Opinião

Hora da onça beber água

Parecia não chegar nunca o dia da decisão, aquele que também pode ser chamado de dia “D” e hora “H”, ou seja, a fase e o ponto final das competições.

Robério Braga - Colunista especial de A CRÍTICA
01/10/2022 às 15:47.
Atualizado em 01/10/2022 às 15:47

(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Não foi rápido nem ameno o tempo decorrido desde o início das agitações político-partidárias visando as eleições deste domingo. Muito pelo contrário. Parecia não chegar nunca o dia da decisão, aquele que também pode ser chamado de dia “D” e hora “H”, ou seja, a fase e o ponto final das competições, o fechamento das cortinas de todos os palcos nos quais se exibiram – bem, muito bem, mal e até muito mal –, os candidatos a cargos eletivos quando em busca de convencer os eleitores. 

Tanto quanto possível, e em meio aos afazeres profissionais e da convivência social e familiar, consegui acompanhar algumas edições dos programas do horário eleitoral gratuito de campanha autorizado pela legislação. Também assisti a debates, estes que deveriam ter sido de ideias e propostas mas que se transformaram em verdadeiro tele ringue, afrontas e confrontos desnecessários, e, em casos bem localizados, oportunidade para que alguns vendessem a alma, publicamente, e servissem de escada ou de para-choque para concorrentes, visando contribuir com agressões e falsas ironias (nada inteligentes), contra outro candidato, ou seja, usar das armas que o mandante gostaria de usar.  

Não é nova a tática de assumir uma candidatura majoritária ou proporcional mesmo sabendo que se trata de aventura, que esta seria inteiramente inviável, mas somente pela disposição ou necessidade de colocá-la ao dispor de outros interesses. Essa constatação é lamentável, sob todos os pontos de vista, mas, mesmo abjetas, estas figuras existem, cumprem um script, recebem os favores prometidos e não se preocupam com o aspecto moral e ético da conduta assumidamente falsa que desempenharam no processo. Mas, mesmo com essas diabrices e outras tantas, a campanha foi finalizada e o eleitorado terá de escolher os seus preferidos, confiando que sejam os melhores dentre os melhores. 

O que se tem de verdade, diante de nós, é que chegou a hora da decisão, aquilo que no meu tempo de menino se dizia ser “a hora da onça beber água”, precisamente quando todos iremos comparecer à secção eleitoral para firmar nossos votos, de forma eletrônica, secreta e sigilosa, visando o bem do nosso Estado e do País.

A expressão popular que me veio à mente ao escrever, e que serve de título ao artigo, é aquela que me pareceu mais apropriada para esse momento de encruzilhada de desejos, aspirações e expectativas, mas, também, de forte acirramento de ânimos que permeou toda a jornada desde o primeiro dia da campanha eleitoral e que, segundo se espera, não deve ultrapassar os limites do campo da disputa partidária e ideológica, e, portanto, ser concluída sem vinganças ou novos atropelos.  

Neste domingo – que deve ser de festa e de expressão da igualdade e segurança do eleitor - o mais importante é que todos os que estamos aptos a votar compareçamos às urnas conscientes do valor e da importância do voto, e mais, sabedores de que este é o dia da culminância do processo eleitoral e é a razão e a tradução da democracia, o fortalecimento da nossa liberdade, a oportunidade de alta definição das prioridades para o desenvolvimento e progresso, a confirmação do Estado Democrático de Direito, e, precipuamente, que o voto é direito, dever e o único instrumento seguro, universal e capaz de promover a definição do bom governo e a consagração do governante honesto. 

O que se espera, portanto, é a confirmação da civilidade do povo brasileiro, a festa da democracia, a vitória dos melhores dentre os melhores que se apresentaram para disputar os pleitos correntes, para o “bem de todos e felicidade geral da Nação”. 
       

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