Brava gente brasileira!

Rodrigo Junqueira
04/09/2019 às 23:02.
Atualizado em 24/03/2022 às 22:11

(Foto: Reprodução/Internet)

“Brava gente brasileira!

Longe vá temor servil,

Ou ficar a Pátria livre,

Ou morrer pelo Brasil!”

Semana da Pátria, amigos! Alguém há de dizer que o ufanismo Bolsonarista me contaminou... E eu responderei com outra pergunta: há algum problema nisso? Por que não nos permitimos amar desmedidamente essa Pátria, tão linda quão maltratada? Tão rica quão assaltada?

Contam os historiadores que, em 1822, a princesa Leopoldina despachava como Regente no Paço da Boa Vista, Rio de Janeiro, enquanto o marido Dom Pedro encontrava-se em viagem a São Paulo. As bochechas rosadas, típicas da nobreza europeia na época, devem ter enrubescido ao receber a missiva proveniente de Portugal, exigindo a ida imediata do casal real para Lisboa e ameaçando dissolver o reino brasileiro com a instalação de juntas governamentais portuguesas.

Indignada, a austríaca de coração mais verde-amarelo da história, convocou uma sessão extraordinária o Conselho de Estado, no dia 2 de setembro. Contando com o apoio do amigo José Bonifácio decidiu, junto com os ministros, pela separação definitiva entre o Brasil e Portugal. Coube a Dom Pedro, contudo, o gesto simbólico e o famoso grito que passariam à história, ratificando a decisão de declarar a independência brasileira.

Que amor é esse, eu me pergunto, que faz uma princesa europeia optar por uma terra virgem, em formação, ao invés de desfrutar de todo o conforto e luxo das Cortes da Europa? O historiador Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina — A história não contada: A mulher que arquitetou a Independência do Brasil” escreve que “a prometida de D. Pedro abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a independência como a sua causa”.

Ainda hoje, muitos estrangeiros parecem amar mais nossa terra que nós mesmos. Vejam, por exemplo, o amor dos estrangeiros pela Amazônia... O presidente francês Emannuel Macron chamou a Amazônia de "nossa casa". É comovente. Eles ignoram todas as florestas do mundo, mas aqui estão sempre atentos. Inclusive através de suas ONG’s, milhares delas. Deve ser amor verdadeiro.

É bem verdade que alguns fatos parecem contestar essa versão, sustentando que é interesse, e não amor. Argumentam que os Europeus protegem, com especial afinco, locais onde existem enormes jazidas de minério, madeira valiosa e outras riquezas, e não hesitam em explorar a Floresta amazônica quando podem, nem que para isso precisem negociar diretamente com os índios, donos de 13% do território brasileiro.

É o caso da ONG irlandesa Celestial Green Ventures que teve um contrato anulado pela Justiça brasileira em que comprava dos índios por US$ 13 milhões de dólares americanos,  259.000 há de terra de reservas indígenas localizadas em Igarapé Lage, Rio Negro-Ocaia e Igarapé Ribeirão, no Município de Guajará-Mirim/RO. Em sua decisão, a magistrada ratifica que as terras indígenas são propriedade da União, portanto, ninguém pode dispor daquilo que não lhe pertence. Essa mesma ONG irlandesa já havia fechado outros acordos desse tipo, também denunciados pela imprensa brasileira, em que os contratos somam US$ 120 milhões e abarcam terras quase duas vezes maiores que Portugal ou quase do tamanho do Estado de São Paulo. É certo que tem algo errado aí.

Parece claro que dar um mundo de terras pros índios e, em seguida proibi-los de explorar os recursos naturais é um convite à ilegalidade. Pra não passar fome, os indígenas precisam usufruir de sua terra, preferencialmente plantando e colhendo, dentro de regras claras, além dos royalties possíveis pelas riquezas do subsolo, que devem ser exploradas pelo Brasil. Essa é a esperança dos povos precursores.

E esperança é o que nos une, assim como o amor por essa pátria que às vezes não parece disposta a nos deixar amá-la. Gerações e gerações ouviram que este era o país do futuro, um futuro que nunca chegou... Ao contrário, a economia, a educação, a saúde, a infraestrutura e tantos outros setores da vida moderna pareceram piorar nas ultimas décadas. Corrupção desenfreada, violência desmedida... E a gente se perguntando “até quando”?

É quando a ficha cai: se queremos um país melhor não podemos esquecer que somente nós mesmos podemos fazer isso acontecer.  O Brasil tem se mexido nos últimos anos, é bem verdade. Nunca se viu tanta gente interessada em mudar os rumos da nação. Eu, então me permito algum otimismo. Mais longe do ideal já estivemos. Vamos em frente, brava gente brasileira!

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