“A maior frustração de um ser humano não é a desilusão de não realizar um sonho, mas a de não ter tido coragem de sonhar um sonho” (Marisa Lajolo).
No dia 04 deste mês e ano tive a honra e alegria de ser paraninfo na Colação de Grau da 17ª Turma do Curso de Direito do Ciesa, entidade na qual leciono há dezenove anos, sendo para mim algo inusitado, pois se deu pela vez primeira e desta, como se sabe, ninguém nunca esquece. Tentarei passar para meus poucos leitores como me senti e a forma como procurei passar-lhe a emoção sentida.
Evidentemente, busquei sintetizar-lhes o quão é gratificante o magistério, abstraindo a questão remuneratória, pois o seu exercício implica na criação de uma rede de conhecimento e aprendizagem interpessoal resultando, em inúmeras vezes, no surgimento de amizades, além do prazer em reencontrar no dia-a-dia ex-alunos na labuta, no entretenimento, enfim nos encontros da vida, sendo algo extremamente prazeroso.
Busquei parabenizar os 23 formandos do grupo, pois passavam a partir daquele instante a compor uma elite nacional de apenas, infelizmente, 10% (dez por cento) da população que conseguem concluir o ensino superior em nosso país – segundo fonte do Jornal “O Globo”. Fazendo com que não só tivessem sonhado este sonho, mas também realizado-o.
Foi necessário alertar-lhes que aquele era apenas mais um passo, haja vista que somos seres em projeção, “somos sendo” no dizer de Órtega y Gasset, daí ser imperativo o preparar para novos desafios que se descortinam em seus horizontes. Etapas que se traduzem no Exame da OAB, na pós-graduação, no exercício da advocacia, no magistério superior, no concurso para o ingresso em alguma carreira jurídica, enfim nos variados projetos que cada um tem em mente, sendo importante amar e buscar o que eles mais idealizam, sem apegos a dogmas, cultivando bem seus jardins, pois serão responsáveis pelo que cultivarem.
Relembrei ainda Steve Jobs, fundador da Apple, pois aquele em discurso para os formandos da Universidade de Stanford, em 2005, relembrou o final de uma obra chamada “O Catálogo de Toda a Terra” em que se alertava: “Permaneçam famintos, permaneçam tolos”. Pois é dever de todos nós buscarmos sempre aperfeiçoar nossas virtudes, aprender a cada dia, dividir experiências, assimilando as boas práticas, enfim moldar-se a cada átimo de tempo vivido.
Por fim, afirmei-lhes que para mim o convívio com eles fora extremamente gratificante, porém, se de minha cátedra não tivessem usufruído o suficiente, me restava naquele momento relembrar Henfil, na campanha das Diretas Já, quando ensinou: “Se não deu frutos, valeu pela beleza das flores. Se não deu flores, valeu pela sombra das folhas. Se não deu folhas, valeu pela intenção da semente”.
De coração, até o próximo!
Otávio Gomes.