 segundos. Já nas bikes de alta performance, um produto é finalizado a cada cinco minutos. No ano, são 600 mil bicicletas.
Esse processo de produção é acompanhado de perto pela inspetora de qualidade, Raice Farias. Para A CRÍTICA, ela comentou que o projeto Zona Franca de Portas Abertas pode também valorizar os trabalhadores das indústrias. “Além do interesse dos turistas, é uma forma de mostrar para a população que aqui tem famílias trabalhando e que precisam desses empregos”, disse.
Incentivos fiscais
Durante a visita à Caloi, os incentivos fiscais foram um tema recorrente. No último dia 25 de fevereiro o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou um decreto que reduziu em 25% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do país, o que tira competitividade da Zona Franca. A expectativa é que a medida seja revertida, ao menos em partes, nesta quinta-feira (31).
“Todos somos dependentes do Polo Industrial, dos benefícios fiscais dados às indústrias e que as motivam a estar aqui. Sempre falo que elas são a atividade meio, a atividade fim é o desenvolvimento da região. E para termos essa manutenção dos benefícios, os nossos decisores em Brasília precisam ter entendimento do que é o modelo e o que faz”, disse o superintendente da Zona Franca, general Algacir Antonio Polsin.