Obituário

Diogo Monteiro: arquiteto e professor universitário in memorian

A partida precoce do amigo arquiteto, formado pelo Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Unesp – Bauru, professor universitário da UniNorte, na cidade de Manaus - Am, convida-nos a mudar nosso ponto de vista sobre a morte.

Adalberto da Silva Retto Jr.
11/09/2022 às 19:04.
Atualizado em 11/09/2022 às 19:04

A arquitetura é feita para a vida. Arquitetos, como nosso amigo Diogo Monteiro, que acabou de partir, devem ignorar a morte porque a arquitetura está destinada, desde sempre, a  acolher a vida e projetar o futuro. A morte faz parte da vida, sim, e este  não é um mero  detalhe do qual podemos fugir, ou  simplesmente negligenciar.

A partida precoce do amigo arquiteto, formado pelo Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Unesp – Bauru, professor universitário da UniNorte, na cidade de Manaus - Am,  convida-nos a mudar nosso ponto de vista sobre a morte. 

A reunião de tantos amigos em função deste momento triste faz-nos pensar que a chave para um entendimento  sereno deste momento inexorável na vida de quem quer que seja é a generosidade; aquela que deve  ser treinada e aprendida quando não brota espontaneamente, porque é só quando nos damos aos outros que a vida se enche de sentido e abundância. A prova disto é a presença, sentida ou  percebida,  de seus colegas, mesmo os que não moram mais em Bauru, compartilhando   a imensa dor da família:  os mais próximos, presentes; alguns em oração; outros ainda só em pensamento, mas todos certamente com muito carinho. 

Na confusão da mente e do coração, algo se mostra claramente: a vida é tão preciosa quanto frágil, um tesouro a ser guardado, cuidado e compartilhado com as pessoas ao nosso redor. Cada dia é uma dádiva e traz consigo uma carga de esperança, mesmo nos sofrimentos mais agudos.

É o cenário artificial que o arquiteto constrói para guardar temporariamente a vida que nos faz entender a continuidade entre o nascer, o viver e o morrer, como formas de pensarmos o futuro, com consciência, e notar a relação ambivalente entre o papel do arquiteto,  que sempre ligou a arquitetura à sua concretude, à "mais vazia das imagens", àquela percepção angustiante da transitoriedade da existência que se inscreve na consciência de cada ser humano.

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