EDITORIAL

La vem mais juros

Ao final desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vai anunciar a nova taxa de juros básicos do País. A expectativa é de uma nova elevação, o que deixaria a taxa básica de juros da economia brasileira em 14% ao ano, o índice mais alto desde outubro de 2016

EDITORIAL
21/09/2022 às 08:18.
Atualizado em 21/09/2022 às 08:18

Ao final desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vai anunciar a nova taxa de juros básicos do País. A expectativa é de uma nova elevação, o que deixaria a taxa básica de juros da economia brasileira em 14% ao ano, o índice mais alto desde outubro de 2016. A elevação dos juros é a providência padrão utilizada em todo o mundo para conter a escalada da inflação. A lógica é das mais simples: se os preços estão em alta, é preciso reduzir o consumo para forçá-los para baixo. Os juros altos encarecem as compras a prazo, reprimindo o consumo, o que segura os preços ou os força a cair. Funciona muito bem quando a alta dos preços é motivada principalmente pelo excesso de consumo. Não é esse exatamente o caso no Brasil atual. 

Com a renda pressionada, informalidade crescente no mercado de trabalho e incertezas quanto aos rumos da economia brasileira e mundial, a alta dos juros acaba acrescentando um fator negativo extra, transformando cartões de crédito em armas destruidoras de finanças pessoais, encarecendo sobremaneira as compras a prazo e tornando os financiamentos operações proibitivas. No entanto, é preciso reconhecer a eficácia do remédio, ainda que amargo, como ressaltava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o BC lançava mão dessa ferramenta na década de 1990. Ressalte-se que, no final daquela década, em março de 1999, a Selic atingia incríveis 45% ao ano. A provável nova elevação dos juros nesta quarta-feira terá apenas um efeito paliativo, é a única forma encontrada pelo Banco Central para ganhar tempo na esperança de que os fatores externos que pressionam a inflação em todo o mundo melhorem. 

Esses fatores são os mais diversos, como a própria inflação nos Estados Unidos e na União Europeia – que estão em alta, inclusive apontando risco de recessão – a guerra entre Russia e Ucrânia, que se arrasta há sete meses, e as repercussões econômicas do conflito, além dos efeitos ainda muito presentes da pandemia de covid-19 nas economias de todos os Países. É um cenário bastante complexo, que exige habilidade, paciência e jogo de cintura por parte dos governantes, e principalmente do povo, para driblar as dificuldades e manter o otimismo à espera de dias melhores.

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