Promessas

Precisamos reabrir o debate sobre a BR-319 com argumentos técnicos e profissionais, sem posições fechadas e passionais.

Orlando Câmara
11/09/2021 às 10:58.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:48

Em meio à confusão que caracterizou a semana, havia uma dezena de caminhoneiros perfilados no início da BR 174, sem bloqueá-la, pedindo o asfaltamento de uma outra rodovia federal, BR 319, que liga Porto Velho a Manaus. Fiquei pensando a respeito!

Quantas dezenas de vezes Lula prometeu que a asfaltaria? E ele tinha um Ministro dos Transportes ex-prefeito de Manaus. À época, culparam Marina Silva e o Ibama pela não pavimentação. Nos seis anos do governo Dilma, que teve um Ministro dos Transportes ex-prefeito de Manaus e um ex-governador líder do governo no Senado e depois Ministro de Minas e Energia, quantas inúmeras vezes prometeram pavimentar a estrada entre Porto Velho e Manaus?

Não lembro se Temer prometeu, em seu mandato de dois anos, o tal feito, mas Bolsonaro e seus aliados já o fizeram uma dúzia de vezes. E o orçamento de 2022 não dispõe de recursos orçamentários para tanto! Ou seja, passaram 4 mandatários do Executivo Federal, dezoito anos e nove meses decorridos, e nada aconteceu. E devemos lembrar que, se Marina Silva um dia foi “obstáculo”, o Ministério do Meio Ambiente  de Bolsonaro e os órgão ambientais não são impeditivo de nada, que dirá para asfaltar uma estrada!

A verdade é que talvez exista um problema grave que verdadeiramente impeça o feito! E que eu me recuso a acreditar que seja lobby dos transportadores donos de balsa ou incompetência da máquina federal! Algo que, num balanço entre vantagens e desvantagens, signifique mais prejuízos que ganhos ao país e à Região! Se o real empecilho, no singular ou provavelmente no plural, tivesse vindo à tona claramente, dezoito anos atrás, o debate teria sido cidadão e teríamos tido tempo de sobra para encontrar alternativas e até optar por outros modais. Nós não queremos a grosso modo a estrada, queremos uma ligação rápida e barata com o resto do país, que nos proporcione sair do isolamento de passageiros e de cargas.

É uma questão de gestão eficiente, eficaz e efetiva! Entretanto trataram e tratam a coisa pública como palanque eleitoral, de Lula a Bolsonaro. Prometem o que se pede, mesmo sabendo ser quase impossível - é mais fácil! “Mas Orlando, a 319 foi inaugurada em 1976 completamente pavimentada”. Sim, mas o Brasil e o conhecimento acumulado de  45 anos atrás não são os mesmos de 2021. E Geisel, o presidente à época, deixou claro em seu discurso que a abertura de dava em caráter experimental!

Precisamos reabrir o debate com argumentos técnicos e profissionais, sem posições fechadas e passionais. Do contrário pode acontecer o que aconteceu com a Hidrelétrica de Balbina, inaugurada em 1989, tratada como a salvação do abastecimento de energia elétrica para Manaus e para o Amazonas. Balbina nunca barateou o custo da energia para nós e nem nos tornou autossuficientes, como tão propagado à época. Atualmente, em condições muito boas, ela atende 15% da necessidade energética da capital amazonense,  percentual que na seca chega a 5%. Tratou-se sim de um crime ambiental sem precedentes e de uma obra que serviu para abastecer os bolsos de alguns poucos. Mas na época era a “única alternativa”! #Pensa

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