Governo de Maduro aplica vacina contra a Covid-19 com filtro político

No plano de vacinação do regíme Chavista, as prioridade são deputados, funcionários do governo, políticos e apoiadores. #Vacinasemdiscriminação

Dulce Rodriguez
19/04/2021 às 18:06.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:51

Direito à saúde é garantido na constituição da Venezuela. Isso é o que diz a Constituição: “Saúde é um direito de todos e dever do Estado”. Mas não é o que acontece nesta Venezuela dominada pela ditadura socialista de Nicolás Maduro, que discrimina a população opositora.

O governo Chavista está recorrendo ao cadastro dos venezuelanos que possuem o chamado “carnê da pátria”, usado para acompanhar a fidelidade eleitoral e conceder subsídios estatais, para selecionar as pessoas que receberão a vacina anticovid-19.

O seja, a imunização está sendo aplicada com critérios opacos e filtro político. Me contam que ônibus dos organismos estaduais buscam os apoiadores do governo em suas casas para levá-los aos centros de vacinação, só precisa apresentar o “Carnê da pátria”.

Devido à falta de transparência na ditadura Chavista torna-se impossível saber quantos doentes, infectados ou óbitos pelo Covid—19 tem a Venezuela. Também não se sabe o número de leitos ocupados, mas a situação é especialmente preocupante porque as condições dos hospitais, que já sofriam com a falta de recursos e profissionais da saúde antes da pandemia, são muito precárias.

Amigos e familiares me relatam a falta de equipamentos de proteção, insumos, remédios e equipes médicas nos hospitais públicos. Contam também que os médicos estão exaustos e a capacidade de atendimento colapsou. O sistema de saúde privada já não está recebendo pacientes porque as clínicas também operam no limite das suas capacidades.

Para conter a situação, o Governo decretou um cerco sanitário em Caracas e nos Estados Miranda, Vargas e Bolívar, além de preparar novamente espaços que permitam atender uma grande quantidade de pacientes, como o pavilhão El Poliedro, em Caracas, geralmente usado para shows e exposições.

A filha de uma paciente em estado delicado me contou que em Caracas já não estão alugando cilindros de oxigênio e um concentrador de oxigênio custa U$2.475 (R$ 13.835,25), valor que aumenta todos os dias.

Prioridade para os vermelhos

A vacinação começou em meados de fevereiro, depois que as primeiras 100 mil doses da vacina russa Sputnik V chegaram ao país. No plano do regime, os profissionais de saúde da linha de frente da Covid-19 seriam os primeiros a serem imunizados, mas isso ficou no papel. Organizações de saúde do país denunciam que a vacinação de políticos – que também tinham prioridade no plano do governo – começou antes de que milhares de profissionais de saúde fossem imunizados.

Seguidamente Maduro, deputados da assembleia chavista e todos os funcionários do Governo foram vacinados na primeira semana da campanha, quando as doses ainda estavam sendo distribuídas para o interior do país.

Também chegaram à Venezuela 500 mil doses da vacina chinesa da Sinopharm, doadas pelo governo chinês e que estão sendo aplicadas majoritariamente em profissionais da educação.

É difícil saber quantas pessoas foram imunizadas ou quantas doses foram aplicadas, mas segundo a quantidade de vacinas que chegaram ao meu país, menos de 800 mil doses para aproximadamente 28 milhões de habitantes, ainda o Governo tem muito trabalho pela frente para a imunização dos mais vulneráveis.

Pelo direito à vida e pelo acesso à informação, os meios de comunicação e jornalistas venezuelanos pediram o início de um plano de vacinação em massa e que o calendário de aplicação em todo o país seja devidamente informado e sem opacidade. #Vacinassemdiscriminação

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