Pais de primeira viagem precisam ficar atentos com os exames que seu filho deve realizar após o nascimento. O teste da orelhinha é um deles. Caso algum exame apresente alteração, não deixe de procurar um especialista
FERNANDA TEIXEIRA
A Triagem Auditiva Neonatal – mais conhecida como “Teste da Orelhinha” – é um dos exames obrigatórios que todo recém-nascido deve fazer nos primeiros dias de vida. O exame é fundamental para detectar possíveis problemas auditivos, que podem prejudicar a fala e o aprendizado da criança.
O “Teste da Orelhinha” deve ser realizado nas primeiras 24 a 48 horas de vida do recém-nascido. Geralmente, o exame é feito ainda na maternidade e não causa desconforto à criança. O procedimento é realizado por um médico otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo e demora entre 5 e 10 minutos.
O exame é simples, com a colocação de um pequeno fone na parte externa do ouvido, e é realizado durante a soneca do bebê. “O teste da orelhinha é a avaliação da presença de emissões otoacústicas que a cóclea, principal órgão da audição, produz, indicando o bom funcionamento da orelha”, explica o médico otorrinolaringologista Alexandre Herculanno Ribera Marcião.
Alexandre ressalta ainda que a audição é um dos cinco sentidos responsável pela percepção dos sons. “A audição é importante para o desenvolvimento da fala, ou seja, da linguagem que permitirá a comunicação entre as pessoas”.
Formado pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas e Especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Alexandre foi o médico que atendeu minha filha Letícia, após o seu “Teste da Orelhinha” ter apresentado alteração por duas vezes consecutivas.
O primeiro exame de Letícia foi feito na maternidade. O ouvido esquerdo não respondeu ao estímulo do teste e fui orientada a repetir o exame após 30 dias de nascimento. Aos 42 dias, refizemos o teste e, mais uma vez, o resultado foi inalterado. Tomei um golpe quando o fonoaudiólogo disse para entregar o exame à pediatra e solicitar outros mais específicos. Ele ainda acrescentou que não era para eu me preocupar, mas já era.
Não vou negar que, naquele momento, o chão se abriu na minha frente. Corri para a pediatra, que recomendou procurar um otorrino para os tais exames específicos. Alexandre, que já era amigo desde a escola, orientou para a necessidade de realizarmos uma espécie de “lavagem” nos ouvidos de Letícia antes de partirmos para exames mais detalhados. E assim o fizemos. Durante o procedimento saíram pedacinhos de cera, que, segundo ele, podem interferir no resultado do teste da orelhinha.
Dias depois, repetimos o teste da orelhinha e, para nosso alívio, tudo estava normal. Confesso que desabei na frente da fonoaudióloga que realizou o terceiro exame na minha filha. Afinal, foram dias de angústia, incerteza e medo. Recentemente, Letícia fez o quarto teste após completar um ano de idade. Tudo normal. “Com resultado de otoemissões acústicas presentes, os pais são orientados quanto ao acompanhamento do desenvolvimento auditivo e de linguagem. No entanto, as crianças com resultado de otoemissões acústicas ausentes, devem ser acompanhadas pelo Otorrinolaringologista para diagnóstico e tratamento e realizar novos exames em 30 dias”, disse o médico.
Alexandre salientou que o especialista deve estar atento a alguns fatores de risco para a deficiência auditiva neonatal. De acordo com ele, o médico deve levar em conta o histórico familiar, tipos de infecções, uso de medicações tóxicas aos ouvidos durante a gravidez, prematuridade, baixo peso ao nascer, entre outros. “Alguns casos estão relacionados a simples obstrução do ouvido por líquido, secreções, cerúmen ou descamação de pele, que provocam perdas auditivas transitórias”, completou. Foi o que aconteceu no meu caso.
No entanto, Alexandre frisa que as deficiências auditivas devem ser tratadas precocemente para não causarem prejuízos ao desenvolvimento da linguagem. “Os recém-nascidos e lactentes que iniciam a reabilitação auditiva até os 6 meses de idade têm ótimos resultados no desenvolvimento da linguagem, podendo ser próximo a de uma criança sem déficit auditivo”.
Papais e mamães, fiquem atentos. Não deixem de fazer os exames em seu filho.