Os meios de comunicação têm evoluído tanto no que diz respeito à capacidade da velocidade de transmissão de informações como na diminuição de custos com essa transmissão, surgindo aí uma das principais ferramentas incorporadas na rotina da comunicação interna das organizações: o WhatsApp.
Numa realidade em que a palavra “praticidade” nos parece soar como mandatória, a ferramenta condiz com a necessidade da comunicação dentro dos muros da empresa, denominada como comunicação interna. Porém, se pararmos para analisar como ela tem sido utilizada, tanto pelos líderes como por seus liderados, veremos algumas gafes que podem causar constrangimentos ou desentendimentos que certamente não serão discutidos e mais tarde poderão se tornar irreversíveis.
O WhatsApp, apesar de ser uma ferramenta escrita tal qual o e-mail, ainda não conquistou o mesmo status de oficialização como meio de comunicação formal, portanto, é um meio que ainda não deve substituir o correio eletrônico, embora seja mais rápido e prático, no entanto, não é o que temos visto no meio empresarial.
Há dois problemas contundentes quando o assunto é etiqueta no uso de WhatsApp, tanto na comunicação do líder para o liderado quanto o inverso: a hora da transmissão das mensagens e o nível de informalidade destas.
Os indivíduos esquecem que o incômodo de mensagens relacionadas a assuntos de trabalho deve ser realizado dentro do horário do trabalho, o que exclui pedidos ou informações via WhatsApp em horário de almoço, aos domingos ou às 21h de uma segunda-feira, por exemplo. Se você, como líder ou liderado, lembra de algo a comunicar e não é urgente, escreva um e-mail, caso você tema o esquecimento daquela transmissão, e quando o receptor puder ou quiser olhar sua caixa de correio eletrônico, a mensagem estará lá.
Durante minhas aulas de Comunicação Empresarial, é comum ouvir queixas de alunos que descrevem essas situações em seus ambientes de trabalho. Muitas vezes recebem demandas de seus líderes em horários inadequados por essa ferramenta e, embora não concordem, acabam resolvendo o solicitado e respondendo pela mesma ferramenta, imediatamente, ainda que estejam fazendo alguma refeição ou já estejam no descanso do lar, por puro temor de represálias ou geração do que eles denominam como “clima tenso”, no caso de não responder no exato momento, ao fingirem que não visualizaram aquele símbolo de mensagem recebida.
Se os líderes pudessem idealizar (e ao lerem esse artigo, agora podem.) como esses pedidos fora de hora podem atrapalhar a vida pessoal e em seguida a profissional. Quando o indivíduo no convívio familiar não consegue se desligar do trabalho pela insistência de contatos inoportunos das chefias, a insatisfação dele e dos mais próximos é só questão de tempo e não é muito difícil imaginar algumas consequências disso.
Os líderes também, embora numa frequência menor, reclamam da falta de bom senso de seus liderados quanto ao horário do envio de mensagens. Nesse caso, para não corrermos o risco da inconveniência, tentemos imaginar que essa mensagem seria uma ligação telefônica, portanto, não seria prudente ligar antes das 8h da manhã nem depois das 20h, para assuntos que não fossem realmente urgentes.
Em se tratando do segundo problema, e poderíamos até destacar como sendo mais grave, o nível de informalidade da troca de mensagens via WhatsApp também tem sido uma gafe constante no mundo da comunicação digital.
As pessoas tendem a imaginar que o fato de não estarem frente a frente necessariamente possibilita uma liberdade maior no contato, o que é uma grande ingenuidade. Diminutivos, carinhas que expressam beijinhos ou piscadas de olhos continuam sendo informais e para relações mais informais, portanto, não cabe utilizá-las em relações empresariais, sobretudo quando se tratar de pessoas do sexo oposto ou de nível hierárquico diferente. Mais uma vez, basta imaginar a mesma mensagem transmitida por outra forma de comunicação, por exemplo, verbalmente ou pessoalmente: você piscaria o olho para seu líder ou para seu liderado nessa mesma situação? Responderia com “Obrigadinha”? Mandaria beijinho? Provavelmente, não.
Lembre-se, a construção da sua imagem profissional ou do seu Marketing Pessoal se dá através do que e como você fala, gesticula, escreve, oculta, etc. Tudo o que você transmite ou deixa de transmitir, é capaz de formar para o outro que tipo de profissional é você.
*Wanessa Magalhães é coordenadora de extensão da Faculdade Estácio Amazonas