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Uso de cinto de segurança no banco traseiro do carro volta ao debate após acidente com ex-BBB

A prática, considerada perigosa, e até mesmo ilegal pelo Código Brasileiro de Trânsito, é mais comum do que se possa imaginar.

Michael Douglas
06/04/2022 às 08:07.
Atualizado em 06/04/2022 às 08:07

O recente acidente ocorrido na BR-319, em Humaitá e, que resultou na morte de três pessoas, e o acidente envolvendo o ex-BBB Rodrigo Mussi, na semana passada, possuem um grande fator que agravou tais casos – o não uso do cinto de segurança. A prática, considerada perigosa, e até mesmo ilegal pelo Código Brasileiro de Trânsito, é mais comum do que se possa imaginar. 

Isso porque, mesmo sendo obrigatório há 25 anos, o uso de cinto de segurança ainda encontra a resistência dos brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, 20,6% da população declarou não usar cinto de segurança sempre que anda de carro ou de van nos bancos da frente. No Nordeste, 66% dos entrevistados disseram utilizar, já no Sudeste, o número sobe para 86,5%. 

Porém, o hábito para quem viaja no banco de trás ainda não se consolidou. Apenas metade da população utiliza a proteção. E nas áreas rurais o índice registrado é de apenas 44,8%.  

Em contrapartida, um estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) aponta que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. Já segundo levantamento da Rede Sarah, aponta que 80% dos passageiros do banco da frente deixariam de morrer se os cintos do banco de trás fossem usados com regularidade. 

No entanto, ainda que tais dados corroborem para a necessidade do uso do cinto de segurança, o uso dele segue sendo abaixo do esperado. Para um condutor de van intermunicipal, que preferiu não se identificar, e que será citado apenas pelas iniciais V. F., ainda que o uso do aparelho seja obrigatório, o mesmo não força seus passageiros a o utilizarem. 

“Acho que cada sabe o que faz, né. O que eu vou fazer, obrigar todo mundo a usar? Nem tem muito como. Geralmente, o [passageiro] que fica aqui no meu lado, usa, até porque eu peço, mas os que vão no banco de trás não usam muito, apesar do cinto estar aí e em funcionando direitinho”, relata. 

Já para o atendente de caixa Ernan Miguel, a não utilização do cinto passa mais por uma desatenção do passageiro do que propriamente a não vontade de usar o cinto. “Não acho que a pessoa não queria usar o cinto, é que as vezes a gente esquece mesmo. Eu, por exemplo, se tiver com outros amigos e sentar no banco do carona, coloco na hora, porque é costume, agora se vier no banco de trás posso me esquecer. É coisa de lembrar mesmo”, disse. 

ACIDENTES 

Rodrigo Mussi, ex-participante do "BBB 22", sofreu um grave acidente de carro na madrugada do dia 31. Kaique Reis, o motorista, explicou que pode ter dormido ao volante, o que causou o acidente. Além disso, o empresário não usava cinto de segurança no momento e foi arremessado para fora do veículo com o impacto. 

Rodrigo sofreu uma grave lesão na cabeça, precisando de um delicado procedimento para drenar o sangue que causou uma hemorragia no cérebro, na lesão considerada mais grave pelos médicos. Além disso, o paulista teve duas fraturas expostas nas pernas e também precisou de cirurgias na região.  

No Amazonas, um acidente parecido com esse também terminou em fatalidade. Isso porque três pessoas morreram no KM 15 da BR-319, perto de Humaitá (a 590 quilômetros sudoeste de Manaus). O motorista do veículo teria tentado desviar de um buraco na pista, quando perdeu o controle e caiu dentro de um igarapé. Com o impacto da colisão, os outros  foram arremessados para cima do motorista. 

De acordo com o Doutor em Engenharia de Transportes e Professor do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Augusto Barreto, ainda tais casos – dentre tantos outros – devem gerar atenção.  

“De maneira genérica acidentes envolvem diversos fatores: humanos (psicológicos, habilidades etc.), a via (sinalização, condições), o veículo, as condições do tempo etc. Isso significa que cada acidente possui uma dinâmica própria e merece uma análise detida. Sempre que existem vítimas, isso choca e merece uma atenção detida nas causas que levaram ao acidente. Precisaríamos dar importância grande para cada morte. A solução começará quando a morte passar a ser algo que nos deixe indignados, provocando uma ação”, afirma. 

REGISTROS 

De acordo com o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), da Secretaria Nacional de Trânsito, pasta do Ministério da Infraestrutura, em 2021 foram registrados 632.764 acidentes de trânsito – o equivalente a 72 incidentes por hora em todo o país. Ainda segundo o órgão, neste mesmo ano, foram 11.647 mortes no trânsito – o que representa 32 óbitos por dia.  

SOBRE O USO DO CINTO DE SEGURANÇA 

No Brasil, o cinto é obrigatório em todos os automóveis colocados à venda desde 1968, mas só em 23 de setembro de 1997, o uso obrigatório do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional foi sancionado por meio da Lei nº 9.503, o Código de Trânsito Brasileiro.

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