Coronavírus: o que se sabe sobre a misteriosa doença

As autoridades chinesas estão correndo contra o tempo para conter a propagação do  novo vírus

Vida e Saúde
23/01/2020 às 18:59.
Atualizado em 24/03/2022 às 22:09

Um misterioso vírus que causa problemas respiratórios tem deixado a china e o mundo em estado de alerta. As autoridades chinesas estão correndo contra o tempo para conter a propagação do  novo vírus que deixou pelo menos dezoito pessoas mortas e infectou quase 600 no país, depois de confirmado que a infecção pode se espalhar entre os seres humanos.

O coronavírus já se espalhou de seu ponto inicial, a cidade de Wuhan (centro-leste chinês), para outras grandes metrópoles como Pequim. Embora as infecções tenham sido detectadas pela primeira vez em Wuhan em meados de dezembro, as áreas de detecção de temperatura por infravermelho não foram instaladas nos aeroportos e estações da cidade até 14 de janeiro, segundo a mídia estatal.

Uma grande preocupação é com o Ano-Novo Lunar chinês, cuja celebração começa nesta semana e que leva centenas de milhões de chineses a viajarem pelo país e para o exterior para as festividades.

Há registros de casos do coronavírus no Japão, na Tailândia e na Coreia do Sul. E o fato de o vírus ter se espalhado para além da China faz os cientistas acreditarem que o número de infectados seja maior do que o divulgado oficialmente e se aproxime de 1,7 mil casos.

Atualmente, temem-se, no entanto, que os esforços para contê-lo estejam chegando tarde demais, dificultados por uma burocracia chinesa que não conseguiu implementar medidas suficientes a tempo.

Até agora, os cientistas acreditam que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente de um mercado de alimentos em Wuhan, mas ainda não foi identificado o caminho inicial de transmissão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreram também "limitadas transmissões de humano para humano". Isso também foi confirmado pela agência de notícias Xinhua, que citou dois casos. É uma novidade: anteriormente, as autoridades chinesas sustentavam que a transmissão vinha se dando pelo contato com animais infectados em um mercado de alimentos em Wuhan.

A OMS ofereceu orientação aos países sobre como eles podem se preparar para isso, incluindo como monitorar os doentes e como tratar os pacientes.

No Brasil, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informa que não há nenhum caso suspeito, mas a pasta diz que enviou comunicado às representações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados a tomar medidas de precauções em viagens ao exterior e para a "revisão dos principais aeroportos de conexão provenientes da China para identificação e mensuração dos riscos"

Veja as sete coisas que você deve saber sobre um coronavírus.

O que é o coronavírus?

Chamado de 2019-nCoV, o vírus causa febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar.  Os coronavírus são um grande grupo de vírus mais comuns entre os animais. Em casos raros, eles são o que os cientistas chamam de zoonóticos, o que significa que podem ser transmitidos de animais para seres humanos, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças.

Sintomas de coronavírus

Os sintomas incluem coriza, tosse, dor de garganta, possivelmente dor de cabeça e talvez febre, que pode durar alguns dias. E, podem ser confundidos com os de uma gripe ou resfriado comum. No entanto, é muito mais grave.

Para aqueles com um sistema imunológico enfraquecido, idosos e crianças, há uma chance de o vírus causar uma doença mais grave, como uma pneumonia ou bronquite.

Os tipos de  coronavírus humanos são conhecidos por serem mortais.

A Síndrome Respiratória do Oriente Médio, também conhecida como vírus MERS, foi relatada pela primeira vez no Oriente Médio em 2012 e também causa problemas respiratórios, mas esses sintomas são muito mais graves. Três a quatro em cada 10 pacientes infectados com MERS morreram, de acordo com o CDC.

A Síndrome Respiratória Aguda Grave, também conhecida como SARS, é o outro coronavírus que pode causar sintomas mais graves. Identificado pela primeira vez na província de Guangdong, no sul da China, de acordo com a OMS, causa problemas respiratórios, mas também pode causar diarréia, fadiga, falta de ar, dificuldade respiratória e insuficiência renal. Dependendo da idade do paciente, a taxa de mortalidade por SARS variou de 0 a 50% dos casos, sendo os idosos os mais vulneráveis.

Como se espalha?

Os vírus podem se espalhar pelo contato humano com os animais. Os cientistas acham que o MERS começou em camelos, de acordo com a OMS. Com a SARS, os cientistas suspeitavam que os gatos civetas eram os culpados.

O modo de transmissão dos coronavírus humanos comuns acontece das seguintes formas:

Pelo ar

Por meio de tosse ou espirro

Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão

Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido então de contato com a boca, nariz ou olhos

O período de incubação dos coronavírus, ou seja, período em que os sintomas surgem desde a infecção no organismo, é de 2 a 14 dias. Já sobre o período de transmissibilidade, de uma forma geral, ocorre apenas enquanto persistirem os sintomas.

É possível a transmissão viral após a resolução dos sintomas, mas a duração do período de transmissibilidade é desconhecida para o SARS-CoV (síndrome respiratória aguda grave) e o MERS-CoV (O coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio ou Médio Oriente). Durante o período de incubação e em casos assintomáticos, os coronavírus não são contagiosos.

Tratamento com coronavírus

Não existe tratamento específico. Na maioria das vezes, os sintomas desaparecem por conta própria após alguns dias, com repouso e consumo de bastante água. Porém, algumas medidas podem ser adotadas para aliviar os sintomas, como:

Uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos)

Uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garganta e tosse

Ingestão de líquidos

Repouso

Se os sintomas pareçam mais graves que de uma gripe ou resfriado comum, consulte seu médico.

Como você pode evitá-lo

Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente as de grande infectividade, como os coronavírus, são recomendadas medidas gerais de prevenção, como:

Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento.

Utilizar lenço descartável para higiene nasal

Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir

Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca

Higienizar as mãos após tossir ou espirrar

Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas

Manter os ambientes bem ventilados

Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória

Até o momento, não existe vacina para os coronavírus, sejam os comuns ou os MERS-CoV e SARS-CoV. Entretanto, ensaios para uma vacina MERS estão em andamento.

Coronavírus e gravidez

Nas mulheres grávidas, as versões mais graves dos coronavírus MERS e SARS podem ser graves. Segundo um estudo de 2014, há casos em que uma mulher infectada com MERS teve o bebê morto.

As doenças associadas à SARS foram associadas a casos de aborto espontâneo, morte materna e doença materna crítica, segundo um estudo de 2004.

Coronavírus e gatos, cães e outros animais

Animais de estimação podem pegar coronavírus e as infecções podem se tornar graves. Às vezes, os vírus podem levar a doenças mortais. Pode-se causar peritonite infecciosa felina em gatos e algo chamado coronavírus canino pantrópico pode infectar cães e gatos, de acordo com um estudo de 2011.

Gatos podem pegar SARS (síndrome respiratória aguda grave), mas nenhum dos gatos infectados desenvolveu sintomas, de acordo com o estudo. O coronavírus felino geralmente é assintomático, mas pode causar diarréia leve. A peritonite infecciosa felina, ou FIP, pode causar sintomas semelhantes aos da gripe em um gato, mas também pode ser mais grave para gatos e causar falência de órgãos, mas não é contagiosa e não se espalhará de animal para animal ou de pessoa para pessoa.

O coronavírus canino pantrópico que pode afetar gatos e cães pode ser fatal para os cães, mostram estudos. Esses vírus específicos de cães e gatos não parecem se espalhar para os seres humanos.

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