Internet no Amazonas: como melhorar?

*Por Juliano Bazzo, mestre em engenharia de telecomunicações pela UFPR e doutorando na mesma área

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07/03/2022 às 14:16.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:43

(Foto: Exército Brasileiro)

Nas últimas semanas tivemos dois dias com instabilidade na Internet em Manaus que acabou afetando o estado todo. A capital é um ponto de roteamento de tráfego de outros municípios, além de concentrar o processamento e gestão dos sistemas públicos. A Operadora informou que o apagão foi devido a atos de vandalismo em sua infraestrutura, sem dar mais detalhes até o momento.

Infelizmente estes atos, ou mesmo acidentes, também acontecem em outras grandes cidades do país, porém sua solução é muito mais rápida e menos percebida para o consumidor, uma vez que há diversas rotas alternativas. Na Amazônia é mais complicado. O tráfego de Internet é escoado desde Manaus através de somente 3 rotas: Manaus-Porto Velho com postes pela BR-319; Manaus-Boa Vista e seguindo pelo Venezuela para se conectar à rede global; e Manaus-Tucuruí através do linhão da Eletrobras e paralelo ao rio Amazonas. Este último é o mais seguro pois as fibras vão no cabo OPGW, aquele mais ao topo da torre e que também serve de para-raios. O rompimento de qualquer uma dessas fibras traz uma grande sobrecarga aos outros circuitos. O conserto pode levar horas, em vista da dificuldade em acessar algumas regiões como no trecho inacabado da BR-319.

O lançamento de novas fibras ópticas deve atenuar o problema. Atualmente o Programa Amazônia Integrada Sustentável (PAIS) do Governo Federal visa o lançamento de fibras na calha dos rios Negro e Solimões para atender os serviços públicos de diversos municípios ribeirinhos. No entanto, esse projeto tem um risco técnico elevado, principalmente na calha do Rio Solimões pela sua formação e velocidade da correnteza. Uma alternativa é passar o cabo por via aérea, através de postes nas margens dos rios.

A finalização da BR-319 é importante, não só para a logística do Amazonas, mas também pois os cabos podem ser enterrados ao longo da rodovia, ou em outra estrutura da rodovia, e menos expostos ao vandalismo. A conclusão da obra também trará mais rapidez nos reparos.

A finalização do linhão Manaus-Boa Vista também pode ser uma alternativa para a passagem das fibras que em Roraima precisará alcançar a rede global através de acordos com países vizinhos.

 

A utilização de conexões via satélite de alta capacidade, para escoar parte da demanda das Operadoras, pode ser utilizada somente em momentos de sobrecarga, já que possui um custo elevado e menor velocidade.

A Internet no Amazonas pode melhorar e isso se dará através de investimentos públicos e privados, além de soluções tecnológicas alternativas para escoar o tráfego do maior estado brasileiro.

*Juliano Bazzo é mestre em engenharia de telecomunicações pela UFPR e doutorando na mesma área. Atua com P&D desde 2001 com software e tecnologias de comunicações banda larga. Publicou 13 patentes e mais de 25 artigos. Desde 2018 atua como gerente técnico da área de Protocolo no Sidia em Manaus.

 

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