ATO PÚBLICO

Protesto indígena na Funai cobra mudanças na política ambiental de Bolsonaro

Passeata no bairro Nossa Senhora das Graças contou com a participação de entidades indígenas do Amazonas. Eles também exigiam esclarecimento sobre o caso Bruno Pereira e Dom Phillips

Jefferson Ramos
15/06/2022 às 19:17.
Atualizado em 15/06/2022 às 19:17

(Foto: Phil Limma)

Em passeata no bairro Nossa Senhora das Gracas, na tarde desta quarta-feira (15), entidades indígenas do Amazonas cobraram mudanças na política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e exigiram esclarecimento do desaparecimento do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, que tiveram os corpos encontrados nesta terça-feira (15).

A manifestação ocupou uma faixa da avenida Ipiranga em frente à Fundação Nacional do Índio (Funai). Membros de movimentos sociais e indígenas enfatizaram que a perseguição contra defensores da floresta se tornou regra e que o desaparecimento de Dom e Bruno envidenciou isso. 

Lideranças indígenas da capital e do interior se revezaram em discursos no carro de som lamentando o provável assassinato dos dois profissionais que ainda não foi confirmado oficialmente pelas autoridades. 

Os manifestantes empunharam cartazes com palavras de ordem e demandando "Justiça pelo Vale do Javari". A declaração de Bolsonaro acusando o jornalista e o indigenista de estarem numa aventura na região foi lembrada na manifestação. 


Manifestantes pediam por mudanças na política ambiental e exigiam esclarecimentos sobre o desaparecimento de Bruno e Dom Phillips (Foto: Phil Limma)

"Trabalhar na Amazônia não é aventura", dizia outro cartaz. 

Mayara do povo Sateremawé, membro da Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam) afirmou que o sumiço de Dom e Bruno não é um caso isolado. 

"Não é de hoje que os nossos territórios vem sofrendo ataques. Nós, enquanto juventude estamos com um alvo em nossas testas porque somos nós que estamos sendo mortos e violados dentro de nossos territórios", protestou a jovem.

O doutor em antropologia, o indígena Gersem Baniwa lamentou o sumiço do jornalista e do indigenista e afirmou que matar Dom e Bruno é "matar um pouquinho de cada um de nós". 

"É matar um poquinho dos povos indígenas do Amazonas porque eles estavam na defesa dos povos indígenas do Vale do Javari. 

Gersem propôs que as organizações indígenas criem um monumento para lembrar a memória dos defensores dos povos indígenas que foram assassinados. 

A manifestação contou com a presença de pré-candidatos da esquerda como a ex-senadora Vanessa Grazziotin, pré-candidata a deputada federal pelo PC do B, Francisco Praciano, pré-candidato a deputado estadual pelo PT e o deputado federal José Ricardo, candidato à reeleição. 

Os esquerdistas acusaram o governo Bolsonaro de abandonar a região da Amazônia para  organizações criminosas e culparam indiretamente Bolsonaro pelo sumiço dos profissionais.

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