Alerta

Rio Negro deve atingir 29,4 metros em junho ou julho, diz CPRM

Previsão dos técnicos é que o nível do rio pode estar 0,62 metros abaixo da cota histórica registrada no ano passado, quando foi registrado 30 metros

Karol Rocha
31/03/2022 às 11:32.
Atualizado em 31/03/2022 às 11:33

(Foto: Junio Matos)

A previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) é de que o nível do rio que banha a capital chegue à máxima de 29,40 metros em junho ou julho, ou seja, 0,62 metros abaixo da cota histórica registrada no ano passado. O primeiro alerta de cheia do Rio Negro foi divulgado, nesta sexta-feira (31), após a cota de monitoramento no Porto de Manaus apresentar 27,16 metros. 

De acordo com a pesquisadora responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Luna Gripp Simões Alves, o alerta aponta que a cota atingirá a cota de inundação, no entanto, não chegará ao nível histórico do ano passado quando foi registrado 30,02 metros. 

“A ideia desse primeiro alerta é de nos falarmos em termos de magnitude. Conforme os gráficos, a gente espera sim que esse ano tenha grande probabilidade de ocorrer um evento extremo, mas ao mesmo tempo, a probabilidade de superar o nível do ano passado que a gente observou no ano passado é bem baixa”, explicou. 

A probabilidade de o rio Negro atinja a cota histórica é de apenas 12%, ressaltou Gripp. “A probabilidade de que o nível do rio atinja a cota de inundação que é de 27 metros é de 99%, ou seja, é muito provável que a cota de inundação seja ultrapassada nesse ano. A cota de inundação severa que é de 29 metros é bem provável que ela seja ultrapassada, uma probabilidade de 78% de que o rio atinja a cota e supere. Por outro lado, a probabilidade de que o rio atinja a cota histórica do ano passado é menor é de apenas 12%”, complementou. 

Sobre os níveis históricos de cheia para o município de Manacapuru banhado pelo Rio Solimões, o CPRM mostrou que a previsão de cheia é de 19,90 metros para os meses de junho ou julho. “A previsão é um pouco mais próximo a normalidade, mas da mesma forma, a probabilidade de ocorrer um evento acima do que foi ano passado também muito pequena.” 

Conforme o Alerta de Cheia, a probabilidade que a cota de inundação em Manacapuru registre 18,20 metros seja 99%. E para a cota de inundação severa que é de 19,60 metros, a probabilidade é de 70%. Já a probabilidade de cota histórica superada (20,86 metros) é de 4%. 

Já Itacoatiara, banhada pelo Rio Amazonas, a previsão de cheia para o município é de 14,70 metros. A probabilidade de ultrapassar a histórica de 15,20 metros do ano passado é de 8%. 

Comportamento das chuvas

O fenômeno das cheias é influenciado pelas chuvas que ocorrem na Amazônia. De acordo com o meteorologista do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Ricardo Dalarosa, o comportamento dos oceanos são moduladores das chuvas na região. As anomalias encontradas, segundo ele, iniciaram por volta do mês de setembro do ano passado.  

“Olhando para o oceano pacífico lá em setembro começa uma anomalia, começa uma condição de se analisar um primeiro indicativo de possibilidade de ocorrência de instauração do La Niña. Ela começa a influenciar as chuvas daqui cerca de dois a três meses depois dela instaurada lá, por isso a gente começa a analisar então as chuvas a partir de dezembro quando ela já esta consolidada”. 

Para os próximos meses – abril, maio e junho – as condições de chuvas devem permanecer na região e com isso, contribuirá para o aumento do volume do Rio.

“Não há de se esperar que teremos um encerramento do La Niña no futuro muito breve. O retorno de condição de normalidade não acontece imediatamente. Os modelos mostram uma consistência bastante significativa no que diz respeito a permanência das temperatura da superfície do mar (TSM) anomalamente negativas. Então, os modelos dinâmicos são consistentemente indicadores que continuaremos com fenômenos nos oceanos  nesses próximos três meses”, finalizou Dalarosa. 

O meteorologista Renato Senna do Instituto de Pesquisas da Amazônia e representantes da Defesa Civil do Amazonas e Defesa Civil Municipal de Manaus também participaram do 1º Alerta de Cheias do Amazonas 2022. Os próximos alertas de cheias do CPRM ocorrerão nos dias 29 de abril e 31 de maio deste ano.

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