POLÍTICA

Psol-AM confirma saída de 158 filiados; Marklize vai acionar Justiça contra dirigente

Ex-candidata a vice-prefeita na chapa de José Ricardo (PT) avalia abertura de processo criminal contra o dirigente Raoni Lopes. Os dois tiveram embates durante reunião do partido

Waldick Júnior
07/03/2022 às 23:11.
Atualizado em 12/03/2022 às 12:38

WhatsApp_Image_2022-03-07_at_19.16.46__2__79010D74-935D-46B1-A178-285CCA8DCB9A.jpeg

Um dos principais nomes do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) Amazonas, Marklize Siqueira estuda processar criminalmente o diretor-executivo do partido, Raoni Lopes, a quem acusa de perseguição política. Ela está entre as 300 pessoas que teriam se desfiliado coletivamente do partido no domingo (6), após a denúncia. Oficialmente o Psol fala em um número menor, 158. Raoni nega as acusações e diz que é vítima de  'perseguição política'.

“Fiz um boletim de ocorrência e vou pedir uma medida cautelar assim que a audiência acontecer, para que ele seja proibido de falar o meu nome nas redes sociais. Também estudamos junto com uma advogada uma ação por calúnia e difamação com pedido de danos morais, então vou entrar com processo também na área criminal, por crime virtual”, disse ela em entrevista para A CRÍTICA. 

No último dia 19 de fevereiro, Raoni Lopes escreveu no Twitter “amanhã numa live vou revelar quem financia Marklize Siqueira dentro do Psol”. Em seguida, complementou “Não há perseguição nenhuma. E a noção de violência está sendo esvaziada. O que temos agora é pura propaganda”, finalizou. 

As falas públicas foram o estopim para tudo o que ocorreu depois, mas integrantes do Psol afirmam que a discussão já vinha de anos dentro do partido. Uma das principais motivações seria o crescimento do grupo político MovimentA Amazônia Socialista (MAS), que surgiu em 2016 e começou a ocupar mais espaço e influência interna. Marklize é uma das fundadoras. 

“No momento em que mulheres e pessoas LGBT começaram a ganhar projeção eleitoral, outras tendências do partido começaram a discordar e a impossibilitar esse nosso avanço”, comenta Jefferson William, agora ex-dirigente municipal do Psol, com a desfiliação. 

Em 2020, durante as eleições municipais, o MAS – através do Psol – lançou a candidatura da chamada Bancada ColetivA. O grupo formado por cinco mulheres da sigla se candidatou a uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM) e foi o quinto mais votado, com 7.662 mil votos, porém não ganhou a cadeira por falta de quociente eleitoral no partido. 

Além disso, Marklize Siqueira foi a vice da chapa com o candidato à Prefeitura de Manaus, José Ricardo (PT). A dupla foi a terceira mais votada na capital do Amazonas, ultrapassando nomes como o do ex-prefeito Alfredo Nascimento (PL) e de Ricardo Nicolau (PSD, à época). 

Bancada das Manas

Para as eleições majoritárias deste ano, o MAS já havia articulado uma nova tentativa de candidatura coletiva, desta vez para a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Para viabilizar essa nova ‘Bancada das Manas’, três integrantes do Psol deixaram o partido e foram para o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Outras duas haviam permanecido, Marklize e Val Fontes. A ideia era lançar as cinco como uma única candidatura (representada por Michelle Andrews) com dois partidos de esquerda.

“Ainda quando trouxemos a candidatura só de mulheres, houve implicância por parte de alguns homens do partido, porque queriam que cada uma saísse individualmente, para que mais deles pudessem concorrer. E nós dissemos não. Agora em 2022, quando falamos da candidatura mista, a princípio não houve divergência, mas quando consolidamos com o PCdoB, as divergências apareceram, porque alguns [do Psol] têm divergências com o PCdoB”, explicou Marklize.

Segundo integrantes do partido ouvidos pela reportagem, o auge da discussão foi quando Marklize cobrou que Raoni fizesse as atas das reuniões. Logo depois, ele teria feito as publicações contra ela no Twitter, desencadeando os acontecimentos até aqui.

Defesa

Em entrevista para A CRÍTICA, Raoni disse acreditar que Marklize 'esteja chateada', por isso o acusa de perseguição política. Afirmou ainda que não esperava que o caso tomasse a proporção de agora. “Talvez eu tenha exagerado, mas esperava resolver isso dentro das instâncias partidárias. Porém, não concordo com a ideia de perseguição política. Isso é uma narrativa, infelizmente. Fomos eleitos no mesmo congresso partidário e compartilhamos a direção do partido”, ressalta.

Questionado sobre o tweet em que afirmava que iria fazer uma live para divulgar quem financiava Marklize dentro do partido, Raoni disse apenas que não realizou a transmissão. Também perguntamos quem financiava Marklize, como sugeriu, mas ele não respondeu. 

“Acredito que sim [estou sofrendo perseguição política]. Infelizmente, só tenho algumas suspeitas. Fico por aqui. Sem querer ‘destruir’ um projeto pessoal e eleitoreiro de muito comunistinha boêmio e ‘desconstruído”, finalizou o diretor-executivo do Psol.

Nota

A reportagem procurou também a presidenta estadual do partido, Rosilane Almeida. Ela disse que preferia se pronunciar apenas por meio de nota oficial do Psol. O documento foi enviado para A CRÍTICA logo em seguida e aponta um menor número de desfiliados que o mencionado pelo Movimento Amazônia Socialista (MAS). Confira abaixo:

“Recebemos pela imprensa o informe de desfiliação coletiva de 158 filiados. Respeitamos a decisão tomada e daremos o devido andamento administrativo aos pedidos formulados publicamente. Aos que saem, desejamos felicidade. Aos que ficam, que continuemos construindo o PSOL”.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por