Era o ano de 2013. O bumbódromo havia acabado de ser modernizado e ampliado em tempo recorde para atender ao Festival Folclórico de Parintins conforme a nova dimensão desse importante evento que projeta muito bem o Amazonas. Entretanto, dessa vez não se tratava, apenas, de obras e serviços de conservação em um equipamento público importante, mas, também e principalmente, de audacioso projeto de ação cultural e artística, e dos mais amplos, para atender uma população que respira artes e que sabe expressar as tradições do nosso povo. Tratava-se de implantar uma unidade de ensino do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, que acabou sendo inaugurada em 16 de agosto daquele ano. O Liceu, criado inicialmente em Manaus em 1997 por sugestão de meu irmão José Braga, precisamente quando estávamos instalando a Secretaria de Estado de Cultura, expandiu-se com sua primeira unidade para o interior do Amazonas, como faria depois com vários cursos itinerantes e com processos que visavam criar as mesmas escolas em Itacoatiara, Borba e Envira. O êxito da iniciativa ficou demonstrado logo nos primeiros dias, seja com a preparação de professores e monitores, com a instalação de equipamentos e a seleção de alunos. O então governador Omar Aziz, responsável maior por essa iniciativa e bastante entusiasmado, acreditando na proposta da Secretaria, decidiu investir de forma maciça e definitiva na estruturação do Liceu com salas de aulas para música, teatro, dança, audiovisual, fotografia, auditório, teatro, cinema 3 D (que era a grande novidade), biblioteca, galeria para exposições de arte e os memoriais dos bois Caprichoso e Garantido, além de modernos equipamentos e instrumentos musicais e sonoros. A arena de shows, modernizada tecnicamente, passaria a servir de palco para outros shows, inclusive o Festival Amazonas de Música com as presenças de Milton Nascimento, Sandra de Sá e grandes nomes amazonenses. Passados nove anos, revendo o trabalho de quantos de dedicaram a esse projeto sob o ponto de vista pedagógico (e não foram poucos, como Cristiana Brandão, Andressa Oliveira - que ficou na diretoria e ainda está fazendo belo trabalho -, Jair Jackmont, Carla Colares, David Nunes, Baldoíno Leite, Thiago Oliveira, Cleia Viana, Beth Cantanhede, Mimosa Paiva, Waldenice Elvas, Anselmo Pereira, Bruno Souza, Labibe Araújo, Diana Moreira, Sharles Costa, Sidney Falcão, e muitos e muitos outros) e por estar afastado do setor há cinco anos, andei assuntando sobre o número de alunos que já passaram pelo Liceu e me dei conta de que a continuidade dessa obra é um marco exemplar. Além de atender a sede e municípios vizinhos, o Liceu chega às comunidades e a Vila Amazônia, anima os espíritos, abre portas e oportunidades e realiza sonhos como desejávamos que fosse. Nesses nove anos foram 24.213 alunos em 31 cursos, e recebeu mais de 355 mil pessoas em visitação e atividades pedagógicas, artísticas e culturais, além do belíssimo festival do boi-bumbá. Nos seus quadros funcionais foram 949 apaixonados, e pode ostentar a honra e a glória de ter vários de seus ex-alunos na Universidade e outros que se tornaram professores, formando novas gerações. Completa aniversário com 2.050 alunos e 101 funcionários, preparando a própria Orquestra de Câmara com aulas de violino sendo praticadas com regularidade lideradas por professor amazonense com mestrado na Europa, ou seja, experimentando um presente de valor e olhando para o amanhã com esperança e confiança. É hora, pois, de festejar a educação artística que segue com vigor na unidade do Liceu de Artes Claudio Santoro em Parintins.