As jornalistas Ana Célia Ossame de Figueiredo ou apenas Ana Célia, Ana/Aninha, e Salete Lima acabam de apresentar na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (Faced-Ufam) as pesquisas finais (sem ponto final) das dissertações de mestrado. Para além do título, fruto de enorme esforço e tantas renúncias para quem leva a sério essa loucura de produzir ciência, é importante falar das possibilidades dos trabalhos apresentados ontem por essas duas mulheres.
Salete, desde o tempo da faculdade e em parceria com Natacha Fink Andrade militou na televisão apaixonadamente. Do trabalho de conclusão de curso, sobre a lenda do boto, aos documentários, na então Televisão Educativa, seguiu o caminho entre a docência e a produção televisiva. A pesquisa realizada para o mestrado é uma proposta de caminho aberto a educadores nas escolas e nos demais espaços. Discute e apresenta proposta da emergência dos jogos eletrônicos para fins de educação ambiental. Ana Célia é a estudante de alma profundamente marcada pelo jornalismo impresso, a educação e a poesia.
Alás, a poesia explosão na vida de Ana Célia anda meio escondida embora os textos de qualquer ordem teimem em poetizar sempre. Ainda bem. Quem sabe logo tenhamos em mãos um "Imaginei Assim" dois. Nesse mestrado ora concluído, a jornalista oferece um panorama das controvérsias jornalísticas no campo da educação. Ana e Salete sob orientação da professora-doutora Zeina Rebouças Corrêa Thomé, da Faced, colocam à disposição da sociedade dois bens relevantes.
Ana Célia, a repórter-estudante estabelece um diálogo vasto ao revisitar os entrevistados personagens das notícias a partir de matérias publicadas em A CRÍTICA.
Em época de apogeu das crises, incluindo a de um determino foco jornalístico, as inquietações de Ana Célia têm muito a nos dizer. Tomara logo possamos tê-la em rodas de conversa com estudantes de Jornalismo - a turma a ocupar no futuro próximo os postos de reportagens e de comando nas redações - e com os profissionais em atividade nos jornais, emissoras de rádio, de televisão e nas assessorias. Essas conversas poderão ser não apenas prazerosas e sim reveladoras do que não devemos fazer e continuamos fazendo no exercício da reportagem, nas relações com as fontes, na dependência de atenção das autoridades ou nos arroubos superficiais. Fazer Jornalismo exige conhecer e disposição cotidiana para a o aprender, o perceber, o sentir e o agir.
A repórter apaixonada pela área da educação decidiu submeter-se aos trâmites da academia para contar, na versão de dissertação, as controvérsias jornalísticas. Mário Freire, um refinado jornalista que muito nos ensinou e ensina na conduta de matérias e da gestão dos cadernos culturais, define Ana Célia como uma "dessas pessoas que têm mais que habilidade, um tipo de escrita com uma qualidade rara mesmo entre jornalistas, íntima das palavras, onde elas ganham relevo, sonoridade, brincam, e assim as coisas ditas sérias ficam até mais.". É essa criatura jornalística incapaz de viver emoções pela metade que, para se tornar mestra, coloca sob apreciação pública um exercício de crítica jornalística na forma de contribuição. Ao final do texto temos caminhos a seguir, difíceis caminhos mas assumi-los é renovar as possibilidades do Jornalismo.
Escritos nas estrelas - Há pouco mais de um ano Huylame Bruce colava grau em Jornalismo. Uma etapa dos seus sonhos, ser jornalista ou provavelmente, pelo perfil de pesquisador que carregava, um estudioso do Jornalismo, estava realizada. Na noite de domingo Huylame se foi aos 25 anos. Nos escreverá por meio das estrelas. A tia Dalva, meio mãe, nos contou como o garoto disposto a fazer faculdade propôs ao tio desfazer-se, em troca do dinheiro para pagar a inscrição no PSC, da medalhinha dourado do time do coração, Flamengo. O tio, emocionado, garantiu a inscrição e o menino de Nhamundá, com paradas de moradia em Parintins, veio a Manaus, estudar. E como estudante viveu a Ufam nos projetos, na pesquisa, seminários. Fica a saudade enquanto tentamos saber se ele, teimoso como era, já se encontrou com Umberto Eco.
*Ivânia Vieira é da equipe de A Crítica e professora da Ufam