Populações do Norte e Nordestes são as que mais sofrem com insegurança alimentar grave
Populações do Norte e Nordestes são as que mais sofrem com insegurança alimentar grave (Foto: Agência Brasil)
A fome no Brasil não se trata de invenção. É fato e pode ser comprovado com facilidade nas ruas das cidades brasileiras, nos arredores dos restaurantes, nos pedidos feitos por vizinhos. É no mínimo perversa a conduta de autoridades do governo brasileiro em minimizar e ou negar a existência de famintos. Soa como escarnio diante da condição de perda de um dos importantes componentes da dignidade humana.
Dados divulgados há três dias pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) situam as populações dos estados do Norte e do Nordeste, proporcionalmente, como as que mais sofrem com a insegurança alimentar grave. Nessa amostra que abrange o período de novembro de 2021 a abril de 2022, os índices mais elevados da falta de alimentos foram identificados em Alagoas, 36,7% da população passa fome, no Piauí são 34,3% e no Amapá, 32%. No Amazonas, 26% da população estão no quadro de insegurança alimentar grave de acordo com o inquérito da Rede.
A situação da fome entre os brasileiros cobre todo o país em maior ou menor porcentual. Na Região Sudeste, a que detém a maior concentração populacional, são 6,8 milhões de pessoas sem acesso à comida em São Paulo, e 2,7 milhões no Rio de Janeiro. Em cidades do Nordeste, a antiga cena dos pedintes de comida, muitos dos quais são trabalhadores informais, voltou a ser frequente envolvendo mulheres, crianças e homens que em sequência pedem ajuda para comprar algo que sirva de alimento ou mesmo permissão para comer as sobras de alimentos.
As instituições brasileiras e a sociedade deveriam, nesse momento, ser mobilizadas pelo protagonismo de ampla mobilização para socorrer os famintos e exigir do governo brasileiro a ação de atenção imediata à população de famintos. A campanha eleitoral não pode ser desculpa para ignorar os sem-comida e nem manipulada para o uso político-eleitoreiro dos mais vulneráveis. O que se percebe, até agora, é exatamente o jogo entre a exploração da fome e a tentativa de escondê-la para fazer de conta que a economia nacional está bem. Permitir que a fome voltasse à cena cotidiana do país é um dos maiores desastres administrativos e ignorá-la torna-se atitude criminosa.