'Alô, é o Alceu Valença?'

Quarenta minutos ao telefone com o compositor de "Morena Tropicana"

Bem Viver Blog
28/03/2016 às 20:43.
Atualizado em 24/03/2022 às 22:57

Por Rosiel Mendonça

Quase quatro anos de redação e a ansiedade que precede toda entrevista com alguém de quem eu sou fã ainda é a mesma. Existe sempre aquele medo do artista te atender com impaciência ou responder com frases genéricas e monossilábicas (o terror do repórter!) àquela pergunta que você levou uns dez minutos para elaborar. Não foi o caso das conversas com Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Odair José e Fafá de Belém, por exemplo, que renderam histórias e passagens curiosas para o BEM VIVER.

Por esses dias, chegou a vez de falar com Alceu Valença, que vai fazer show em Manaus no dia 31 de março. A importância do cantor e compositor nascido no agreste pernambucano dispensa maiores comentários. O autor de “Morena Tropicana”, “Cavalo de Pau” e “Anunciação” foi um dos primeiros a misturar o rock com ritmos nordestinos e, há décadas, tem como guitarrista Paulo Rafael, nome forte da cena psicodélica de Recife e ex-integrante da Ave Sangria.

Para o leitor ter uma ideia da expectativa em torno do papo com Alceu, basta dizer que eu cresci ouvindo as músicas dele na casa do meu pai, um cearense que adotou Manaus há mais de 30 anos. O disco “Maracatus, batuques e ladeiras” (1994), com seus frevos e caboclinhos, ainda hoje é o meu preferido, talvez porque a arte da capa me remetesse instantaneamente a outros discos que povoaram minha infância, como o clássico “Brincadeiras de roda, estórias e canções de ninar”, da gravadora Eldorado.

Por essas e outras, Alceu está entre aqueles artistas que moldaram meu gosto pela música popular e pela canção folclórica desse Brasil que tem um pé no interior.

“Alô, é o Alceu Valença?”, quis saber, depois de algumas tentativas frustradas em marcar a entrevista. Entre perguntas sobre o show no Amazonas, a amizade com Geraldo Azevedo, que canta na capital no mesmo dia e lugar, e o relançamento em vinil de discos do início da carreira, Alceu disparou repostas como uma metralhadora, com um falar ligeiro de embolador.

Sobre o retorno a Manaus: “Foi no Teatro Amazonas que eu fiz um dos meus primeiros shows de voz e violão”. O cantor também se gaba de ter oito tipos de apresentação – uma puxada mais para o Carnaval, outra para as festas juninas, outra com feitio “metropolitano”, e por aí vai . Esta última, feita para o fã que sabe os grandes sucessos de cor, é a que ele vai apresentar por aqui no fim do mês. Quem arrisca um coro em “Como dois animais” e “La Belle de jour”?

Quando a conversa chegou em Geraldo Azevedo, ele disse: “Sou compadre de Geraldo. Fizemos um disco juntos quando vim para o Rio, mas depois ele viajou para o lado dele e eu para o meu. Apesar de sermos amigos demais, a gente quase nunca se encontra”.

Alceu só não sabe ainda se os fãs de Manaus vão testemunhar esse encontro no palco do Dulcila Festas e Convenções. Pelo roteiro, cada um vai fazer seu próprio show: “Até agora não temos nada combinado”. De qualquer forma, “Táxi Lunar”, composta por eles dois em parceria com Zé Ramalho, é uma das músicas confirmadas no repertório de Alceu.

Depois de misturarmos um assunto com outro, acabamos nos detendo mais na estreia dele como cineasta. “A luneta do tempo” estreou na última quinta-feira na rede Cinépolis de Manaus e o resultado da entrevista, com detalhes dessa aventura cinematográfica, você pode conferir aqui.

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